Leitura das pesquisas
A disputa sempre se afunilou entre a esquerda petista e um candidato à direita do espectro ideológico - Collor, FHC de centro-direita e agora Bolsonaro surfando nas ondas da extrema-direita e caminhando de mãos dadas com um general admirador das metodologias pouco sutis de seu colega Brilhante Ustra
De 1989 pra cá o divisor ideológico nas eleições do país foi marcante e consistente.
A disputa sempre se afunilou entre a esquerda petista e um candidato à direita do espectro ideológico - Collor, FHC de centro-direita e agora Bolsonaro surfando nas ondas da extrema-direita e caminhando de mãos dadas com um general admirador das metodologias pouco sutis de seu colega Brilhante Ustra.
Ninguém, nem mesmo o mais ferrenho bolsonarista há de negar o imenso potencial de Lula em transferir votos. As duas eleições de Dilma e as pesquisas atuais já indicavam esta realidade.
A estratégia petista de esticar a candidatura do ex-presidente até um limite confiável para garantir a devida conexão de seu nome com Haddad, parece ter produzido as repercussões eleitorais esperadas.
Junte-se a isso, a visibilidade no horário eleitoral ( fora disso é só pancadaria ), e o desempenho do candidato e nada surpreendente que Haddad em poucos dias subiu 9% pontos no Datafolha, atingindo 13% e empatando com Ciro Gomes.
E quatro dias depois a pesquisa MDA/CNT consolida o petista em segundo lugar: 17,9%.
Se ainda persistia alguma dúvida sobre o potencial do candidato, o IBOPE destruiu: Em uma semana Haddad em plena ascensão, pulou de 8% para 19%.
Do lado esquerdo da estrada ideológica, seu concorrente direto, Ciro Gomes empacou em 11%. À direita, Alckmin derrapa nos 9%, sem nenhuma chance de concorrer com o capitão Jair Bolsonaro (28% ), 9 pontos percentuais à frente do candidato de Lula.
Ocorre que numa leitura mais aprofundada, vai-se observar nos meandros daqueles levantamentos uma outra realidade, que a imprensa hegemônica não faz a menor esforço para transferir aos seus pobres leitores.
O cientista político Alberto Carlos Almeida, um dos maiores especialistas em eleições no Brasil foi quem tomou a iniciativa e mergulhou nas profundezas daquelas enquetes:
"A proporção de eleitores que não conhecem o Haddad é 35% dentre as mulheres, 41% dos eleitores com ensino fundamental, 39% dos eleitores com renda inferior a 2 SM e 35% dos eleitores do Nordeste.
Só sabem que o Haddad é o candidato do Lula 45% das mulheres, 32% de eleitores com ensino fundamental, 40% de eleitores com renda até 2 SM e 50% do Nordeste".
E pra consolidar a força da candidatura petista:
"Votariam em quem Lula apoiar 36% das mulheres, 49% dos eleitores com ensino fundamental, 46% com renda até 2SM e 49% do Nordeste".
Quer dizer, o corredor está escancarado para o crescimento do ex-prefeito paulista.
Acrescente-se a tudo isto o recorde de rejeição (42%) ao candidato do PSL que, de acordo com os entendidos no assunto compromete a perspectiva de qualquer candidato faturar o segundo turno.
A única preocupação nesse momento, está diretamente conectada com as lembranças de 2006, 2010 e 2014 quando a orquestra sinfônica da mídia conservadora entrou em ação e transferiu para o segundo turno a eleição garantida de Lula e Dilma e quase compromete a vitória da presidenta no segundo turno de 2014.
Na verdade, as pesquisas parecem querer mandar um duro recado ao morto-vivo Eduardo Cunha, à FIESP dos 500 milhões , à cara-de-pau da Câmara e do Senado e claro, à todos paneleiros do país.
E envia também uma mensagem revoltada contra as perseguições frenéticas de Moro, as palhaçadas de Dallagnol, a incrível sentença do TRF-4, as trapalhadas sem qualquer pudor de Gebran, Thompson, PF no episódio solta-prende de Lula, ao titubeio vexatório do Supremo, protagonizado por Rosa Weber e essencialmente, contra a Veja dos Civita, a Folha dos Frias, o Estadão dos Mesquita, a Globo dos Marinho.
A impressão é que o povo brasileiro acordou!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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