Marielle foi um troféu da extrema direita

A morte de Marielle serviu muito para a extrema direita. Em 2018, mobilizou uma incipiente base bolsonarista que se formava a partir de um discurso contra às minorias políticas ligadas aos movimentos LGBTs, Negro e de Mulheres. Marielle representava esse conjunto de lutas a partir da esquerda.

Na guerra cultural, estruturada pela extrema direita global, a eliminação de uma pessoa com essa representação era um troféu, e serviria de exemplo. Era a velha tática fascista de eliminação do inimigo que mobilizou as massas

A desconstrução da imagem de Marielle Franco começou logo após o anúncio de seu assassinato. Redes bolsonaristas, de imediato, dispararam campanhas difamatórias do tipo de que a vereadora teria envolvimento com o tráfico, entre outras fake news. Naquele ano de 2018, na campanha eleitoral, qualquer candidato insignificante ligado a Bolsonaro ganhava espaço ao aderir a essa narrativa.

Aqui no Rio de Janeiro foram eleitos diversos deputados federais, estaduais e até um governador. Quem não se lembra de um comício em que candidatos do PSL, então partido de Bolsonaro, quebraram a placa de rua com o nome de Marielle Franco. Rodrigo Amorim, Daniel Silveira e Wilson Witzel, famosos desconhecidos, foram eleitos com votações surpreendentes e expressivas.

Orgulhosos, Silveira e Amorim até mandaram emoldurar a placa quebrada, como mostrou uma reportagem da Revista Veja de 2021. Era como a cabeça de um animal empalhada em uma parede de caçador.

Hoje, seis anos depois, a morte de Marielle começa a ser esclarecida. Resta saber se os que tentaram também assassinar sua reputação vão seguir impunes.