Medo de Bolsonaro é PF encontrar sinais de toma-lá-dá-cá para aprovar seu filho na embaixada
"A grande preocupação, tanto de Alcolumbre quanto de Bolsonaro é que a polícia encontre nos computadores apreendidos não provas de falcatruas do passado e sim rastros da negociação que o líder do governo vem conduzindo, em parceria com Alcolumbre, com o propósito de convencer seus colegas a aprovarem o filho de Bolsonaro embaixador em Washington e a reforma da Previdência", constata o jornalista Alex Solnik
Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia
É evidente que os agentes da PF não vão encontrar nenhum material que possa eventualmente confirmar as acusações feitas contra o senador Fernando Bezerra Coelho por um delator na busca e apreensão que realizaram ontem em seu gabinete na liderança do governo no Senado.
O episódio da propina de R$5,5 milhões que o acusam de ter recebido é de quatro anos atrás. Ele não ia deixar rastros desse episódio durante tanto tempo. E ainda por cima no gabinete que assumiu no começo do ano.
Ainda assim os policiais devassaram o gabinete, autorizados pelo ministro do STF Luiz Roberto Barroso, o que deixou ao menos duas pessoas em Brasília extremamente furiosas.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre subiu nas tamancas, declarou que gabinete de liderança é indevassável, prometeu reclamar da invasão junto ao STF. Para tentar anular a operação e invalidar o material colhido. Varrer tudo para debaixo do tapete.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, mesmo em convalescença, convocou Sérgio Moro ao Palácio da Alvorada para exigir explicações.
Imagino, a julgar pelo perfil do presidente, que o diálogo deve ter sido mais ou menos o seguinte.
Moro sabia que a PF faria a operação? Se sabia por que não barrou? E por que não o alertou?
Se não sabia – perdeu o controle da PF?
A grande preocupação, tanto de Alcolumbre quanto de Bolsonaro é que a polícia encontre nos computadores apreendidos não provas de falcatruas do passado e sim rastros da negociação que o líder do governo vem conduzindo, em parceria com Alcolumbre, com o propósito de convencer seus colegas a aprovarem o filho de Bolsonaro embaixador em Washington e a reforma da Previdência.
Eles têm paúra de que sejam encontradas planilhas com promessas de cargos ou outras cositas mais, o que, logo de cara, acabaria com o sonho de uma noite de verão de Eduardo Bolsonaro.
E carimbaria o governo, aos nove meses de mandato, com o substantivo cujo combate foi seu carro-chefe na campanha presidencial.
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