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Ivan Guimarães

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Muito mais médicos.... e todos os brasileiros!

No Brasil são 389 cursos de medicina, o que e mais que EUA E china. E o MEC abriu uma consulta pública para a instalação de até 90 novos cursos de medicina

(Foto: Marcelo Camargo/ag. Brasil)

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O programa “Mais Médicos”, criado em 2013, conhecido pelos “médicos cubanos”, foi um dos pontos iniciais para o afastamento da classe média do PT e seu posterior apoio ao projeto da extrema direita. Pouco conhecido até pelos militantes do Partido, o programa foi debatido de forma a exacerbar o preconceito de classe e, por fim, sepultá-lo.  

Divulgado pelo governo federal como necessário para levar assistência médica aos rincões do País, não teve sucesso. A maioria desses médicos foi instalada próximo ao litoral e 30% em São Paulo. Esses dados são de Renato Assis e foram publicados no Estado de Minas.  Já a população atendida tinha grande simpatia pelos “cubanos”, que demonstraram grande atenção com seus pacientes.     

Num seminário ocorrido em 2013, no IEA-USP, a má distribuição dos então 400 mil médicos ativos foi criticada, assim como a visão de que a simples colocação de médicos profissionais nas áreas sem assistência resolveria algum problema. Não se tratou da falta de estrutura (hospitais, laboratórios) e de outros profissionais de saúde (técnicos, enfermeiros).  

Também se apontou que a então prevista expansão do ensino de medicina deveria fugir do modelo de especialização vigente, buscando formar profissionais mais próximos do Saúde da Família, este sim baseado na experiência cubana.  

O que não se antevia à época, foi o fenômeno que vivemos, a rápida introdução de tecnologia em diferentes áreas da medicina. Só a telemedicina, disseminada durante a pandemia, vem causando uma enorme transformação nas formas de atendimento médico.   E a aplicação de robôs em cirurgias de baixa complexidade tem permitido enormes ganhos de produtividade. Mas a formação médica segue sem alterações, insistindo em formar especialistas sem utilidade.  

No Brasil são 389 cursos de medicina, o que é mais que EUA e China.  Isso representa 42 mil novos médicos por ano, que somados aos já formados atingirão 1 milhão de médicos em 2030. Provavelmente na distribuição dos médicos continuará prevalecendo o fator renda: a medicina procura locais de alta renda para se instalar.  

E as regiões desassistidas continuam sem os equipamentos mínimos que possam absorver tantos médicos. Cerca de 50% dos médicos estão concentrados em 3 estados, SP, RJ e MG.  

O crescimento exponencial continuado dos cursos tem efeitos perversos em vários aspectos. Para os especialistas a expansão acelerada vem acompanhada da piora na qualidade dos cursos, aspecto muito comentado. Embora todos os cursos sejam avaliados pelo MEC, esse tem sido um aspecto duramente criticado.  

Esse movimento expansionista   vem sendo liderado pelo setor privado, que fomentou a criação de um mercado de ensino médico, procurado pelos grandes grupos educacionais, pelo alto valor dos cursos oferecidos. Os cursos de medicina duram seis anos e suas mensalidades raramente ficam abaixo dos 14.000 reais.   

A proliferação de escolas privadas de alto custo tem trazido novidades. Por exemplo, os estudantes neopentecostais anapolenses podem fazer disciplinas em 31 países. Não consigo ver vantagem nisso ou que seja importante na formação médica.  

Neste cenário, o MEC abriu uma consulta pública para a instalação de até 90 novos cursos de medicina. O que se pretende com isso? Teremos mais médicos, embora eu acredite que isso não irá resolver os problemas. Hoje temos advogados dirigindo carros de aplicativo.  quem sabe daqui a poucos anos teremos médicos nesse papel. 

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