No céu tem cloroquina?
A nós, resta torcermos pela cloroquina, e para que ela seja capaz de curar, além do vírus, toda a estupidez encruada nas entranhas dessa gente estranha, doida e nociva a sociedade como um todo
Expressões como: “vírus chinês” e “vírus comunista”, estão sendo usadas por bolsonaristas para desqualificar o perigo ao qual todos estamos submetidos neste momento. Isto prova que, para eles, é mais importante combater a nacionalidade e a ideologia política (sic) do vírus, do que a sua letalidade. Embora, eles não acreditem na existência do mesmo, mas recomendem a cloroquina como remédio para curá-lo. É tudo muito confuso. Diria, estúpido até. Difícil acompanhar tal raciocínio, sendo alguém normal.
Uma sucessão de idiotices e bizarrices, oriundas da mais latente falta de nexo, está tomando conta da mente de muitas pessoas. Raciocínios desconexos, que mais parecem intervenções obsessoras, está fluindo com uma naturalidade assustadora. E vem de gente fina, elegante, nem tão sincera assim, mas, que pelo níveis social e econômico aos quais estão elevados, causa estupefação e medo. Elucubrações que sugerem um complô organizado pelos chineses, com o apoio do Governador de São Paulo, João Dória, e com a chancela do Foro de São Paulo, para implementar uma ditadura comunista no país. Isso não é razoável!
Outros tantos, enxergam uma conspiração mundial para derrubar Bolsonaro. A não aceitação da cloroquina, seria uma prova de que ele estaria sendo boicotado em sua grande descoberta medicinal. Ou seja, Bolsonaro tem a cura para um vírus que mantém o mundo inteiro em cativeiro, mas, ninguém quer ouvi-lo. Ele é uma espécie de João Batista a clamar sozinho num deserto de traidores e conspiradores, que preferem que a humanidade sofra, a reconhecer que ele é possa ser o seu salvador. Que loucura, bicho!
Não tarda a aparecer gente dizendo que esse vírus foi fabricado num laboratório clandestino, que fica escondido no tríplex do Lula, e cujos estudos foram bancados com o dinheiro da Lei Rouanet. É uma lógica possível dentro do raciocínio do gado bolsonarista. O desnorteio no rebanho do mito é tão grande, que tenho visto cariocas postando “Fora Dória” e paulistas gritando “Fora Witzel”. As figuras constituídas pelo presidente como seus inimigos, passam a ser inimigos de seus seguidores, sem que se estabeleça o menor senso crítico diante dos fatos e dos acontecimentos. O comportamento é o de adoradores de uma seita.
O presidente, que não é Médico, e que também não se comporta como presidente, passa a prescrever uma medicação de forma criminosa, diante da omissão da justiça e dos conselhos de medicina do país, e seus seguidores sentem-se não só encorajados a tomar tal medicação, como também a indica-la a outras pessoas. Essa “pajelança” neo liberal e irresponsável, com todo respeito aos nossos legítimos e dignos Pajés indígenas, pode causar algo bem pior neste cenário que já não é dos melhores. Até onde isso vai? Quem vai parar Bolsonaro e sua seita de fanáticos insidiosos?
Líderes religiosos seguem estimulando as suas ovelhas a descumprirem o isolamento, alegando que tudo é uma farsa. Por que estes não estão sendo responsabilizados criminalmente? Por que eles, de posse de seus poderes sobrenaturais recebidos do próprio Deus, não estão operando os milagres que prometem em suas Igrejas e curando os infectados? Quais seriam as suas reais intenções, expondo fiéis ao contágio de um vírus que pode ser letal? Seria o medo de que as pessoas descobrissem que é possível encontrar-se com Deus, fora dos templos “salomônicos” e “malafaianos” nos quais são mantidas como reféns da vaidade, da ganância e da falsa autoridade espiritual de seus líderes?
A nós, resta torcermos pela cloroquina, e para que ela seja capaz de curar, além do vírus, toda a estupidez encruada nas entranhas dessa gente estranha, doida e nociva a sociedade como um todo. Brincando com a morte como estão, acredito que no céu também deva ter cloroquina. E para quem não tem o dom de ressuscitar, recomendo que evite aglomerações.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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