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    Wellington Mesquita

    Jornalista com pós-graduação em Filosofia Social em Roma. Trabalhou em rádios e veículos no Brasil e no exterior. Foi coordenador de jornalismo na Agência Radioweb e publicou o livro “A Sucessão no Vaticano”

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    Eurocopa 2024 começa em meio a conflitos na Ucrânia e Oriente Médio

    Política e esporte nunca se separaram. Com a Euro 2024, não será diferente

    (Foto: Dado Ruvic)

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    Pouco mais de três horas de voo separam as cidades de Munique de Kharkiv. A primeira, na Alemanha, será palco da abertura da Eurocopa 2024, nesta sexta-feira; a segunda, na Ucrânia, é o cenário da mais recente ofensiva russa. Por mais que as atenções estejam voltadas para a Alemanha, sede do grande evento futebolístico, a Ucrânia continua sendo o foco de maior preocupação no Velho Continente. Enquanto a bola rolar na Alemanha, as negociações em torno da nova política do bloco podem definir o futuro do conflito no leste. 

    O inflacionado futebol de clubes da Europa abre espaço para as seleções nacionais num momento de turbulência política, guerras e a ascensão da extrema-direita nas últimas eleições europeias. A seleção ucraniana participa do campeonato e estreia na segunda-feira contra a Romênia; Zelensky, no entanto, chegou antes e discursou no Bundestag, parlamento alemão. Como de costume, voltou a passar o chapéu, pedindo mais recursos e armamentos. A Alemanha prontamente atendeu. Dentro do bloco europeu, Berlim lidera a ajuda financeira a Kiev. Sem o apoio da União Europeia (e dos EUA), a guerra na Ucrânia já estaria nos livros de História. 

    A Ucrânia espera levantar mais dinheiro, armas e apoio político durante a conferência internacional de paz marcada para o próximo sábado, em Lucerna, na Suíça. O evento, no entanto, começa esvaziado, sem a presença do presidente dos EUA, Joe Biden, que mandará a vice Kamala Harris. China e Brasil não enviarão representantes de primeiro escalão. Para o governo brasileiro, a conferência para debater a paz na Ucrânia só faz sentido se a Rússia for convidada. O que não aconteceu. 

    Não só excluída das negociações de paz, a Rússia também foi banida da Eurocopa pela Uefa por causa do conflito. O país havia participado ininterruptamente de todas as edições da Euro desde 2004 - chegando ao terceiro lugar em 2008. No entanto, a vitória que Putin espera certamente é outra, no campo de batalha, o que mudará definitivamente a correlação de forças na geopolítica global. O presidente russo, entretanto, tem alertado sobre o perigo da Europa liberar o uso de seus armamentos para ataques em solo russo. A possibilidade de uma escalada do conflito é real e deixa o continente europeu sob tensão. A Ucrânia pode se tornar um novo Vietnã.

    Sem a Rússia na competição, o ex-bloco socialista, que nos anos 60 e 70 era competitivo, terá 11 países na Euro 2024 (incluindo a Ucrânia), fato inédito. A novidade é a pequena Geórgia de Kvaratskhelia, que carimbou a vaga após eliminar de forma heróica a Grécia nos play-offs. Outro destaque é a Albânia, comandada pelo técnico brasileiro Sylvinho, ex-Corinthians. A surpresa, no entanto, pode ser a seleção húngara. O país governado pelo ultra reacionário Viktor Orbán conta com o craque do Liverpool, Dominik Szoboszlai. Inglaterra, de Bellingham, e a França de Mbappé, são as grandes favoritas para vencer o torneio. Correndo por fora aparecem três equipes: Portugal, do veterano Cristiano Ronaldo; a Espanha, do jovem Lamine Yamal; e a anfitriã Alemanha, de Toni Kroos, que vai se aposentar depois do torneio. 

    Política e esporte nunca se separaram. Com a Euro 2024, não será diferente. O massacre contra os palestinos em Gaza também deve reverberar na competição Manifestações pró-Palestina são realizadas quase semanalmente nas capitais europeias e milhares de estudantes estão acampados em diversas universidades. Protestos são esperados durante o torneio, o que fez a organização reforçar a segurança, inclusive contra a ameaça de ataques terroristas. E a Alemanha não traz boas lembranças. Durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, 11 atletas israelenses foram tomados como reféns e assassinados pelo grupo palestino Setembro Negro, sendo, até hoje, o maior atentado terrorista já ocorrido em num evento esportivo. 

    Diante do clima de tensão, a organização do evento preparou o maior esquema de segurança da história da competição. Não apenas para conter os violentos hooligans, mas pelo temor a possíveis ameaças geradas pelos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio. Serão 51 partidas disputadas em 10 cidades alemãs de 14 de junho e 14 de julho. Estima-se que 2,7 milhões de torcedores de futebol sejam esperados nos estádios, enquanto os eventos públicos deverão atrair cerca de 12 milhões de pessoas. 

    A Europa marcaria um golaço se conseguisse encaminhar os dois grandes conflitos para um processo de paz, o que está distante de acontecer. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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