Lamarca
Parte do livro “Lamarca, Herzog e outros Heróis”. Primeira parte do capítulo dedicado a Lamarca. Editora Scortecci, 1998. Reeditada pela Editora FiloCzar
Chicote do Pessoa
Lamarca
Por José Pessoa de Araújo
Lamarca era militar
Nasceu no Rio de Janeiro
Muito jovem ingressou
No Exército brasileiro
Desertou, deixou a farda
Tornou-se um guerrilheiro
Era carioca típico
E de família modesta
Começou trabalhar cedo
Não era chegado a festa
Logo viu nossa elite
Formada por quem não presta
Tendo seus dezesseis anos
Já era um ativista
Na campanha do petróleo
Sua figura era vista
Segurando a bandeira
Era um nacionalista
No ano sessenta e dois
No Exército engajado
Para servir no Egito
Lamarca foi recrutado
Passou um ano em Gaza
Retornando ao solo amado
Regressando ao Brasil
Para o Sul foi enviado
Na capital Porto Alegre
Onde ficou destacado
Do partido comunista
Tornou-se quase filiado
Já era sessenta e cinco
O Brasil tinha mudado
O Exército brasileiro
O poder tinha usurpado
Só que o capitão Lamarca
Golpe não tinha apoiado
Pro Estado de São Paulo
Lamarca foi transferido
No quartel de Quitaúna
Por lá foi bem recebido
Osasco era bem próximo
Também lá era querido
O jovem oficial
Era um inconformado
Convidou alguns soldados
Com quem tinha estudado
Abandonar o Exército
Ele havia planejado
Fazer a reforma agrária
Era o seu pensamento
A luta seria dura
Pois tinha pressentimento
Defender os mais humildes
Tinha feito juramento
No ano sessenta e nove
Tudo estava acertado
Lamarca deixou o Exército
Foi para o outro lado
Abandonou fardamento
Tornou-se um rebelado
Em vinte quatro de janeiro
Lamarca se evadiu
Do quartel de Quitaúna
Levou carga de fuzil
Lutar contra a ditadura
O capitão decidiu
Sessenta e três fuzis FAL
E bastante munição
Metralhadoras pequenas
Postas em um caminhão
O arsenal era grande
Conforme apuração
Para o Vale da Ribeira
É que o capitão seguiria
Mas houve um desencontro
Coisa que ninguém previa
Suspenderam a "operação"
Deixando para outro dia
Na cidade de São Paulo
Ficou escondido
Pro Exército brasileiro
Ele agora era bandido
Passou a ser procurado
Como todo fugitivo
Com dezesseis companheiros
Para Registro seguiu
E no Vale da Ribeira
O grupo chegou sutil
Nas matas se esconderam
Cada um com seu fuzil
Treinar para a guerrilha
Era esse o intento
No interior paulista
Na terra de muito vento
Sabia que logo
Um grande enfrentamento
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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