“Não conseguimos respirar”
O domingo do dia 7 de junho nos encheu de esperanças e de orgulho de nossos jovens, fazendo-nos crer que sinalizou o começo do fim da noite autoritária e destruidora de nosso país
O nosso último domingo (7/6) foi um dia importante para a luta contra o fascismo e o racismo. O destemor da juventude antifascista se impôs contra o temor de infiltração bolsonarista e conquistou as ruas para a luta pela democracia.
Vencemos os fascistas nas ruas não apenas pelo número de manifestantes, todos com máscaras e respeitando o distanciamento social, mas também pela legitimidade política e ética de nossas manifestações pela democracia e contra o racismo.
A palavra de ordem, “vidas negras importam”, era acompanhada pelo forte e destemido grito dos jovens de “recua, fascista, recua, é o poder popular que está na rua” deram o tom dos protestos. E não apenas no Brasil.
Em Londres, Paris, Bruxelas, Roma, Madri e outras cidades europeias também ocorreram manifestações contra a violência racial e levantando o mesmo lema “vidas negras importam”.
Depois de tomarem as ruas dos Estados Unidos, as manifestações contra o racismo se alastraram por todo o mundo, até na Austrália, revelando que a exigência antirracista está no centro da expectativa popular, e não somente das populações negras, de que o mundo não pode ser igual ao que era antes da pandemia do coronavírus.
O avanço mundial das tendências fascistas ocorridas no período anterior à pandemia e cujo epicentro é o governo Trump, começam a ser contidas durante a pandemia pelas principais vítimas de sua intolerância e violência racial: as populações negras.
A percepção de que fascismo e racismo são as duas faces da mesma moeda mobiliza nos Estados Unidos negros e brancos e acumula força para derrotar Trump nas próximas eleições de outubro.
No Brasil, a pandemia também mostrou para a maioria da sociedade o ser desumano que ocupa a presidência e tanto mal faz ao povo e ao país. A consciência de que ele é fascista e como tal despreza a vida do povo e ameaça seriamente a democracia faz gerar inúmeras frentes e manifestos antifascistas.
A violência racial contra as populações negras e indígenas que sempre foi parte do DNA do poder branco oligárquico de nosso país, explode agora sob as benções do fascismo bolsonarista.
Por isso que a luta de ontem, contra a ameaça do fascismo fundiu num só movimento a luta pela democracia com a luta contra o racismo. Desse modo, no Brasil majoritariamente negro, ser antifascista é, acima de tudo, ser antirracista.
O destemor da juventude manifestada nas ruas, repetindo o protagonismo que sempre tiveram na nossa história, pela entrada do Brasil na guerra contra o Eixo nazifascista; pela criação da Petrobras; pelas reformas de base e no movimento de cultura popular; e depois do golpe militar de 1964, na defesa da anistia, na mobilização pelas Diretas Já; nas campanhas de Lula presidente; na luta dos caras pintadas pelo impeachment de Collor; nas manifestações contra as privatizações do governo FHC; na resistência contra o golpe do impeachment da presidenta Dilma e mais recentemente, no amplo movimento das mulheres do “Ele Não”, nas eleições de 2018, tudo isso aponta para importância histórica de sua conquista das ruas contra as hordas bolsonaristas.
O domingo do dia 07 de junho nos encheu de esperanças e de orgulho de nossos jovens, fazendo-nos crer que sinalizou o começo do fim da noite autoritária e destruidora de nosso país.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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