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    Luís Antônio Albiero

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    Marreco à cabidela

    Não temos como adivinhar se Moro se sustentará, se chegará de fato a ser candidato ou se terá estofo para um eventual segundo turno. Que sirva ao menos para bater em BolsoNero e irrigar voto deste para Lula, abrindo ensanchas para a vitória do petista em primeiro turno

    O ex-juiz Sérgio Moro (Foto: Agência Brasil)

    Sentindo engulhos, ouvi integralmente o discurso do ex-juiz federal Sérgio Moro, a quem o deputado Glauber Braga eternizou como "juiz ladrão" e o STF, como parcial e incompetente, no ato de filiação ao Podemos. Resisti. Sobrevivi.

    O discurso foi mesmo de candidato a presidente da República. Fala bem articulada que durou uma hora quase cravada. Já até me acostumei com o grasnado que tornou famoso seu epíteto de "Marreco". 

    Moro não pode ser desprezado, como desprezamos (eu também!) o ogro que hoje nos desgoverna. Vem com respaldo do governo estadunidense e apoio da grande mídia - Rede Globo à frente.

    Decola como um marreco de fato, ou seja, com expectativa de voar alto - ele já larga na faixa dos 8%, segundo pesquisa recente, desbancando o vetusto Ciro Gomes, candidato de longa jornada e eternos 12%, hoje em declínio -, mas, a meu juízo, tende a acabar fazendo um voo de galinha, baixo e curto. 

    Pense num sujeito rasteiro. Dissimulado, falso, fingido. Digno desse meu excesso de pleonasmo, pelo qual peço escusas ao distinto leitorado.

    Fala em inclusão social, geração de empregos, erradicação da pobreza, como se nada tivesse a ver com o cenário de terra arrasada que ele e sua OrCrim da Lava Jato nos legaram.

    Não entendo esse pessoal da Lava Jato. Parece que não estão satisfeitos com a desmoralização que já sofreram e querem mais. Álvaro Dias já anunciou que Deltan Dallagnol será o próximo a filiar-se à sua sigla e atrás dele devem vir outros ex-procuradores da mesma organização criminosa que se hospedou, como parasita, nas entranhas do Ministério Público Federal. Ao abandonarem os cargos, passaram recibo às acusações de que, no exercício das funções públicas, agiram sempre com claro objetivo político; com as filiações, reconheceram as firmas em cartório.

    Essa gente largou carreira das mais valorizadas, que lhes garantia altíssimos salários, vitaliciedade e outras garantias de liberdade funcional, para se aventurar no terreno movediço da política institucional. Deixaram o "partido judicial" que bem poderiam chamar de "Podemos Tudo" para, em regressão, filiarem-se ao só "Podemos". Ali adiante vão acabar percebendo que foram tragados para o buraco do "Nada Podemos".

    Ou entendo. Sabem que serão alvos de tiros, porradas e bombas de todos os lados na campanha presidencial que se avizinha e que não terão quem os defenda. Então, vão eles mesmos dar a cara a bater. Melhor assim. Que saibam que vão apanhar a não mais poderem. 

    Não temos como adivinhar se Moro se sustentará, se chegará de fato a ser candidato ou se terá estofo para um eventual segundo turno. Que sirva ao menos para bater em BolsoNero e irrigar voto deste para Lula, abrindo ensanchas para a vitória do petista em primeiro turno.

    E que venha mesmo. Temos, mais que preparado, o candidato ideal e afiadíssimo para fazer picadinho de marreco e o servir ao molho de galinha à cabidela. Lula sempre disse que queria muito debater com Moro e Dallagnol e derrotar o "candidato da Rede Globo". Eis que se aproxima a hora.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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