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    Paulo Henrique Arantes

    Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”. https://noticiariocomentado.com/

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    Kakay: trama golpista foi contra a democracia, não contra Moraes

    "Segundo Kakay, no caso concreto a vítima seria a democracia brasileira. “O que foi urdido e tentado foi um golpe de Estado, abolição violenta da democracia"

    Kakay (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil 247 | Valter Campanato/Agência Brasil)

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    Bolsonaro e seus defensores alegam que Alexandre de Moraes não poderia relatar o inquérito que o acusa, e a 36 asseclas, de tramar golpe de Estado e assassinatos de Lula, de Geraldo Alckmin e do próprio Moraes, entre outros crimes. O ministro do Supremo Tribunal Federal, que à época da urdidura presidia o Tribunal Superior Eleitoral, deveria dar-se por impedido, no entender dos golpistas, uma vez que envolvido pessoal e emocionalmente no caso - ele era um dos alvos dos criminosos.

    A alegação dos bolsonaristas não tem base legal. Quem nos dá a letra é o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. “O argumento da suspeição do ministro Alexandre de Moraes, pelo fato de os golpistas terem planejado matá-lo, é absolutamente sem nenhuma sustentação jurídica. Seria permitir que o investigado, quem cometeu o crime, escolhesse o seu julgador”, explica.

    Segundo Kakay, no caso concreto a vítima seria a democracia brasileira. “O que foi urdido e tentado foi um golpe de Estado, abolição violenta da democracia. O que esteve em risco foi o Estado de Direito”, enfatiza.

    Não poderia estar mais claro. Aceitar a suspeição de Alexandre de Moraes significaria dar ao investigado o controle do caso.

    Mais um ponto na estratégia da defesa de Bolsonaro, até aqui, chamou Kakay à atenção: “É interessante notar que, estranhamente, não se viu a negativa dos fatos por parte dos envolvidos. Ao que parece, o trabalho da Polícia Federal foi tão bem feito tecnicamente que está irrespondível”.

    Que Jair Bolsonaro e seus aliados tenham ampla defesa e contraditório assegurados, como manda um processo penal democrático. Algo que eles jamais concederiam aos adversários, aos quais reservavam a morte.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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