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    José Pessoa Araújo

    Candidato a vice-governador da Paraíba pelo PCO na chapa de Adriano Trajano. Cordelista. Entre seus livros estão “Florestan Fernandes, o engraxate que se tornou sociólogo”; “Lamarca, Herzog e outros Heróis”; “Lula, sua vida e sua Luta”, entre outros

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    Lamarca

    Parte do livro “Lamarca, Herzog e outros Heróis”. Primeira parte do capítulo dedicado a Lamarca. Editora Scortecci, 1998. Reeditada pela Editora FiloCzar

    Busto em homenagem ao guerrilheiro Carlos Lamarca em Cajati (SP) (Foto: Divulgação)

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    Chicote do Pessoa

    Lamarca

    Por José Pessoa de Araújo

    Lamarca era militar
    Nasceu no Rio de Janeiro
    Muito jovem ingressou
    No Exército brasileiro
    Desertou, deixou a farda
    Tornou-se um guerrilheiro

    Era carioca típico
    E de família modesta
    Começou trabalhar cedo
    Não era chegado a festa
    Logo viu nossa elite
    Formada por quem não presta

    Tendo seus dezesseis anos
    Já era um ativista
    Na campanha do petróleo
    Sua figura era vista
    Segurando a bandeira
    Era um nacionalista

    No ano sessenta e dois
    No Exército engajado
    Para servir no Egito
    Lamarca foi recrutado
    Passou um ano em Gaza
    Retornando ao solo amado

    Regressando ao Brasil
    Para o Sul foi enviado
    Na capital Porto Alegre
    Onde ficou destacado
    Do partido comunista
    Tornou-se quase filiado

    Já era sessenta e cinco
    O Brasil tinha mudado
    O Exército brasileiro
    O poder tinha usurpado
    Só que o capitão Lamarca
    Golpe não tinha apoiado

    Pro Estado de São Paulo
    Lamarca foi transferido
    No quartel de Quitaúna
    Por lá foi bem recebido
    Osasco era bem próximo
    Também lá era querido

    O jovem oficial
    Era um inconformado
    Convidou alguns soldados
    Com quem tinha estudado
    Abandonar o Exército
    Ele havia planejado

    Fazer a reforma agrária
    Era o seu pensamento
    A luta seria dura
    Pois tinha pressentimento
    Defender os mais humildes
    Tinha feito juramento

    No ano sessenta e nove
    Tudo estava acertado
    Lamarca deixou o Exército
    Foi para o outro lado
    Abandonou fardamento
    Tornou-se um rebelado

    Em vinte quatro de janeiro
    Lamarca se evadiu
    Do quartel de Quitaúna
    Levou carga de fuzil
    Lutar contra a ditadura
    O capitão decidiu

    Sessenta e três fuzis FAL
    E bastante munição
    Metralhadoras pequenas
    Postas em um caminhão
    O arsenal era grande
    Conforme apuração

    Para o Vale da Ribeira
    É que o capitão seguiria
    Mas houve um desencontro
    Coisa que ninguém previa
    Suspenderam a "operação"
    Deixando para outro dia

    Na cidade de São Paulo
    Ficou escondido
    Pro Exército brasileiro
    Ele agora era bandido
    Passou a ser procurado
    Como todo fugitivo

    Com dezesseis companheiros
    Para Registro seguiu
    E no Vale da Ribeira
    O grupo chegou sutil
    Nas matas se esconderam
    Cada um com seu fuzil

    Treinar para a guerrilha
    Era esse o intento
    No interior paulista
    Na terra de muito vento
    Sabia que logo
    Um grande enfrentamento

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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