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    Lúcia Helena Issa

    Jornalista, escritora e ativista pela paz. Foi colaboradora da Folha de S.Paulo em Roma. Autora do livro "Quando amanhece na Sicília". Pós- graduada em Linguagem, Simbologia e Semiótica pela Universidade de Roma e embaixadora da Paz por uma organização internacional. Atualmente, vive entre o Rio de Janeiro e o Oriente Médio.

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    Emoção: palestinos e latino-americanos unidos em defesa de Jerusalém

    Delegação latino-americana na Conferência Internacional de Parlamentares por Jerusalém, em 30 de novembro de 2021 (Foto: Monitor do Oriente Médio)

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    Eles  nasceram  em diferentes porções de terra do planeta , cresceram em religiões e culturas diferentes,  falam idiomas muito diferentes, mas se encontraram no Oriente Médio, na capital da Turquia, no início de dezembro, por um  amor  em comum: o amor por Jerusalém, na Palestina, a cidade sagrada para as três maiores religiões do mundo, mas que tem sofrido bombardeios, ataques de extremistas religiosos, destruição de lugares sagrados para dois bilhões de pessoas  e um processo de  ” israelização”  condenado pelo mundo todo.

    O encontro,  que emocionou o mundo, recebeu parlamentares da África, de toda a América Latina, da Europa e de países asiáticos e foi organizado  pela League of Parliamentarians for Al-Quds, a Liga  de Parlamentares  por Jerusalém.

    A cidade,  cujo nome em árabe, Al Quds,  significa “A Sagrada ” , já foi sitiada 23 vezes, atacada 52 vezes  e capturada mais de 40 vezes ao longo de sua história milenar – a cidade  que é absolutamente árabe há mais de 1500 anos, cujos  habitantes muçulmanos, cristãos e judeus  falaram árabe como  língua oficial por mais de 1000 anos,  a cidade  cujo símbolo  mais reconhecido  pelo mundo é o rosto da mesquita de Al Aqsa e sua cúpula dourada tornou- patrimônio da humanidade em 1981 e que desde 1982 é considerada um ” patrimônio  em risco permanente de destruição ”

    A ONU  tem alertado o mundo para esse risco e também para o risco de destruição da possibilidade de reconstrução da paz na cidade em que, durante mais de dez séculos cristãos, judeus e muçulmanos conviveram em paz, fraternidade  ou com  tolerância mútua , antes da criação do estado de Israel em 1948.

    Durante a  abertura do evento, Hamid Al Amar, um parlamentar iemenita que preside a Liga nesse momento,, lembrou que Jerusalém será”  sempre uma linha vermelha para todos ,  não  permitiremos  que sua história ou seu presente sejam destruídos. Essa conferência deve institucionalizar nossos esforços pela Palestina e para servir à Causa Palestina e à luta do povo palestino”

    O Brasil e  toda a América Latina estiveram representados por dezenas de mulheres e homens que têm dado voz à dor dos palestinos e à luta pela Palestina há vários anos.

    Estiveram presentes à Conferência em defesa de Jerusalém o presidente da associação dos “Parlamentares por Al-Quds” da América Latina” , Ahmad Mourad;  a  deputada no Parlamento do Mercosul, Julia Periê; a Ministra da Justiça da Bolívia, Virginia Valasco;  a senadora uruguaia Sandra Lazo;  o congressista chileno Sergio Gahona;  deputada mexicana Julieta Ramirez , a deputada guatemalteca Andrea Villagren; e a deputada brasileira, Perpétua Almeida.

    A imagem daquelas  mulheres e homens  vindos de todo o planeta, pessoas  de origem indígena, de origem asiática ou  arabe, de lugares  que iam do Brasil a Kuala  Lampur, todos de mãos dadas por Jerusalém tocou profundamente minha alma !

    Jerusalém clama por  todas as nossas vozes.

    A cdade onde o general  muçulmano  Saladino protegeu todos  os cristãos e sobretudo as mulheres cristãs  durante as Cruzadas, a cidade  dourada  que meus olhos viram por três vezes e jamais puderam  esquecer, a cidade onde milhares de cristãos, judeus e muçulmanos compartilharam alegrias, sonhos e esperanças por séculos até a chegada do sionismo e de  homens que sequestram as religiões para assentar  ódio e  morte, hoje precisa de nós.

    Israel se intitula hoje um ” estado judeu”  criando um sistema de apartheid para milhões de   cristãos e muçulmanos que vivem ali, um sistema de supremacia judaica,  onde há rodovias apenas para judeus,  e onde europeus judeus podem destruir impunemente  as  casas de palestinos cristãos e muçulmanos, cujas famílias vivem em Jerusalém há séculos.

    A situação se torna a cada dia mais violenta. A Inglaterra transmitiu para a Jordânia a administração de Jerusalém, um acordo  que permaneceu intacto até 1967, quando, durante a Guerra dos Seis Dias, Israel tomou  ilegalmente o controle de Jerusalém, num ato de guerra jamais reconhecido pelas leis internacionais.

    Os conflitos aumentam a cada dia e o processo de apartheid e  limpeza étnica dos palestinos de toda a região se torna cada vez mais violento e incontrolável.

    Fora das muralhas da parte conhecida como  “cidade velha” em Jerusalém,  o bairro de   Sheikh Jarrah passou a ser um  alvo de  sionistas  supremacistas  judeus estrangeiros, que muitas vezes chegam dos Estados Unidos ou da Europa  sem nenhuma ligação histórica com Jerusalém e passam a agredir, ameaçar  famílias palestinas que vivem ali  há décadas e  a transformar suas  suas em um inferno de Dante.

    Muitas famílias palestinas estão sendo expulsas de suas casas com a ajuda de leis israelenses draconianas, que não seriam aceitas em nenhum lugar do mundo!

    As cenas de agressão à justiça, invasão violenta  por parte de extremistas  judeus, que eu testemunhei ali em 2017 ficarão tatuadas em minha alma..

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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