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André Barroso

Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto

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Exportação da demência

Bolsonaro só não é um párea completo neste cenário, porque a extrema direita se atrai. Foi o caso do encontro com o presidente da Polônia, Andrzej Duda. Isso sim, me preocupa mais. A intensificação de grupos neonazistas internacionais, as conversas com grupos de extrema direita ligada a Trump nos EUA e fascistas ao redor do mundo

Presidente Jair Bolsonaro recoloca a máscara depois de falar na abertura da Assembleia-Geral da ONU 21/09/2021. REUTERS/Eduardo Munoz/Pool (Foto: REUTERS/Eduardo Munoz/Pool)

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Sabemos que o presidente iria exportar a demência antes o evento da ONU, durante o evento e provavelmente continuará fazendo após o evento. Já chegando aos EUA, colecionou problemas atrás de problemas, como insistir em não usar máscara, minimizar a pandemia mundial, desafiou as regras da cidade e se achando um grande líder mundial. Porém, na contramão do resto do mundo, seu discurso na Assembleia Geral da ONU, diante das mentiras, afirmações econômicas fake, deixa o país diante da maior vergonha de sua história. 

Temos um presidente com uma atuação diante do mundo parecida com Muamar Kadafi, que são figurantes dentro da seriedade dada aos temas relevantes. Bolsonaro só não é um párea completo neste cenário, porque a extrema direita se atrai. Foi o caso do encontro com o presidente da Polônia, Andrzej Duda. Isso sim, me preocupa mais. A intensificação de grupos neonazistas internacionais, as conversas com grupos de extrema direita ligada a Trump nos EUA e fascistas ao redor do mundo. 

O que antes éramos vistos, como o país de ambições a participar dos destinos na humanidade, caiu por terra nos anos Bolsonaro. Mesmo na era Collor, que tinha posturas liberais, seu discurso foi sobre os Direitos humanos que não eram prioridade no regime militar e, no processo de redemocratização, teriam valores melhores. Com FHC, o Brasil começava a demonstrar capacidade de ser protagonista no mundo na busca de uma globalização "com justiça". Com Lula chegamos ao ápice como exemplo de desenvolvimento social, com a adoção de programas como o Bolsa Família, retirada do país do mapa da fome e pagamento da dívida externa. 

Não consigo parar de pensar que conquistamos o protagonismo na era Lula, com papéis importantes como um Rei Lear, de William Shakespeare e hoje somos o bobo da corte do rei da Grã-Bretanha. Ou talvez nem isso, pois existe certo holofote no bobo. Talvez estejamos como figurantes que aparecem apenas no final da peça como de feirante, mendigo ou prostituta. Isso, com todo desprezo pelo povo que a nobreza inglesa possuía. Mesmo se o papel fosse dentro de alguma revolução libertária, não conseguiríamos um papel melhor do que a infantaria ou até mesmo de turba.

Demoramos quase 30 anos para a posição de coadjuvante até nos tornarmos verdadeiros protagonistas. Quem não se lembra do ápice da festa na ONU com o show do ministro da cultura Gilberto Gil tendo Kofi Annan, secretário-geral das Nações Unidas na época no bongo, fechando um período de grande alegria no mundo. O retrato atual é de desânimo. Somos páreas para o mundo. Não existe mais o mundo para Bolsonaro e sim seu cercadinho. Apenas que esse cercadinho, ganha adeptos perigosos pelo mundo. Correntes da extrema direita internacional se aproximam do clã do presidente.

O presidente se sentiu a salvo em outro país. Que seu discurso usando dados falsos, do qual defende o uso indiscriminado por qualquer um, inverdades e práticas demodeé, refletem esse nosso atraso político, saudosista da Casa Grande & Senzala. Temos um retardo histórico, pós-revolução industrial, onde não fizemos nossa revolução burguesa. Um país que tem com o lema de ser laico, mas a todo o momento se fala em nome de Deus para justificar os atos contrários ao povo. 

Enquanto isso, o povo Brasileiro, essa figura paciente, figurante da própria história, apenas espera sua sorte mudar.

E espera sentado... 

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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