TV 247 logo
    Fernando Rosa avatar

    Fernando Rosa

    Fernando Rosa, jornalista, editor do blog Senhor X, especializado em geopolítica.

    71 artigos

    HOME > blog

    Flagrante no rentismo

    Não é mais suficiente “combater a desigualdade” para libertar a economia, a produção e os trabalhadores. É preciso enfrentar e derrotar a ditadura do sistema financeiro mundial

    A impossibilidade da superação da crise pelo mercado livre (Foto: AYRTON VIGNOLA)

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    Há poucos dias, duas imagens saltaram da tela do Jornal Nacional, sem que eles, talvez, tenham se dado conta da sua “letalidade” ideológica. 

    No primeiro bloco, o presidente da China, Xi Jinping, andando pelas ruas de Wuhan, como um general no campo de batalha mostrando ao mundo que estavam vencendo a guerra.

    No bloco seguinte, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconhecendo a epidemia em território norte-americano, após tentar ignorar a gravidade da situação.

    Nada mais simbólico. 

    Do lado chinês, Xi Jinping afirmava a imagem de responsabilidade governamental e de disciplina do povo que, como maior exemplo, construiu hospitais em uma semana.

    De outro, a meia-volta de Donald Trump flagrava um presidente fanfarrão e irresponsável que debochou, fez uso político e menosprezou a epidemia, expondo a vida da população.

    Aliás, a mesma postura adotada por seu clone bananeiro, Jair Bolsonaro que, em mais um exemplo de alinhamento servil e vergonhoso, também classificou a epidemia de “fantasia” e invenção da mídia.

    A atitude de Trump, pelo que já especula a mídia norte-americana, pode custar até sua derrota eleitoral. A situação é agravada pela realidade do país, onde um teste do coronavírus custa entre U$S 200 e US$ 2 mil. 

    O “sketch” midiático de Bolsonaro também expôs, apesar de todas as barbaridades anteriores, a sua autoridade de presidente. Ao primeiro minimizar a epidemia e, dois dias após, se submeter a exames, com resultado duvidoso, incorreu em um erro fatal. 

    Igual Trump, Bolsonaro “deu uma banana” para a epidemia e para a saúde dos cidadãos.

    A atual pandemia cobrará caro a inexistência, como nos Estados Unidos, ou a redução e/ou congelamento de investimentos em saúde pública nos países, para garantir a drenagem de recursos para a especulação financeira, em especial. 

    No Brasil, o primeiro ato pós-Golpe de 2016 foi “rachar” o Orçamento Geral da União, com a PEC 95 – do “teto de gastos”. Uma parte, cerca da metade, destinada a investimentos públicos, submetida ao congelamento por 20 anos. A outra parte, que alimenta os bancos com pagamento de juros, dívidas, etc, totalmente liberada para o “saque”. 

    Na área da saúde, a Emenda 95, em 2020, prevê retirar R$ 10 bilhões dos recursos, por conta do congelamento do mínimo obrigatório estabelecido para o setor. Se já era absurda, com a epidemia do coronavírus, a medida deve ser sumariamente revogada. O PT já entrou junto ao STF, neste final de semana, com pedido para reaver os recursos. 

    Inevitavelmente, a crise está levando as sociedades e as pessoas a perceberem os fatos, e, diante deles, reagirem de maneiras distintas.

    Neste final de semana, a China enviou 30 toneladas de equipamentos de material, além de especialistas, para ajudar a Itália a enfrentar a crise no país. Por sua vez, Cuba também está enviando médicos para a Lombardia, talvez muitos dos que foram “expulsos” do Brasil pelo atual governo.

    A crise na China, o país mais atingido, no Japão e na Coréia do Sul está sendo vencida. Na Europa, os governos travam uma guerra renhida para derrotar o vírus. No Brasil, a previsão é da crise durar em torno de quatro meses, agudizando de abril para maio.

    A epidemia do coronavírus, junto à crise do petróleo, é expressão pública, planetária, da falência das políticas neoliberais. 

    E, com elas, o fim de uma era do capitalismo mundial.

    O socorro imediato às economias, às empresas, às pessoas é fundamental, mas é preciso ir além.

    O mundo não suporta mais viver sob as regras do sistema financeiro internacional e sua máquina de assaltar as sociedades sem produzir um único parafuso.

    É impossível conciliar, de um lado, 100 milhões de brasileiros vivendo com menos de R$ 500,00 por mês, e, de outro, 4 bancos lucrarem, apenas em 2019, R$ 81,5 bilhões.

    Não é mais suficiente “combater a desigualdade” para libertar a economia, a produção e os trabalhadores. É preciso enfrentar e derrotar a ditadura do sistema financeiro mundial. 

    Os povos precisam de desenvolvimento, de produção, novas tecnologias.

    As Nações precisam de Estados, não de “mercados”.

    É preciso enfrentar o rentismo para derrotar o fascismo.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: