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    João Paulo Lima

    Economista, foi prefeito do Recife por dois mandatos e superintendente da Sudene no segundo mandato de Dilma. É deputado estadual pelo PC do B de Pernambuco

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    Energia atômica não é e alternativa nem para o Brasil e nem para Pernambuco

    A anunciada instalação de uma usina atômica em Pernambuco, no município de Itacuruba, no Sertão do São Francisco, acende o debate e o sinal vermelho para um tipo de produção energética que está sendo abandonada por vários países do mundo

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    A anunciada instalação de uma usina atômica em Pernambuco, no município de Itacuruba, no Sertão do São Francisco, acende o debate e o sinal vermelho para um tipo de produção energética que está sendo abandonada por vários países do mundo.  

    É um projeto dispendioso e que exporia uma grande população ao perigo de acidentes radioativos, como os registrados na Pensilvânia, nos Estados Unidos; Chernobyl, na Ucrânia, e Fukushima, no Japão. Este, seguindo a Alemanha e a Suíça, se tornou o terceiro país a decidir pelo fechamento progressivo de todas as suas usinas de produção de energia nuclear desde a catástrofe de Fukushima. A França fechará 14 dos 58 reatores nucleares em operação no país até 2035. Segundo o portal alemão Deutsche Welle, a parcela da energia produzida na França proveniente de usinas nucleares será reduzida de 70% para 50% até meados da próxima década. A Itália, por sua vez, decidiu, depois de Fukushima, não reabrir sua opção nuclear para produção de energia.  

    Estudos técnicos elaborados mostram que a construção da usina nuclear na região de Itacuruba pode acarretar uma série de consequências ambientais e sociais. Como é necessária uma grande quantidade de água para o resfriamento dos reatores, a temperatura pode aumentar em até 5°C no rio, causando a diminuição de peixes em face da escassez de seu alimento. Está prevista ainda a perda da mata ciliar e da vegetação local, pois a construção da usina prevê o desmatamento de toda a área do canteiro de obras.   

    Além disso, há outro subproduto problemático dessa operação: o lixo atômico, que, mal protegido, pode tornar as terras inférteis. Já se calculou que custa mais caro desmontar uma usina abandonada e dar destino seguro ao material radioativo do que construir uma nova. As centrais já desativadas até hoje não foram desmontadas.  

    Do ponto de vista social, num primeiro momento, haveria, segundo o estudo, um aumento desenfreado da população com a chegada dos trabalhadores e consequente elevação dos preços dos produtos, uma vez que a contratação de mão de obra não gerará emprego para a localidade – e se houver, apenas para a fase de construção da usina.   

    Eventuais alterações do clima causariam ainda impactos sobre as espécies locais, afetando a economia e a vida dos pescadores da região e dos consumidores.  

    O Brasil guarda a triste memória de um acidente com estes materiais. Em 1987, em Goiânia, a liberação de Césio 137 de um material radioativo abandonado causou a morte de mais de 400 pessoas e outras tantas ficaram doentes.  

    Por tais razões, e outras, me posiciono contra a construção de uma usina nuclear em Pernambuco.  

    No contexto atual brasileiro, a posição concreta em relação aquilo que faz a vida progredir ou regredir é um divisor de águas. O Nordeste deve dar exemplo mundial de proteção ao meio ambiente com desenvolvimento social, o oposto da imagem que o governo Bolsonaro vem projetando do nosso país e no exterior.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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