Globo e amigos farão trégua com Bolsonaro para voltar a atacar Lula
"Globo, Estadão e Folha estão mais apavorados do que a extrema direita. A decisão de Fachin volta a empurrar a imprensa do golpe para o seu lugar ao lado dos fascistas, mesmo que de forma dissimulada", analisa o jornalista Moisés Mendes sobre
Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia
O general Eduardo Villas Bôas vai largar alguma nota, em nome do Exército, sobre a decisão do ministro Edson Fachin? É uma das questões que ficam em aberto, a partir da anulação dos processos contra Lula.
Se a grande imprensa fizer seu histórico papel de claque das Forças Armadas, é possível que a nota seja emitida. É só a Globo, a Folha e o Estadão pedirem para que o Exército de pijama seja mobilizado.
As corporações de mídia começam já a partir de hoje a tentar entender o que aconteceu e a bater em Lula, em Fachin e em todo o Supremo, ao mesmo tempo em que sugerem que a decisão favorece Bolsonaro.
É uma bobagem, mas os jornalistas mais assustados investirão no que já estão chamando de a volta do espantalho, como avisou a Folha. Por mais controversa que seja, inclusive para parte das esquerdas, a decisão de Fachin reabre uma porteira que estava fechada e cria novas circunstâncias para uma política amordaçada pela extrema direita.
Não será surpresa, com a manutenção da decisão de Fachin pelo STF, se a ameaça de ressurreição política de Lula fizer com que a grande imprensa salte logo no colo do genocida, como fez em 2018.
Globo, Estadão e Folha estão mais apavorados do que a extrema direita. A decisão de Fachin volta a empurrar a imprensa do golpe para o seu lugar ao lado dos fascistas, mesmo que de forma dissimulada.
A guerra dos jornalões e da Globo será de novo contra Lula, e não mais contra Bolsonaro, pelo menos por enquanto. O ódio e o medo espalhados por Bolsonaro passam a ser as mesmas munições a serviço da grande imprensa, do mercado e dos especuladores.
Para a Globo em especial, que viu o fim precoce do projeto de carreira política de Sergio Moro (o protegido de Fachin?) e o fracasso das tentativas de Luciano Huck, quase um zero nas pesquisas para 2022, a volta de Lula é apavorante.
Sem um nome confiável para enfrentar Bolsonaro, as corporações sabem que a alternativa, pelo menos nesse momento, é Lula. E entre Lula e Bolsonaro, todas irão disfarçada ou descaradamente de novo com Bolsonaro.
O espantalho que o jornalismo de direita passa a enxergar em Lula tira o foco de Bolsonaro. A imprensa golpista propõe uma trégua à família no poder e volta sua artilharia para o ex-presidente e para o PT.
Os jornalões terão de inventar um candidato à la minuta, e o que está mais à mão no momento é o bolsonarista arrependido Eduardo Leite. O governador gaúcho pode ser a cartada urgente da direita, com a bênção de Tasso Jereissati e Fernando Henrique Cardoso.
O primeiro impacto é este: Lula volta a assombrar de novo a imprensa sem candidato. Bolsonaro poderá, daqui a pouco, andar de mãos dadas com seus novos amigos da Globo, da Folha e do Estadão, só para que o ataque a Lula seja o foco.
Por um bom tempo, eles esquecerão Flávio Bolsonaro, a mansão, os militares, Pazuello, a cloroquina, Queiroz e todos os que estiverem no entorno de Bolsonaro.
O alvo de toda a grande imprensa e de Bolsonaro é Lula mais uma vez, até o julgamento da suspeição de Moro. As organizações ainda contam com a trincheira dos militares, mas agora já não têm mais o respaldo da gangue da Lava-Jato.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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