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    Pedro Augusto Pinho

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    Lula depõe e a banca precisa da guerra

    Assim a banca, fonte da corrupção que se quer atribuir unicamente à política, tem procurado, com seu extraordinário poder financeiro, colocar governos favoráveis ao seus interesses em todo mundo. A recente eleição na França de um ex-empregado do Rotschild & Cie Banque é apenas mais um caso

    Assim a banca, fonte da corrupção que se quer atribuir unicamente à política, tem procurado, com seu extraordinário poder financeiro, colocar governos favoráveis ao seus interesses em todo mundo. A recente eleição na França de um ex-empregado do Rotschild & Cie Banque é apenas mais um caso (Foto: Pedro Augusto Pinho)

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    Creio que todos, que tenham mais de um neurônio na cabeça e não se intimidem para debater com as galinhas, já perceberam que o inimigo dos brasileiros e de todos os povos, nesta segunda década do século XXI, é o sistema financeiro internacional, a “nova ordem mundial” ou, como prefiro denominar, a banca.

    A banca domina, desde 1990, não só as finanças, mas a economia, a política e governos de diversos países. E o faz com a chantagem, a corrupção e o uso da mídia; de toda a sorte de comunicação com as populações, em todos os níveis. Isto nem é segredo, pois está até em depoimentos – livros, artigos, entrevistas – de personalidades da própria banca (para não cansar meus leitores citarei apenas Mohamed A. El-Erian, ex vice-diretor geral do FMI, presidente executivo da PIMCO, multibilionária financeira internacional, presidente do Conselho Global de Desenvolvimento no Governo Obama, executivo principal do orçamento da Universidade de Harvard e cronista da Bloomberg Review, ou seja, um verdadeiro representante da banca em vários segmentos e autor do livro A Única Solução (D.Quixote, Portugal, 2016) e de uma entrevista ao jornal português Expresso, em 03/09/2016, cujos dados usarei neste artigo).

    O mecanismo básico da atuação da banca é extraordinariamente simples: pega dinheiro dos “investidores” e aplica em papéis para os próprios investidores ou empresta, sob uma gama de instrumentos de dívidas, aos credores. Ganha não só nesta intermediação mas na especulação que faz movimentando estes valores. Desde os anos 1980, com a liberação geral dos controles sobre suas operações, promovida pela dupla Thatcher/Reagan, que se denominou neoliberalismo, os “investidores” não necessitam mostrar a origem do dinheiro. Logo todo montante dos “caixa dois”, dos traficantes de drogas, armas, seres humanos, em resumo, todo ganho ilícito do mundo foi colocado para as “aplicações da banca”. Meu prezado leitor já pode imaginar os problemas desta enxurrada de dinheiro sendo absorvida neste sistema de empréstimos e aplicações. É uma, mas não única, causa das “crises” que, desde 1987, assombram o mundo. Em artigo de fevereiro de 2016 (Haverá crise em 2016?) enumerei uma dezena delas que resultaram sempre no empoderamento da banca.

    Em 2008, a crise foi programada para ter sua máxima extensão eclodindo no centro do império, os Estados Unidos da América (EUA), então governado por um presidente de família intimamente associada à banca, George Walker Bush.

    A distância entre ativos reais e papéis emitidos com suposto lastro nestes bens não para, desde então, de crescer. Para que se tenha uma ideia, pois estes números não são disponíveis a nós simples mortais, fala-se que para cada barril de petróleo produzido ou para cada bushel de soja comercializado ou tonelada de minério de ferro embarcada haja alguns milhares circulando no mercado financeiro sem suporte real. Veja que enorme crise se afigura!

    Assim a banca, fonte da corrupção que se quer atribuir unicamente à política, tem procurado, com seu extraordinário poder financeiro, colocar governos favoráveis ao seus interesses em todo mundo. A recente eleição na França de um ex-empregado do Rotschild & Cie Banque é apenas mais um caso. Quando não consegue ou passa a denegrir o governante (quase sempre como corrupto, oh! Ironia) ou aplica um golpe, como em 2016 no Brasil.

    Mas, como todos sabem, os objetivos da banca são dois: transferir para o sistema financeiro todos os ganhos e, obviamente, o controle dos demais segmentos econômicos e promover a constante e sistemática concentração de riqueza. E, agora, ela tem pressa, pois está por eclodir a nova crise resultante deste Himalaia que separa a ficção dos papéis financeiros da realidade dos bens efetivamente disponíveis. Não tenha dúvida, caro leitor, que o golpe de 2016, articulado pela banca nos EUA, tinha como principal meta a transferência do controle do pré-sal e da posse fundiária de terras agricultáveis no Brasil. E para  isto os golpistas do executivo, do legislativo e do judiciário estão empenhados. Outras manobras diversionistas, como reforma trabalhista e previdenciária, são, digamos, bônus dos golpistas a seus donos. Mas sem dúvida, sair o montante da previdência dos cofres do estado para os dos bancos e seguradoras , como o fez no Chile o corrupto carrasco Augusto Pinochet, é um presente muito bem acolhido.

    Mas tudo isto ainda é pouco. A banca precisa de uma guerra na América do Sul onde três governos “bolivarianos” enfrentam-na com sucesso. E, ainda, com a possibilidade da Argentina e o Brasil, este já no próximo ano, terem opositores no executivo. Além disso, o mecanismo da concentração de renda vai reduzindo as necessidades produtivas para a qual o crescimento populacional é um empecilho. Guerra, principalmente nesta era de drones e virtual, mata sem “sujar as mãos” nem se expor.

    Ao mostrar com seu depoimento no tribunal político da Operação Lava Jato, já sobejamente demonstrada sua origem alienista, o Presidente Lula, com milhares de pessoas lhe apoiando, fato inédito em julgamentos penais no Brasil, transmitiu um recado à banca. Aqui não será fácil; vocês já perderam a guerra militar na Coreia, no Vietnã e, agora, na Síria, já perderam politicamente na Rússia (alguém se lembra de bêbado Boris Iéltsin?), na Venezuela, na Bolívia e, recentemente, no Equador, os brasileiros também não se curvarão.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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