Lula tem de ir onde o povo está

O Brasil no governo Lula figura como a 8ª economia do mundo, superando a Itália. A reconstrução do país, após o desastroso governo do inelegível ao longo de tenebrosos quatro anos, está a todo vapor, mesmo com entraves políticos vividos em meio a um congresso composto de uma maioria desqualificada, antiética e extremista, sem qualquer senso crítico. 

São inúmeras ações em torno do bem estar social do povo com a recuperação do bolsa família, com a retomada do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional. Na saúde, são restabelecidos o Programa Mais Médicos e a programação maciça de vacinação no sentido de desfazer o negacionismo dessa prática, insanamente alastrada no governo anterior. Na habitação ocorreu a entrega de cinco mil casas por meio do programa Minha Casa Minha Vida. Em relação à educação foram criados cem Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologias (IFs), perfazendo a totalidade das unidades federativas. Assistimos para o bem da ciência a volta de recursos em bolsas científicas para o desenvolvimento de pesquisas. Na economia, vislumbramos incentivos para o fortalecimento das indústrias brasileiras. Nas relações entre as esferas federal, estadual e municipal observamos o frutífero resgate de uma relação marcadamente dialógica e prospectiva. Nas questões de segurança, o governo Lula reestruturou o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania. Nos temas ambientais foi reativado o Fundo da Amazonia. Disponível para consulta em (https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/noticias/2023/04/em-100-dias-250-realizacoes-que-ja-mudaram-os-rumos-do-brasil)

Outro aspecto que marcou positivamente as ações do executivo foi o tratamento dado à Reforma Tributária, assinalado pelo Ministro da Economia, Fernando Haddad, como um projeto de Estado. Esta assertividade contribuiu, sobremaneira, para a aprovação dessa Reforma pelo Congresso. 

Contudo, embora concretude das ações de gestão do governo Lula exemplificadas, entre inúmeras já realizadas ou projetadas a médio e a longo prazo, há um estranho fenômeno de ocultamento das mesmas, inclusive dos recentes aportes de recursos financeiros para a reconstrução do Estado do Rio Grande do Sul, devastado pela crise climática e também pelas desastrosas administrações neoliberais de um grande número dos municípios do Estado, entre estas a gestão da própria sede de decisões do governo, a capital Porto Alegre. Nesse exemplo, em grande medida, os próprios administradores de partidos frontalmente opostos à composição do governo Lula deixam de mencionar os valores já destinados ou lacram o governo federal com mais exigências via redes sociais, dando a ideia de que há omissões no socorro aos municípios afetados pelas enchentes.

O silenciamento alimentado diariamente pela mídia hegemônica, quando deixa, propositalmente, de divulgar os feitos do governo, se limitando problematizar apenas questões periféricas evidencia, de modo cristalino, a intenção de obstrução. À guisa de exemplo, ao ser anunciado o crescimento do emprego com carteira assinada no país, foi alegado pela mídia tradicional que esse bom resultado se devia à torpe e lamentável reforma trabalhista efetivada no já longínquo 2017 e não aos resultados das ações do atual governo no plano econômico. 

No Jornal Nacional do dia 06 de junho/24, o âncora dos dutos de dinheiro, imagem insistente do período da operação lava jato e de suas medidas de absoluto desrespeito ao devido processo legal, o conhecido jornalista faz referência à visita do presidente Lula ao RS, mas ao apresentar a reportagem veicula a fala do Governador Eduardo Leite em que este anuncia ações, em detrimento de um trecho escolhido da fala do Presidente sem a essência do que foi comunicado por Lula sobre as várias medidas já concretizadas de ajuda ao Estado. Para quem não assistiu o discurso de Lula na íntegra apresentado nas mídias progressistas, o que restou foi a seleção oportuna feita pelo dito jornal. 

Outra estratégia para ludibriar a população, quanto a não entrega pelo governo do que foi prometido, são os resultados de pesquisas de opinião repletas de perguntas que induzem a respostas esperados pela instituição que encomendou a enquete. Grande contingente populacional fica refém da realidade invertida, intencionalmente apresentada. Neste primeiro semestre do ano foram apresentadas várias pesquisas que a par dos bons resultados do governo, demonstram uma avaliação ruim do terceiro mandato de Lula.  

Diante desses fatos, o que pode ser feito pelo governo para que as boas realizações cheguem ao maior número de brasileiros? 

Que estratégias comunicacionais podem ser empregadas para o desfazimento das distorções apresentadas, ou pelas vergonhosas mentiras lacradas nas redes sociais por políticos sem nenhum escrúpulo, sem projetos, mas com a vasta produção de vídeos para postar nas redes, a partir de armações produzidas por eles, durante as sessões da Câmara e do Senado.

Talvez as respostas para tais questionamentos residam na volta às origens do próprio partido do Presidente nas relações com o povo. Em 2017, no 6º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, Lula referiu que o partido precisaria retornar às bases da esquerda. 

Essa aproximação das bases, para além da esquerda deve ser estendida à totalidade do povo de todos matizes ideológicos. Lula tem de ir onde o povo está, como na bela canção de Milton Nascimento: Nos bailes da Vida. 

A experiência do Presidente do México que governou dialogando diariamente com o povo ao esclarecer aspectos dos projetos em curso ou realizações do governo e, nessas conversas, sabiamente acatava sugestões do povo, além de compartilhar sucessos e até insucessos para retomada de outras rotas tornou sua gestão amplamente legitimada pela população. Assim, presidente e povo, criaram laços fortes, comprometeram-se um com o outro. O povo o elegeu e foi com o povo que Andrés Manuel López Obrador foi construindo e edificando seu governo, a ponto de aferir uma vasta aprovação de seu governo pela população mexicana, que garantiu a eleição de sua sucessora com 60% dos votos. Claudia Sheinbaum será a primeira mulher a ocupar a presidência do México. Disponível para consulta em ( https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/aprendendo-politica-com-o-mexico-7-pontos-para-entender-a-popularidade-de-lopez-obrador/).

Não basta, portanto, concretizar políticas sociais em vários aspectos para o bem estar social do povo, realizar políticas de desenvolvimento econômico sentidas no bolso, propor incentivos à cultura, combater a fome e a miséria, melhorando os índices nutricionais do povo, desenvolver projetos edificadores de educação nos três níveis, expandir o oferecimento dos serviços de saúde, realizar ações de preservação do meio ambiente, se o governo não pergunta diretamente ao povo como cada cidadão vem percebendo em sua vida os feitos do governo .

Nesse diálogo profícuo e permanente com o povo, a força dos chantagistas do congresso não se criaria com tanto vigor, como da ala do centrão, que se vende a alto preço, como do miserável espólio político do inominável, ou de um presidente do Banco Central e a imposição de juros escorchantes. Não teria mídia tradicional que se sustentasse sem audiência do povo revoltado com suas estratégias de silenciamento das boas obras de governo.

Lula tem que mudar seu estilo de comunicação o quanto antes, sob pena de não se sustentar, apesar de todas suas realizações, embora os imensos obstáculos que enfrenta corajosamente no dia a dia de seu terceiro mandato. 

O mantra de Lula daqui pra frente tem de seguir o que a bela letra do célebre poeta e cantor Milton Nascimento revela “Todo artista tem de ir aonde o povo está, se foi assim, assim será”.  

Lula tem que retornar as suas origens e ir onde o povo está 24 horas por dia, sete dias por semana! Se for assim, assim será!