Fora PM do V9!
Desde o domingo (7), viaturas e motos passam amedrontando a população do bairro
A Rua Manoel de Souza Lopes, onde moro, localizada na comunidade do V9, em Olinda, é — ouso dizer — a mais festeira via do bairro do Varadouro. É uma rua do povo, odiada pelos motoristas, que toda vez xingam ao passar pelos quatro quebra-molas irregulares e de dimensões questionáveis — “é uma lombada ou um muro?” —, buzinam insistentemente para que os meninos parem a partida de futebol e reclamam das cadeiras no meio da rua que formam bares improvisados. Até mesmo um vira-lata marrom tornou-se tão folgado que frequentemente se estira no meio da via até que o motorista desça e o tire de lá.
Contrastando com seu caráter festivo, a Rua Manoel de Souza Lopes começou, no último domingo (7), a receber uma visita nada agradável. A cada tanto, uma viatura da Polícia Militar e quatro motocicletas passam pela rua silenciando a conversa de cada um dos bares montados à porta de casa. E não só passam por passar: quando não vão com a cara de alguém, decidem revistar. O critério, naturalmente, não pode ser racial, pois todo mundo no bairro é preto. Os “premiados” são, portanto, os jovens, na faixa dos dezesseis a trinta anos, sem camisa e tatuados.
A que vieram, ninguém sabe ao certo. Fazem questão de não falar com ninguém — apenas passam em alta velocidade, como quem diz: “vão para a calçada, porque agora a rua é nossa”.
Se alguém for dar algum pretexto para a visita da polícia na rua, inédita nos últimos três anos, será o “tráfico de drogas”. Uma patifaria, que todo mundo sabe onde vai dar. Basta olhar o que aconteceu em Porto de Galinhas, quando o BOPE matou uma criança com tiro de fuzil.
Essa é a mesmíssima polícia que prendeu quatro moradores da Rua Manuel de Souza Lopes quando eles cometeram o “crime” de ir para a Avenida Joaquim Nabuco, no sábado de carnaval, para… fazer um bloco de carnaval! É a polícia dos ricos, que não está nem aí para o povo. Não quer “proteger” ninguém, mas sim aterrorizar a população.
O que a polícia haveria de fazer na rua mais festeira da comunidade? “Alegrar” a população com tiros, sangue e mortes? O que ela teria a fazer em um local onde não se ouve falar de assaltos, roubos ou crimes comuns, que são “resolvidos” pela própria comunidade?
Absolutamente nada. A presença da polícia, que há dois dias passa sem parar pela Rua Manuel de Souza Lopes, não deve ser tolerada por seus moradores. É preciso interromper já, antes que a sua presença seja algo permanente. A população vivia muito bem sem esses carniceiros entrarem na rua — não os queremos, nem por um segundo. É preciso agir já, antes que as “passadas” se transformem em uma ocupação.
Fora, PM, da Rua Manuel de Souza Lopes e do V9!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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