Motim antinacional à deriva
"O governo de Bolsonaro não tem projeto para o Brasil, no sentido da construção da Nação, do desenvolvimento e do bem estar de seu povo", escreve o jornalista Fernando Rosa
“Estrangeiro sai da Bolsa em velocidade recorde e tira R$ 34,9 bi em janeiro e fevereiro”, manchetou a Folha de S. Paulo em sua versão digital, no final de semana passado. Segundo a matéria, o valor equivale a quase 80% do que foi retirado ao longo de todo o ano passado, que totalizou uma evasão de R$ 179,5 milhões.
As causas da debandada são evidentes e, por certo, tem a ver com a crise internacional que ameaça explodir a economia planetária. Incertezas com relação ao impacto do coronavírus na economia, também devem ser consideradas. Assim como a desaceleração da economia dos países centrais, expressa no recém divulgado PIB norte-americano, o pior dos últimos três anos.
Mas, cada vez mais, é preciso considerar a “(ir)responsabilidade dos atuais ocupantes do Palácio do Planalto. O governo de Bolsonaro não tem projeto para o Brasil, no sentido da construção da Nação, do desenvolvimento e do bem estar de seu povo. O recente ataque organizado à presidenta do partido, Gleisi Hoffmann, é um sintoma do desgaste da administração Bolsonaro-Guedes.
Na verdade, não se trata de um governo, mas de uma espécie de motim miliciano-militar de ocupação do Brasil e escravização de seu povo. Um bando de fanáticos que, em comum, tem como objetivo vingar a derrota da ditadura, nos anos oitenta. Herdeiros do general Silvio Frota e do coronel Brilhantes Ustra, defenestrados do poder primeiro por Geisel e depois pelo povo nas ruas.
Seu projeto, como sempre dissemos, é o projeto do imperialismo da destruição das forças produtivas nacionais, e da recolonização selvagem do país. É para isso que operou a Lava Jato, que deram o golpe de Estado e que impediram Lula de concorrer em 2018. É para isso que congelaram o Orçamento da União, que aprovaram o “teto de gastos”. Com o mesmo objetivo promoveram as “reformas” trabalhista e previdenciária.
Até final do ano, o Posto Ipiranga “vendia” um futuro econômico alvissareiro, pós-reformas. No entanto, o mês de dezembro sepultou a campanha publicitária mentirosa. Os indicadores de dezembro são incontestes, divulgados por institutos de pesquisa e pelos próprios empresários, como registramos no artigo “Um grande Rio das Pedras”. A atual e azeda chiadeira da mídia rentista é expressão do fracasso.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 44% da indústria de transformação fechou o ano em recessão. Por sua vez, o varejo caiu 0,1% em dezembro, frustrando a expectativa de crescimento das vendas de Natal. Também em dezembro, o setor de serviços teve queda de 0,4%. Nem a galinha alçou vôo, por conta da liberação dos recursos do FGTS, como previam alguns economistas.
Diante disso, o governo do capitão e seus generais tentam vender a saída militar, como um exemplo de sucesso. O que o general Heleno – ajudante de ordens do general Silvio Frota – não diz é que, na época, foram contra tudo isso. Por isso, o general Silvio Frota foi demitido por Geisel, deixando no acostamento da história a turma que hoje tenta posar de “salvadores da Pátria”.
A verdade é que os governos da ditadura, diferente dos fanáticos atuais, tinham um projeto de Nação, do ponto de vista econômico. Em especial, o presidente Geisel investiu na indústria nacional, fortaleceu a Petrobras e valorizou as relações internacionais. Os generais que renegam tais fatos tinham, e continuam tendo, compromisso com outros interesses, que não os do Brasil.
De outro lado, políticos, empresários e setores da mídia ensaiam a última cruzada para encontrar uma saída. Como sempre, uma alternativa que salve os ricos de sempre – e, claro, mantenha os pobres em seu lugar. Abrem guerra contra os “maus modos” de Bolsonaro, mas protegem o ministro Paulo Guedes e “as reformas”. Atuam como porta-vozes do sistema financeiro improdutivo e espoliador.
A impressão sem limites de dinheiro, a injeção de trilhões de dólares pelos bancos centrais em “empresas que não dão lucro”, é a bomba relógio que ameaça as economias centrais. Financiar empresas tipo Uber para vender produtos e serviços pela metade do preço, sem lucros reais, empurrarão os governos para o caos. E junto, as economias e empresas dos países centrais e o que ainda resta das economias periféricas.
Por outro lado, se não dá conta da economia internamente, o atual governo não tem a menor condição de enfrentar o tsunami externo que se avizinha. Já “surtou” com a atual crise, ainda amena, ameaçando o país com um novo golpe de Estado. Se imaginam “protegidos” pelos Estados Unidos, sem qualquer compensação pela subujice. Mais grave ainda, optou pelo lado perdedor na guerra mundial em curso.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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