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    Leonardo Attuch

    Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

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    Gilmar foi enganado pela Lava Jato e deve um pedido de desculpas a Lula e a Dilma

    O novo capítulo da Vaza Jato revela que Gilmar Mendes e o Supremo Tribunal Federal foram enganados pela Lava Jato para que Lula não fosse ministro da Casa Civil e Dilma fosse derrubada. Não fosse essa manipulação, o Brasil ainda seria uma democracia e não a vergonha da humanidade, diz o jornalista Leonardo Attuch, editor do 247

    Ministro Gilmar Mendes durante a sessão da 2ª Turma (Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF)

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    A história do Brasil poderia ser outra se no dia 18 de março de 2016 o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, não tivesse impedido a posse do ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil da então presidente Dilma Rousseff. Não teria havido golpe de estado, os brasileiros seriam pelos 20% mais ricos do que são hoje, o Brasil não teria sido convertido em colônia de férias de Donald Trump e não estaríamos discutindo insultos à primeira-dama francesa, agressões a vítimas de ditaduras no Brasil e no Chile ou censura a livros na Bienal do Rio de Janeiro. O Brasil teria seguido o curso normal de sua democracia.

    A história, no entanto, não foi essa. Sabe-se agora, pelo novo capítulo da Vaza Jato, que a Lava Jato omitiu diálogos de Lula para impedir sua posse na Casa Civil. Os diálogos demonstram que Lula pretendia apenas reconstruir a aliança com o PMDB, garantir a governabilidade da ex-presidente Dilma e também deixava claro que não queria escapar da Lava Jato – apenas mudava de jurisdição, uma vez que passaria a ter, como ministro de Dilma, a prerrogativa de foro.

    O que os novos áudios revelam é que apenas um áudio – ilegal, diga-se de passagem – foi vazado pelo ex-juiz Sergio Moro para a Globo para criar um clima de comoção nacional, como se Lula pretendesse obstruir a justiça. O Palácio do Planalto foi cercado por bolsonaristas e, diante desse ambiente de intensa pressão, fruto de uma manipulação judicial, Gilmar decidiu impedir a posse de Lula na Casa Civil.

    À luz das revelações deste domingo, Gilmar, que foi ludibriado pela Lava Jato, não tem alternativa a não ser pedir desculpas ao ex-presidente Lula, por ter impedido sua posse, e também à ex-presidente Dilma Rousseff, por ter tomado uma decisão que abriu as portas para o golpe de estado de 2016. Um golpe que lançou o Brasil ao precipício do neofascismo e que, segundo o decano do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, inagura uma era de trevas no país. Esse pedido não irá fazer voltar o relógio da história, mas fará bem à biografia de Gilmar e permitirá aos historiadores escrever o que realmente se passou no Brasil no ano do golpe de 2016.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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