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    Rogério Carvalho

    Senador pelo PT-SE

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    Não são só números

    (Foto: Alex Pazuello)

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    Por Rogério Carvalho 

    A decisão de levar o caso do sergipano Ileno de Santana, morador do munícipio de Nossa Senhora do Socorro à CPI da Covid-19, nesta segunda-feira (17), procurou sensibilizar todos aqueles que acompanham os trabalhos da Comissão sobre gravidade do que estamos investigando. Illeno foi mais uma vítima do efeito Bolsonaro. Postou ele: “eu acreditei nesse gabinete paralelo, que enriqueceu laboratórios e fui parar na UTI por 25 dias, sedo 16 entubado, e depois da alta ainda convivo com inúmeras sequelas! Por isso apoio a CPI da Covid, contra esses canalhas que enriquecem a custo de mortes e sequelas”.

    Assim como Ileno, milhares de brasileiros e brasileiras foram acometidos pela Covid-19 por acreditar nas recomendações da principal autoridade do país na condução da pandemia, o próprio presidente Jair Messias Bolsonaro. Entretanto, nem todos os contaminados tiveram a mesma sorte do meu conterrâneo. Já são cerca de 570 mil mortos pela doença de acordo com as estatísticas oficiais, uma dura realidade que não precisaria ter sido assim.

    Estamos entre os países com o maior número de mortes por milhão de habitantes pela pandemia e atravessamos um processo de vacinação à conta gotas. Essa tragédia humanitária e sanitária não é um acaso. É resultado de uma opção do governo Bolsonaro, que preferiu na teoria da imunização natural coletiva a partir da expansão da pandemia a comprar vacinas em quantidade suficiente e no tempo adequado.

    É público que Bolsonaro boicotou as medidas de distanciamento social e uso de máscaras, tendo promovido diversas aglomerações e entrado no Supremo Tribunal Federal para impedir a ação de governadores contra a expansão da doença. Também é público que Bolsonaro receitou e indicou cloroquina, ivermectina e outros medicamentos sem comprovação de eficácia para o tratamento da Covid-19, com o claro objetivo de passar uma falsa sensação de segurança para a sociedade. 

    Só isso já seria o suficiente para comprovarmos os crimes sanitários do presidente da República, mas avançamos sobre temas obscuros e nefastos do governo. Não era público antes dos trabalhos da CPI que a compra de vacinas no governo Bolsonaro se tornou um grande balcão de negócios, com a presença de intermediários e a cobrança de propinas. Também não era público antes da CPI que a cidade de Manaus foi utilizada como um grande experimento em humanos para integrantes do Ministério da Saúde testarem o uso da cloroquina e do tratamento precoce. Os manauaras foram cobaias.

    Estudos comprovam que o número de infectados e de mortos é maior nos municípios em que Bolsonaro obteve maior votação nas últimas eleições presidenciais. Além disso, 300 mil mortes poderiam ter sido evitadas se o Brasil tivesse adotado as medidas sanitárias recomendadas pela ciência e pelas autoridades de saúde do mundo. O dado alarmante mais recente é de que há uma subnotificação de 12% no número de mortos, isso quer dizer que são 637 mil brasileiros mortos pela pandemia.

    A velocidade e o absurdo que é esse genocídio, que tem responsáveis com nome e CPF conhecidos, fez, por vezes, que naturalizássemos o tamanho da tragédia. Cada um desses mortos tinha família, amigos, sonhos e esperanças. Por isso, trazer o caso de Ileno à público foi uma forma humanizar o debate, de relembrar a todos que essas vidas perdidas não só números e, mais que isso, de apontar que a condução da pandemia no Brasil poderia e deveria ter sido diferente.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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