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    Alex Solnik

    Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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    Ninguém mata por causa de um livro

    Constroem-se estádios, fecham-se livrarias

    Torcida da seleção brasileira de futebol (Foto: Reuters/Rodolfo Buhrer)

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    Quando o filho nasce, quando é filho, sobretudo, o primeiro presente que ganha do pai é a camisa do seu time. Ou uma bola.

      Jamais um livro.

      Mais crescidinho, pressionam o menino para escolher um time, o pai praticamente o obriga (até com chantagem emocional) a torcer pelo seu e o momento especial é o dia em que leva o filho pela primeira vez a um estádio.

       Não - a uma biblioteca ou livraria.

       Ele ganha um dinheirinho do pai para comprar na banca figurinhas de jogadores de futebol.

       Não - um livrinho infantil.

       Sabe de cor os nomes dos jogadores do seu time e até do exterior.

       Mas não os nomes de escritores.

       Todos os meios de comunicação, sobretudo a televisão, os patrocinadores e os próprios times, martelam na cabeça do torcedor que ele tem que dar a vida por seu time. E muitos dão.

       Ninguém morre ou mata por causa de um livro.

       As pessoas pagam uma grana para desfilar com a camisa do seu time com a marca do patrocinador estampada.

       Ninguém anda com camisa de uma capa de livro.

       Sobram patrocinadores para o futebol, mas minguam para os livros.

       Há dezenas de mesas redondas na TV discutindo quem joga melhor; nenhuma para debater quem escreve melhor. 

       Constroem-se enormes estádios; fecham-se livrarias.

       Pagar 200 reais para ver futebol é barato; 60, por um livro, é caro.

       Jogadores de futebol ganham fortunas; escritores ganham migalhas.

       Quando eu cheguei ao Brasil, em 1958, o povo cantava e dançava nas ruas:

        “A taça do mundo é nossa/ com brasileiro, não há quem possa”. 

       Aqui era o país do futebol. 

       E continua sendo.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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