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    Não em meu nome...

    A extrema direita que tem assento em vosso governo chanceler, só enxerga na educação o lucro possível (e a maconha que, porventura, se queima nas universidades). Não conjuga sequer um olhar para a produção acadêmica que, em larga e média escala abastece as demandas desenvolvimentistas mundo afora...

    O chanceler (meu Deus) do messias teria dito que ‘o Brasil considera que um regime como o de Maduro não tem quaisquer condições ou legitimidade para convocar ou conduzir um processo eleitoral limpo e justo’...

    Devagar com o andor. Vossa pessoa não tem competência para falar em nome do país sobre a situação interna dos vizinhos do quadrante sul; vossa pasta é de relações exteriores, pressuposto de equilíbrio, sutileza, diplomacia, elegância, reciprocidade no trato, ‘savoir-faire’ - tudo que o comentário não convola. 

    E, coincidência das coincidências, a fala prima por afagar o interesse estadunidense ao tempo em que o secretário de estado dos caras (Pompeo) engata uma visitação pelos campos do sul...

    A bem da verdade, a fala do chanceler messiânico nos transportou no tempo, lá pela metade dos anos oitenta. Lembramos Betinna, a sheepdog de nosso irmão, que abanava o rabo por nada e vivia a sorrir latindo, espumando um ‘joie de vivre’ que alegrava nossos dias...

    Brota um misto de saudade com vergonha alheia insuportável enquanto o auriverde pendão de nossa terra se esvai aos olhos de quem não acredita no que nos transformamos...

    Há um jogo sendo jogado aí fora, à luz de comentários como o do chanceler e nós outros não pedimos para jogar ou para assistir, mas não podemos mudar o dial – toca todo dia e a toda hora a mesma música...

    Quer falar da Venezuela chanceler? Vá aos números – não ao palpite raso que lhes caracteriza enquanto negacionistas... 

    Em tempo de pandemia a esperança é vermelha, chanceler. Não porque queremos, mas porque a educação é pauta histórica nossa, e é a educação, justamente, o palco desenvolvimentista da ciência, da pesquisa, da extensão... 

    A extrema direita que tem assento em vosso governo chanceler, só enxerga na educação o lucro possível (e a maconha que, porventura, se queima nas universidades). Não conjuga sequer um olhar para a produção acadêmica que, em larga e média escala abastece as demandas desenvolvimentistas mundo afora...

    Para não dizer que estamos tingindo de vermelho o debate, tomemos de empréstimo levantamento da John Hopkins University and medicine – antes de jogar pedra chanceler, lembro que ela não é vermelha... 

    A prestigiosa universidade dos pilgrins faz um levantamento diário do desenvolvimento da pandemia, demarcando suas vítimas fatais, em ordem a viabilizar um mapeamento do crescimento e da letalidade do vírus.

    Esse mapeamento contabilizava até ontem (17/09) 63.416 mortes no pais de Maduro, sendo que sua média diária varia entre oito e nove óbitos...

    Tornemos a vossa fala, chanceler: ‘um regime como o de Maduro não tem quaisquer condições ou legitimidade para convocar ou conduzir um processo eleitoral limpo e justo’...

    Falou o chanceler do segundo colocado no ranking de mortes pela covid-19, cuja média diária é absolutamente maior do que a venezuelana.  Assim, se eles não têm ‘condições’ ou ‘legitimidade’ (quem raios teria senão o Presidente daquela gente, nos perguntamos...) para seguir em frente (e processo eletivo é, em alguma medida, seguir adiante), teríamos nós enquanto maiores coveiros da américa latina? 

    Chanceler, vossa condição de ministro de um governo que (a) aplaude torturador, (b) diminui a mulher, (c) faz piada da opção sexual de homossexuais, (d) ri do esforço monumental dos negros pelo fim da secularização de sua exploração, (e) planta goiaba para colher Jesus, (f) acredita na terra plana, (g) fez regina duarte ministra da cultura, (h) queima a Amazônia sem pudor, dentre outras tragédias mais, não lhe outorga ‘condição’ ou ‘legitimidade’ para falar da Venezuela e de seus problemas. Quando muito lhe autorize abanar o rabo para Mike Pompeo. 

    Tenha um bom dia chanceler.

    Tristes e previsíveis trópicos. Seguem fazendo falta Morais Moreira, Aldir Blanc, Mohamed Ali, Eta James, Garcia Lorca, Betinna, Linda Lovelace, Charles Chaplin e meu amado Pai – dentre outros que faziam nossa vida mais feliz. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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