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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Lula se impõe tarefa árdua: trazer o Brasil de volta à civilidade

Em 100 dias Lula não parou. Tampouco o seu ministério

(Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

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 Lula acrescentou às suas tarefas, ao fazer um balanço de seus 100 dias de governo, hoje (10/04), em reunião com os seus ministros, uma tarefa a mais: “trazer o Brasil de volta à civilidade”. De todas as que listou em sua fala, desde avanços tecnológicos, contenção do desmatamento e recuperação de estradas, portos e aeroportos, talvez seja esta a mais difícil, a julgar pelos anos de racismo entranhados no cotidiano brasileiro. Não por acaso, uma dona de casa despiu-se em pleno salão do Atacadão de Curitiba, do supermercado Carrefour, para provar que não tinha nada escondido nas vestes, seguida que estava pelo segurança da casa, visivelmente colocando-a sob suspeição.  

 "Ontem eles cometeram mais um crime de racismo com um cliente. Temos que dizer para a direção do Carrefour: se eles querem fazer isso no país de origem deles, que façam, mas não iremos permitir que eles ajam assim aqui", disse.

 É o começo, avisou, ao se referir ao futuro que quer construir, mesmo sob toda a pressão que o impede de deslanchar o seu projeto de país. Sim, Lula tem um, e o explicitou para quantos quiseram ouvi-lo com atenção. Apontou planos e caminhos em todas as áreas, sem, contudo, deixar de reforçar ministros importantes, como Fernando Haddad, Nísia Trindade, Márcio Macêdo e outros, que foi pinçando aqui e ali.

 Para os “analistas” que escrutinaram a sua fala, na falta de algo a apontar, voltaram as suas baterias para as comparações que fez entre o que encontrou e o que precisou reconstruir. Ora, se Lula encontrou terra arrasada, por que não pode listar o quanto caminhou entre a destruição e o refazimento? Não era para isto que estava ali? Para um balanço público? Uma prestação de contas sobre a arrancada de seu governo?  

 Por retorno à civilidade” a sociedade deveria entender também uma margem de tolerância com quem encontrou pelo caminho um golpe pronto, a ser dado no dia de sua posse - todas as evidências levam a isto –, e que só não aconteceu porque o povo o abraçou e o levou rampa acima, colocando-o em segurança na cadeira da presidência.  

 Daí uma semana, o país inteiro viu uma horda amarela tomar conta dos edifícios dos três poderes, em Brasília, depredando o que encontrava pela frente, com o beneplácito da Polícia Militar do Distrito Federal, da inação da guarda palaciana, e da complacência dos generais Dutra e Arruda, que protegeram atrás de suas fardas, os terroristas que tramaram a invasão, sob suas vistas, na frente dos seus quartéis. Chegaram mesmo a apontar blindados contra os que desmontavam o golpe, para evitar prisões dos golpistas.  

 Não foi pouco o que aconteceu no dia 8 de janeiro de 2023. Foi um golpe tramado e urdido com o apoio de parte do Alto Comando, com as forças de Defesa do Distrito Federal e com a maquinação e ordens virtuais do governo que saía. Há muito o que explicar e, se não consideram, há uma demora excessiva na apuração desses fatos, muito particularmente no que diz respeito aos militares envolvidos. E, tanto quanto, com relação aos empresários e financiadores da ação terrorista.  

 Não é qualquer governo que sacode a poeira e olha para frente, para executar uma pauta que em seguida abarcou a mortandade do povo originário Yanomami - e o combate ao contrabando do ouro, aí embutido -, e ainda assumiu a agenda de “contas a pagar” do que saiu, dando de ombros para os que precisavam comer. Não é para qualquer presidente atravessar o continente e ir fazer bonito numa conferência do Clima, se recolocando como principal interlocutor internacional para a preservação do maior bioma do planeta, antes mesmo de empossado.  

 Em 100 dias Lula não parou. Tampouco o seu ministério. Não por acaso o Congresso, onde Arthur Lira procura chifre em cabeça de cavalo, calculando empurrar os seus apaniguados para locupletarem-se, agora no segundo escalão, está com uma pilha de medidas provisórias para votar e destravar o andamento do governo. Sabe que se deixar Lula e sua equipe voam e impedem novamente a tal “terceira via” de chegar lá em 2026.

  Preferem um país de joelhos, desimportante, a permitir que isso aconteça. E, de quebra, o presidente ainda enfrentou e denunciou – com o apoio de 80% da população –, que o presidente do Banco Central boicota a economia e impede a criação de empréstimos a empresas que podem gerar milhões de empregos. Deixa estar que a classe média já sabe o nome e o sobrenome do que eleva os juros do seu cartão de crédito e abocanha o salário que não chega ao final do mês. A despeito dessas armadilhas, o país vai caminhar. Como disse Lula, um otimista inveterado, há futuro e esse foi só o começo.  

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