Kakay: trama golpista foi contra a democracia, não contra Moraes
"Segundo Kakay, no caso concreto a vítima seria a democracia brasileira. “O que foi urdido e tentado foi um golpe de Estado, abolição violenta da democracia"
Bolsonaro e seus defensores alegam que Alexandre de Moraes não poderia relatar o inquérito que o acusa, e a 36 asseclas, de tramar golpe de Estado e assassinatos de Lula, de Geraldo Alckmin e do próprio Moraes, entre outros crimes. O ministro do Supremo Tribunal Federal, que à época da urdidura presidia o Tribunal Superior Eleitoral, deveria dar-se por impedido, no entender dos golpistas, uma vez que envolvido pessoal e emocionalmente no caso - ele era um dos alvos dos criminosos.
A alegação dos bolsonaristas não tem base legal. Quem nos dá a letra é o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. “O argumento da suspeição do ministro Alexandre de Moraes, pelo fato de os golpistas terem planejado matá-lo, é absolutamente sem nenhuma sustentação jurídica. Seria permitir que o investigado, quem cometeu o crime, escolhesse o seu julgador”, explica.
Segundo Kakay, no caso concreto a vítima seria a democracia brasileira. “O que foi urdido e tentado foi um golpe de Estado, abolição violenta da democracia. O que esteve em risco foi o Estado de Direito”, enfatiza.
Não poderia estar mais claro. Aceitar a suspeição de Alexandre de Moraes significaria dar ao investigado o controle do caso.
Mais um ponto na estratégia da defesa de Bolsonaro, até aqui, chamou Kakay à atenção: “É interessante notar que, estranhamente, não se viu a negativa dos fatos por parte dos envolvidos. Ao que parece, o trabalho da Polícia Federal foi tão bem feito tecnicamente que está irrespondível”.
Que Jair Bolsonaro e seus aliados tenham ampla defesa e contraditório assegurados, como manda um processo penal democrático. Algo que eles jamais concederiam aos adversários, aos quais reservavam a morte.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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