Faria Lima - BC puxa violentamente juro e mostra que é governo de fato
A expectativa da alta de juro rege os repasses dos empresários dos custos aos preços das mercadorias, desde sempre
Pelo menos até agora, desde a posse do presidente Lula em 2023, quem está dando as coordenadas da política econômica é o mercado financeiro, é a sua expressão simbólica, a Faria Lima, como acaba de ficar provado com mais uma puxada de 1 ponto percentual na taxa Selic que inviabiliza crescimento econômico sustentável.
Até parece que os especuladores aproveitaram o momento em que o presidente passa pelo desconforto e perigo de um sangramento no cérebro, devido ao tombo que levou em 19 de julho último, motivador de cogitações extemporâneas, para dar uma última tacada de juro, em nome do combate à inflação.
A propósito, é a inflação, que escapole da meta de 3,5%, a responsável pelo juro alto ou, ao contrário, é o juro alto que produz a inflação?
O fato é que a expectativa da alta de juro rege os repasses dos empresários dos custos aos preços das mercadorias, desde sempre.
A racionalidade que preside a economia é a irracionalidade de que o juro futuro é trazido a valor presente para comandar as decisões do Copom.
O BC Independente neoliberal já canta dois novos aumentos das taxas nas próximas reuniões, porque estariam precificados, fazendo coro com a Faria Lima.
A restrição monetária presidida pelo juro alto é a receita à qual os bancos centrais da periferia capitalista estão atados, mecanicamente, segundo a tese ideológica de que a inflação é fenômeno monetário cujo combate se faz puxando o juro para equilibrar relação dívida-PIB.
Esse equilíbrio jamais é alcançado porque o mercado-Faria Lima cuida previamente de antecipar que os gastos sociais do governo são os provocadores da inflação e não os gastos financeiros que suplantam aqueles em escala exponencial, graças ao bordão neoliberal repetido insistentemente pela mídia corporativa porta-voz da Faria Lima.
PRESIDENTE DOENTE MOTIVA JURO ALTO
A doença do presidente, portanto, entrou no rol dos argumentos que impulsionam o comportamento futuro instável cuja estabilidade somente é alcançada mediante juro alto.
O juro alto é, para a Faria Lima, a medida de todas as coisas.
A instabilidade induzida pelo mercado tem preço à vista: privatização total da economia a custo irrisório para investidor internacional e seus aliados internos, a elite antinacionalista, favorecidos pela alta do dólar como sinal indutor do status quo privatista, puxado pelo juro alto.
O BC Independente é a arma da governabilidade especulativa que impulsiona desarticulação produtiva capaz de inviabilizar compromisso desenvolvimentista do presidente Lula prometido em campanha eleitoral para vencer o fascismo ultraneoliberal.
JÁ A CHINA...
Enquanto isso, o governo chinês, locomotiva econômica e financeira internacional, vai na contramão do neoliberalismo tupiniquim.
O presidente Xi Jinping anunciou essa semana duas providências desenvolvimentistas que sinalizam como a China vencerá o neoliberalismo financista ultra-especulativo que domina a economia brasileira.
Primeiro, Jinping anunciou que reduzirá a zero tarifas de importação de produtos fabricados pelos países menos desenvolvidos.
Eles poderão aproveitar as vantagens comparativas oferecidas pelo amplo mercado interno chinês.
E como complemento dessa ampla abertura comercial, Jinping adiantou que a China promoverá afrouxamento monetário para reduzir juros, elevar competitividade de preços e salários, diminuir dívida pública e perdoar dívida contratada a prazo para investidores que aplicarem na China.
O resultado prático dessa alavancagem econômico-financeira chinesa anti neoliberal é o que os empresários de todo mundo mais desejam: aumento da eficiência marginal do capital, ou seja, dos lucros.
Eis, portanto, a estratégia chinesa para combater o protecionismo americano prometido pelo futuro presidente Donald Trump.
ANTIPROTECIONISMO MONETÁRIO E FISCAL
É previsível que diante da redução geral de preços decorrente do afrouxamento monetário, que diminui inflação, como demonstrou a experiência americana para combater o crash de 2008, os investidores americanos, mais uma vez, corram para a China, a fim de produzirem barato, a fim de colocar seus produtos no próprio mercado americano, mesmo sob ameaças do protecionismo trompista.
Xi Jinping enterra, com essa estratégia chinesa, o modelo monetário de Bretton Woods, substituindo-o pelo método das finanças funcionais - nova política monetária - imune à inflação, desde que governos emitam moedas nacionais para promover desenvolvimento, salvo se se endividarem em moeda estrangeira.
Serão ampliadas globalmente as trocas comerciais por meio de moedas nacionais.
Pode estar à vista, com a nova tacada monetária chinesa, processo de aceleração da desdolarização, tão temida por Trump como arma de guerra para enfraquecer a moeda americana, na sua tarefa histórica de valorizar ativos americanos no mundo em prejuízo das moedas concorrentes, graças à hegemonia do dólar.
A providência chinesa será, portanto, motivo impulsionador para o Brasil e demais países latino-americanos se filiarem à rota da seda a fim de fugir da tirania monetária americana, que se traduz em juros altos impostos pelo Banco Central Independente, totalmente, dependente do monetarismo ultraneoliberal de Washington, que não deixa o Brasil crescer sustentavelmente.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: