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    Innocentia perdidi

    A lava jato nunca foi transparente, a exceção de sua nunca disfarçada atuação (jurisdição política deixa rastros dogmáticos) contra o Partido dos Trabalhadores e, em especial, Lula – senão, por qual motivo outro moro referir-se-ia a FHC enquanto ‘aliado’, no episódio da orientação a seu valente menino de recados, para não investir contra o líder dos tucanos?

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    Noticia este 247, fala do PGR Vladimir Aras, forte em contabilizar a invasão da privacidade de 38 mil cidadãos brasileiros cujos sigilos constitucionais estariam armazenados em um banco de dados mantido pela operação política lava jato. Sequer o ministério público possuía tal acervo...

    Apressou-se em defesa dos valentes o seu líder sérgio moro (aquele a quem deltan se refere enquanto ‘caminho da perdição’ ou ‘minha perdição’, que agora nos falha a memória), dizendo que a operação sempre foi transparente.

    A lava jato nunca foi transparente, a exceção de sua nunca disfarçada atuação (jurisdição política deixa rastros dogmáticos) contra o Partido dos Trabalhadores e, em especial, Lula – senão, por qual motivo outro moro referir-se-ia a FHC enquanto ‘aliado’, no episódio da orientação a seu valente menino de recados, para não investir contra o líder dos tucanos?

    Todavia, o só fato de um PGR (topo do topo da cadeia alimentar persecutório-estatal da organização política do estado brasileiro) denunciar tal fato e não anunciar na mesma fala, por exemplo, a imediata instauração de um inquérito (logo eles, tão zelosos na instauração de procedimentos investigativos no canteiro alheio) para investigar se há, no brasil, uma polícia política paralela, nos dá a impressão de que deve terminar em pizza – afinal o ministério público nunca cortou na própria carne. Tampouco o judiciário o fez, uma vez que, no brasil, quem fatia na própria carne são os partidos políticos e mais ninguém...

    Noves fora a história ensina a quem lê e tem mais de dois neurônios que houve, na Alemanha nazista, uma polícia política criada, em tese, para proteger as eminências do partido nacional socialista (nazista) – a milícia schutzstaffel, mais conhecida enquanto ss...

    Sua pretensa finalidade (proteção das eminências nazistas) vendida pela máquina de propaganda do fuhrer foi rapidamente redesenhada na realidade efetiva da sua atuação política – perseguir e exterminar adversários ideológicos dos nazistas. 

      De toda sorte e quando moro sustenta que ‘a lava jato sempre primou pela transparência’ ele colide vertiginosamente com a verdade, estabelecendo uma narrativa deletéria da realidade desnudada no conhecimento do subterrâneo da operação pelo sítio The Intercept... 

    É mentira, pois, que a lava jato seja uma operação transparente, na medida em que transparente fossem os valentes, não haveria necessidade do uso de uma ferramenta de comunicação paralela, que garantisse sigilo criptográfico de ponta a ponta, tirada fora dos autos entre procuradores e o duble de juiz e ator político que presidia a sujeira toda...  

    Transparência e canal de comunicação criptográfico estabelecido fora dos autos entre uma das partes e o julgador não cabem numa só frase... 

    Observamos, ademais, que um ano após o início dos vazamentos, nenhum lavajatino se apresentou negando o conteúdo das falas. Antes o contrário; os valentes criptografaram-se de ponta a ponta, optando por atacar o modo através do qual as mensagens de seu consórcio político foram colhidas (hakers)...

    Aliás, o só fato de se estabelecer uma comunicação sigilosa entre o juiz da operação e os valentes que a alimentavam, revela-se tão ofensivamente agressivo ao estado democrático de direito que nos envergonha e diminui enquanto cidadão, na medida em que a essência de tal colaboração (em tudo promíscua, por tudo ilícita) nega marcos civilizatórios, estatuindo uma régua moral elitista que impõe a vontade do poder sobre os direitos dos adversários ideológicos de quem detém o poder, tratados enquanto e na condição de inimigos...

