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    Escutemos o ministro Miguel Rossetto

    O ministro deixa claro à sociedade que há outro lado, que pensa diferente e que também dispõe de força social a se mobilizar

    O ministro deixa claro à sociedade que há outro lado, que pensa diferente e que também dispõe de força social a se mobilizar (Foto: Cássio Nogueira)

    Neste dia 15 de março, centenas de milhares de pessoas foram às ruas contra o governo da presidenta Dilma e arrastando outras bandeiras extremadas como a da intervenção militar.

    Para um pronunciamento oficial ao país, a presidenta Dilma escalou os ministros Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral, e José Eduardo Cardozo, da Justiça.

    A linha de intervenção do ministro Rossetto visivelmente incomodou a direita social e a oposição, pois, imediatamente, mini-panelaços puderam ser ouvidos em alguns blocos de Brasília e no Rio de Janeiro.

    O que causou tal incômodo foi a assertiva “majoritariamente, participaram dos protestos cidadãos que não votaram na presidenta Dilma Rousseff”.

    Esta linha cria as bases para uma correta narrativa do momento político e para a contra-ofensiva dos setores democráticos e populares, por meio de uma verdade inconteste, que é a de que o país preserva a memória eleitoral  de uma eleição programática e polarizada. Então, enquanto respeita-se a livre manifestação, condena-se e pede-se o combate aos setores radicais que bradam pelo golpe (Impeachment ou Intervenção Militar), o ministro deixa claro à sociedade que há outro lado, que pensa diferente e que também dispõe de força social a se mobilizar.

    Reafirmando a legitimidade de um governo eleito com quase 55 milhões de votos há poucos meses, Rossetto põe uma pedra sobre interpretações que contenham o equívoco de considerar uma manifestação espontânea da sociedade os atos deste domingo, como tentou inculcar na população a cobertura da Globo ou a aparência incentivada pelo PSDB de que não haveria interferência política na organização dos protestos.

    Se o ministro não deixasse isso claro, um caminho seria a produção de respostas desconsiderando os anseios deste outro lado, o dos que votaram na presidenta Dilma. A alternativa do chefe da Secretaria-Geral permite ao governo propor medidas compatíveis com a base que reelegeu a presidenta, encorajando que se ponha em movimento e se inspire a lutar pelo governo eleito.

    Este esforço do ministro dialoga também com outro trecho de sua intervenção na entrevista coletiva, que esteve presente no pronunciamento da presidenta em cadeia nacional no dia 08 de março: o ajuste fiscal é uma medida para uma travessia rápida da crise, recuperando a capacidade do Estado de preservar empregos, salários, serviços e políticas públicas que mudaram o Brasil. Sob esta linha, Dilma e Rossetto explicam à sociedade e à base do projeto democrático e popular que o ministro Mantega não errou com a política econômica do primeiro mandato, apenas aquelas políticas econômicas que foram imprescindíveis para preservar as conquistas sociais não são mais sustentáveis neste momento. 

    Durante café da manhã com blogueiros no dia 29 de fevereiro, Miguel Rossetto, afirmou que o governo vai construir diálogo permanente com a sociedade civil, incentivando a participação social no planejamento e a implementação das políticas públicas do governo federal. Em resumo, como saída para a gestão é a participação social.

    As três linhas do ministro são fundamentais para criar as condições para a reação do governo, do PT e das forças de esquerda: a) não há descontentamento em geral, mas dos setores derrotados, b) o ajuste não atucanará o governo, é uma ponte para a implementação do resultado das urnas num outro patamar de qualidade; e c) a saída para a situação política é o diálogo e participação social na gestão pública.

    Uma narrativa que deve ser apropriada e estar na boca e no comportamento dos corações valentes. Uma estratégia para garantir o que disse a presidenta no dia 08 de março: “não trairemos nossos compromissos com os trabalhadores e com a classe média”.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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