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    Moisés Mendes

    Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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    Milionários verde-amarelos impunes também desafiam Moraes

    “A guerra contra os empresários fascistas nacionais não tem a vitrine mundial oferecida por Elon Musk”, afirma o colunista Moisés Mendes

    Alexandre de Moraes (Foto: Carlos Moura/SCO/STF)

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    Elon Musk é o mais perigoso, mas não é o único poderoso a afrontar Alexandre de Moraes e todo o sistema de Justiça. É deles, dos fascistões com a imunidade do poder econômico, a até agora mais indevassável das trincheiras na guerra que movem contra quem contraria seus interesses e desmandos.

    O cenário brasileiro pré e pós-golpe é esclarecedor. O núcleo dos milicos do golpe está todo de pijama em casa vendo Netflix. E há iniciativas da própria Justiça Militar no sentido de enquadrar seus golpistas fardados subalternos.

    Generais de Bolsonaro não teriam hoje como fazer uma rebelião no time de bocha do Clube Militar. E, mesmo que com atraso, é possível vislumbrar que o núcleo do entorno de Bolsonaro, incluindo milicianos digitais e o próprio Bolsonaro, será em algum momento enquadrado.

    Operadores da extrema direita, como Anderson Torres e Silvinei Vasques, estão no purgatório. Patriotas e manezinhos considerados executores da tentativa de golpe pela invasão de Brasília no 8 de janeiro foram presos e estão sendo condenados.

    Mas uma ala, a do poderio econômico, continua intacta. Não é a ala dos financiadores do segundo time do golpismo. Muito menos a dos laranjas que pagavam pelos ônibus, pela comida e pelo banheiro químico dos acampados.

    É a ala dos tios com muito dinheiro, alguns bilionários, até agora intocada. Alexandre de Moraes sabe do ativismo dessa turma sob investigação, que tem grandes sonegadores, contrabandistas, cloroquinistas e lavadores de dinheiro. O ministro foi atacado por eles.

    Moraes sabe que tem gente rica aparentemente quieta, mas só aparentemente. Porque essa ala, a dos grandes empresários de extrema direita, continua agindo. Estagiários de informantes da Polícia Federal e do Ministério Público sabem o que eles andam fazendo em cidades médias e pequenas da região sul.

    Mas o duelo com eles é diferente da guerra com o americano. Musk é o bilionário que provoca desaforos mundiais de forma exibicionista. Os empresários nacionais, mesmo os que eram patrioticamente mais espalhafatosos, recolheram-se e agem nas sombras desde a derrota na eleição e do fracasso do golpe.

    A guerra de Moraes contra Musk tem a vantagem da exposição para o público externo do confronto com uma figura considerada repulsiva na Europa e até nos Estados Unidos. É uma guerra com plateia internacional contra o facínora.

    O confronto de Moraes com os milionários brasileiros que sustentaram o bolsonarismo, patrocinando milícias e financiando ações criminosas, dos bloqueios de estradas aos acampamentos protegidos por milicos, se dá sem a possibilidade do apoio mundial e da adesão de uma claque barulhenta.

    Boa parte do mundo odeia Musk e torce por Moraes. Mas internamente essa torcida quase inexiste, no embate com o gangsterismo verde-amarelo. Não há vitrine, mobilização nas redes sociais e palpites de juristas, porque não é um duelo público.

    Mas o ministro sabe com quem está lidando e que o não enfrentamento dos Musks brasileiros representará uma derrota capaz de comprometer todo o cerco ao fascismo. Moraes sabe que manés acossados por buscas e apreensões essa semana em Santa Catarina são da linha intermediária do empresariado golpista. São apenas manés.

    Sabe que mesmo os identificados como financiadores de ações de antes e depois do 8 de janeiro são da segunda e da terceira divisão do bolsonarismo. Que nenhum dos presos até agora levou PF e Ministério Público aos seus chefes. E que todos os líderes civis com poder econômico continuam agindo.

    Musk se acha dono da parte do mundo que fica nas periferias, incluindo o Brasil. Os empresários brasileiros impunes se acham donos das estruturas submetidas à imposição do poder do dinheiro, incluindo o sistema de Justiça.

    Muitos deles continuam vendo o Judiciário como extensão dos grupos que controlam. Por isso apostam na impunidade para rearticular forças. São tão perigosos quanto o dono do X, porque muitos estão camuflados e não mostram a cara. Moraes sabe que também eles devem ser tirados do ar. Ainda este ano.

     

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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