Lituânia, indo-pacifico e medidas anti-China
Essa demonização, que outrora funcionou contra a URSS e Saddam Hussein, não funcionará com a China
A Lituânia é um dos países bálticos e faz parte da União Europeia (UE) desde 2004, alinhando-se em todos os aspectos com o bloco. O pequeno país não tem relevância no cenário geopolítico e não tem potencial de combater nenhum inimigo externo, mas, desde as novas tensões socioeconômicas entre a China e os Estados Unidos (EUA), o pequeno país tenta - sem sucesso - fazer oposição à China e causar uma crise entre a UE e o país asiático. Contudo, a nação, abandonado por completo a sua soberania nacional, está se tornando uma colônia da Otan e dos EUA, provando a sua total incoerência ao lidar diplomaticamente com a China - A Lituânia não tem voz independente.
Lituânia, China e medidas contra o princípio de "uma só China"
A Lituânia e a China tinham uma relação comercial próxima e de mútuos ganhos, mas, a partir de 2021, o país aceitou as narrativas ocidentais e as repressões a China decidindo sair do grupo “17 + 1”, grupo de países da Europa oriental e central com laços ao comércio chinês, trazendo sérias consequências para a sua economia. Além desse erro econômico, a Lituânia vai ficar de fora da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI), plano de interligar comercialmente países e investir nas suas infraestruturas, e estimula outros países a cometerem o mesmo erro. O BRI é uma nova forma de globalização e quebra de fronteiras geográficas no mundo, mostrando-se um fator bilateral cooperativo. Desse modo, os países que não querem dialogar com esse plano ficaram em um estágio econômico frágil. Além de incorporar as pressões culturais-midiáticas, a ex-república soviética está se tornando a porta-voz, como os países do indo-pacifiico, da política externa norte-americana na região e unindo-se na estratégia de contenção do país asiático e das atitudes contra a soberania chinesa na região de Taiwan.
Taiwan está separada da China desde a revolução socialista 1949, quando as tropas do kuomintang, nacionalistas chineses, perderam a guerra civil para os comunistas, liderados por Mao Tsé-Tung (1893 - 1976). O kuomintang, liderado por Chiang Kai-shek (1887 - 1975), fugiu para a ilha após a derrota e passou a governá-la conforme as suas convicções ideológicas. Conforme a fuga, entre os anos de 50 e 70, o país era aproximado da maioria dos governos ocidentais, todos reconheciam Taiwan como a "República da China", inclusive o país era o representante no Conselho de Segurança da ONU - um absurdo - no lugar da China comunista até 1971. A partir de 1979, depois de um longo período de aproximação no governo Nixon, os EUA passaram a reconhecer a China comunista e romper relações diplomáticas com Taiwan. Desse modo, os ocidentais começaram a reconhecer o princípio de "uma só China", onde ele afirma que Taiwan é uma zona chinesa, que um dia será reunificada, e que os países devem reconhecer diplomaticamente a China continental como país.
Em 18 de novembro de 2021, a Lituânia rompeu e desrespeitou o princípio, abrindo uma embaixada de Taiwan no seu território, os países da Europa e os EUA têm embaixadas extraoficiais de Taiwan como o nome de Taipei, capital de Taiwan. O gigante asiático retirou o seu embaixador do país, como resposta, e o ministro das relações exteriores da China, Wang Yi, disse que esse episódio é um ataque à soberania e integridade territorial chinesa. Além disso, a China está cortando laços econômicos com o país, inclusive não exporta mais carne para a nação, e estimula os seus aliados a fazer o mesmo. A Lituânia e UE chamam a resposta chinesa de "coerção econômica", mas a falta de respeito com a soberania chinesa que nome podemos dar?
Além da Lituânia, o indo-pacífico e a nova OTAN - a AUKUS
Os países do indo-pacífico, a maioria colônias informais dos EUA, mostram cada dia a sua subserviência a Washington e a sua hostilidade a China, os países formam uma aliança para deter a expansão da China, a AUKUS - uma espécie OTAN regional. Essa contenção da China aconteceu por motivos bélicos, como Scott Morrison, presidente da Austrália, propor o aumento da Força de Defesa Australiana (ADF) e expandir para mais de 101.000, um aumento de cerca de 30%, ou por reproduções de discursos hegemônicos contra a China, como nas questões internas das zonas autônomas chinesas, como Xijiang. A partir dessas ações e hostilidades, o país asiático aumentará o seu orçamento militar em 1,45 trilhões de Yuans (cerca de 229 bilhões de dólares), um aumento de 7,1% em relação ao ano anterior, o governo chinês no Congresso Nacional do Povo justificou o aumento pelo fato de 2020, por causa da pandemia, o orçamento militar caiu para baixo da média e foi o menor em 32 anos; contudo, sabemos que os verdadeiros motivos são para a sua segurança chinesa e contra a formação de uma micro-OTAN na região.
Após o anúncio do aumento militar, a mídia ocidental buscou criticar, de forma irracional, a atitude do governo chinês e a ressuscitar fantasmas e vilões da "Guerra Fria", onde o país poderia destruir as "nações livres” a qualquer momento - uma piada sem graça. Essa demonização, que outrora funcionou contra a URSS e Saddam Hussein, não funcionará com a China; pois, diferente do bloco de poder ocidental, qual foi o país que a China invadiu ou bombardeou nas últimas décadas? Nenhum. A política externa de Pequim não se pauta ou toma as suas decisões com atitudes unilaterais infantis, como as sanções econômicas e as intervenções bélicas diretas ou indiretas, mas sim com pragmatismo amplo e sucinto ao diálogo. Além disso, o discurso ocidental é contraditório pelo fato de que não há comparação entre os gastos militares dos países ocidentais, como os EUA, com os da China, mesmo o país asiático tendo uma extensão territorial considerável, uma demografia superior a todos os ocidentais e inimigos externos bem próximos.
Faço outra pergunta:
Valerá a pena? Esses países ficaram de fora das iniciativas econômicas chinesas, que se mostraram uma salvação para inúmeras nações, e irão receber uma ajuda furada da Otan e dos EUA.
Repito:
Valerá a pena?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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