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    Alex Solnik

    Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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    Militares ficam longe do 7 de setembro

    "Fora do cargo, mas talvez o militar mais respeitado do Exército na época, e vendo engrossar a onda pelo golpe, Lott comandou, a 11 de novembro de 1955 um golpe militar clássico, com tropas invadindo prédios públicos e emissoras de rádio e TV. Não há a menor possibilidade de ocorrer algo parecido", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Demcoracia

    Desfile do 7 de setembro, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil)

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    Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

    Na minha infância, o 7 de setembro tinha duas coisas essenciais. A apresentação no estádio do Pacaembu e o desfile na Avenida Tiradentes. 

    Centenas ou talvez milhares de alunos faziam evoluções no gramado, ensaiadas durante semanas em que podíamos cabular as aulas, formando bandeiras, “escrevendo” frases, sob aplausos entusiásticos dos pais, que mal nos viam, mas na saída diziam que fomos ótimos.

    A outra atração era o desfile militar na Avenida Tiradentes. Claro, não era aquele desfile de mísseis balísticos da China ou da Rússia, em matéria de armas não tinha nada de cair o queixo, era meio decepcionante, mas desfilavam os ex-combatentes da Segunda Guerra, a polícia feminina. Sim, havia polícia feminina.

    No próximo 7 de setembro não haverá nada disso. Em vez de todos esperarem um dia de sol, alegre, de confraternização, há um clima de temor. E até de pavor. O que vai acontecer no dia 7? E depois do dia 7?

    Nunca uma só pessoa, ainda mais um presidente da República, tinha criado tanto pânico na população sem nenhum motivo, apenas para atender aos seus delírios de poder absoluto.

    Em outras circunstâncias e outros períodos da nossa história, já teria sido deposto, como aconteceu em 1955. Juscelino Kubitcheck e João Goulart tinham sido eleitos presidente e vice, em outubro, mas a UDN de Carlos Lacerda conspirava freneticamente para impedi-los de assumir, a 1.º. de janeiro de 1956. 

    Quando, a 1.º. de novembro, o coronel Jurandir Mamede, que se alinhava com Lacerda, conclamou publicamente para um golpe de estado para impedir a posse de JK, ele e Jango acusados de comunistas, o General Henrique Teixeira Lott, ministro da Guerra, exigiu a sua destituição ao presidente Café Filho, que assumira com o suicídio de Getúlio, para barrar a ação dos conspiradores. Não foi atendido e então se demitiu. Mas não foi para casa.

    Com a licença de Café Filho devido a problemas cardíacos, assumiu, a 8 de novembro, o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, outro conspirador golpista, que também se recusou a punir Mamede. 

    Fora do cargo, mas talvez o militar mais respeitado do Exército na época, e vendo engrossar a onda pelo golpe, Lott comandou, a 11 de novembro de 1955 um golpe militar clássico, com tropas invadindo prédios públicos e emissoras de rádio e TV, depôs Carlos Luz e entregou a presidência ao novo presidente da Câmara, Nereu Ramos, que garantiu a posse dos eleitos, ainda que tendo de governar sob estado de sítio. O golpe de Lott foi chamado de contragolpe ou golpe preventivo.  

    Não há a menor possibilidade de ocorrer algo parecido, não há mais generais Lott, mas é evidente o distanciamento das Forças Armadas do Palácio do Planalto depois daquele melancólico desfile de tanques enferrujados. 

    Nenhum pronunciamento mais, sobre mais nada desde então. 

    Muito menos sobre o 7 de setembro, do qual estão guardando distância, para não serem associados à conotação golpista que o presidente da República deu à data.

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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