    De toda sorte e para além da promiscuidade desnudada no The Intercept, importa registrar a matriz fascista de tal vínculo, uma vez que qualquer consórcio de vontades convergentes que se sobreponha ao texto legal faz dos valentes que o compõe verdadeiros ‘alecrins dourados’, na medida em que estabelece uma classe de indivíduos (os tais ‘alecrins dourados’) que se pretende acima dos cidadãos comuns, uma vez que a lei  não seria senão um detalhe a ser fintado através da aparência de legalidade conferida por uma jurisdição de fachada, sob o caloroso aplauso de uma imprensa que é pródiga em pedir desculpas a cada cinquenta anos... 

    Imperioso enfrentar esta situação. O Supremo já tarda em se manifestar e há, ao menos, uma provocação direta neste prumo, tirada no writ Constitucional de Lula, onde se questiona a quebra da imparcialidade do duble de juiz e ator político – caso contrário não haverá mais sentido falar-se em estado democrático de direito!

    Demais disso, não há como fazer de conta que a colmatação de um banco de dados sigilosos de 38 mil cidadãos brasileiros esteja dentro da lei e reflita qualquer normalidade institucional – apenas a imprensa familiar brasileira deve trilhar tal caminho, vendendo uma narrativa que ‘acomode’ o novo ilícito revelado – já antevemos bonner vendendo este conceito...

    Fato é: nenhuma instituição brasileira, sob o pálio da lei, possui autorização para atuar como se os procedimentos e os caminhos de conforto estabelecido nas regras de atuação de seus agentes fossem meros acidentes de percurso, em ordem a autorizar o seu desuso e desconhecimento. Nenhum homem público, seja da qualidade que for, está acima da linha da lei. 

    Deveras, o só fato da lava jato ter sido incensada as alturas pela família midiática brasileira que viu na caça ao PT e, em especial à promessa da cabeça de Lula, uma oportunidade política interessante à direita, não retira a necessidade crítica que as instituições convolam, suposto que a cousa pública nasce do pressuposto da regular atuação de suas potestades, sendo toda leitura que relativize esta premissa uma deslavada mentira. 

    A lava jato nunca foi transparente – transparente foram as suas violações à letra da lei que as instâncias superiores não corrigiram a bom tempo, desaguando no momento em que vivemos.

    Por este ângulo, messias não é senão a colheita fétida desta lavoura safada que se formou no congresso da atuação política dos valentes sob proteção de parcela do judiciário, forte no alinhamento político de suas personagens... 

    De toda sorte, se havia alguém com dúvida sobre o caráter político da operação lava jato, espero que este faça uso de seus parcos neurônios em ordem a enfrentar a seguinte objurgação: se a operação se pretendia transparente, porque manteve um banco de dados sigilosos à margem do texto legal?

    De mais a mais, quem estará lá? FHC (cuja proteção o próprio moro advogou) ou os adversários ideológicos dos valentes? Um doce a quem acertar a resposta...

    Outro tanto, não se pode conferir prumo legal a uma operação político judiciária que ganhou de uma juíza de primeira instância um valor absurdo (bilionário), a bom tempo coonestado no Supremo (Alexandre de Moraes) – mormente se este mesmo consórcio político judicante foi denunciado pelo PGR por manter banco de dados com informações que a Constituição diz serem invioláveis...

    Fato é: já não podem os valentes se esconderem atrás do modo como se desnudou sua desventura política na medida em que agora, a lhes acusar de manterem um banco de dados ilícitos (com 38 mil cidadãos expostos) não está mais nenhum haker e sim o Procurador Geral da República...

    Tristes e velhacos trópicos. 

    Moraes Moreira, Aldir Blanc, Elis Regina, Tim Maia, Clarisse Lispector, Florbela Espanca, Linda Lovelace, Martin Luther King, Marielle Franco, meu amado Pai e tantos outros que nos ensinaram melhor viver e até a sonhar, seguem fazendo muita falta. Já juiz político que se corrompeu para dar guarida a uma operação política que tinha, desde seu nascimento, a pré-concebida vocação de perseguir o PT e Lula, não faz qualquer falta...

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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