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Marcia Carmo

Jornalista e correspondente do Brasil 247 na Argentina. Mestra em Estudos Latino-Americanos (Unsam, de Buenos Aires), autora do livro ‘América do Sul’ (editora DBA).

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Milei diz ao FMI que sua ‘motosserra’ será mais severa que a exigida pelo organismo, caso chegue à Casa Rosada

'O presidenciável Javier Milei, fã de Jair Bolsonaro, planeja dizimar áreas da Ciência, da Cultura e do Meio Ambiente', escreve a colunista Marcia Carmo

Javier Milei (Foto: Reuters/Matias Baglietto)

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Três dias após o resultado das eleições primárias que definiram as candidaturas à Presidência na Argentina, o presidenciável de ultradireita Javier Milei, da Liberdade Avança, ratificou que passará a “motosserra” no Estado. Num vídeo viral publicado em suas redes sociais, Milei aparece diante de uma quadro eliminando vários ministérios.  “Ministério da Cultura, fora. Ministério das Mulheres, Gênero e Diversidade, fora. Ministério de Obras Públicas, fora, apesar das resistências. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, fora porque do setor público não sai nada útil...”.

Além de seu vídeo no TikTok, Milei ampliou, durante várias entrevistas, nesta semana, afirmações sobre outros setores que seriam dizimados em sua gestão, se eleito na eleição presidencial no dia 22 de outubro – caso seja realizado o segundo turno será no dia 19 de novembro. A lista inclui a agência estatal de notícias Telám (equivalente a Agência Brasil), o Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (Incaa) e o Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet), fundado há quase 70 anos, entre outros. Milei também pretende mudar os sistemas de educação e de saúde públicos do país. No caso da educação, por exemplo, ele pretende que os recursos públicos sejam entregues diretamente aos alunos que num sistema confuso de uma espécie de cheques (‘vauchers’) poderão escolher onde estudar. No âmbito das universidades, os argentinos passariam a pagar para estudar no sistema público, o que levou vários acadêmicos a alertarem para os valores impossíveis de pagar que seriam exigidos dos estudantes.

A preocupação com a ‘motosserra’ de Milei é crescente em vários setores. Num país onde os movimentos sociais e os sindicatos são ativos e integrantes da estrutura argentina, as medidas de Milei (se eleito) gerariam infinitas manifestações de repúdio. Nesta sexta-feira, Milei disse ao FMI que seus cortes seriam mais severos do que o próprio Fundo exige – atualmente, a Argentina já tem feito das tripas coração para atender às exigências do organismo que durante o governo do ex-presidente Macri emprestou mais de US$ 44 bilhões ao país.

A pouco mais de dois meses do primeiro turno da eleição presidencial, existe apenas uma certeza: as primárias (chamadas de PASO - Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias) revelaram um eleitorado dividido quase que em três partes – Milei, da Liberdade Avança, Patricia Bullrich, ex-ministra de Segurança do governo Macri, e Sergio Massa, atual ministro da Economia. Massa disse que se Milei ou Bullrich forem eleitos, os argentinos perderão seus “direitos adquiridos”.

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