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    Moisés Mendes

    Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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    No desespero, Bolsonaro arma a arapuca e pede para ser preso

    "Prender Bolsonaro logo depois do retorno ao Brasil pode ser uma arapuca preparada pela própria extrema direita", opina Moisés Mendes

    Jair Bolsonaro e terroristas bolsonaristas em Brasília - 08.01.2023 (Foto: Reuters | Marcelo Camargo/ABr)

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    Por Moisés Mendes, para o 247

    Depois do estrago feito pelo rodo de Alexandre de Moraes, com as ordens de prisão contra um coronel da PM e um delegado da Polícia Federal, amplifica-se uma dúvida.

    Não é um dilema qualquer. É o que tenta levar a uma conta de chegada os ganhos e as perdas com a eventual prisão de Bolsonaro.

    A tentação é uma armadilha. Ser preso pode ser a última chance do fujão de ter um final que, em seus delírios, considere heroico.

    Bolsonaro fugiu e se degrada todos os dias. Está fragilizado moral, política e fisicamente.

    Em poucos dias, será o líder só dos filhos, porque até os manés o abandonarão, depois de terem sido abandonados.

    Prender Bolsonaro logo depois do retorno ao Brasil pode ser uma arapuca preparada pela própria extrema direita.

    O que a guerra contra o fascismo ganharia com Bolsonaro encarcerado, se ele talvez não consiga liderar mais nada e se pode ser cercado e preso mais adiante, na hora certa?

    O que importa hoje é conter os poderosos que sempre sustentaram a estrutura montada ao redor de Bolsonaro. E eles não são os que alugaram ônibus para a invasão de Brasília.

    Não são os donos de fazendolas e biroscas do Mato Grosso, de churrascarias de São Paulo ou de serralherias em Goiás.

    Esses devem ser contidos como criminosos financiadores das ações terroristas do domingo, mesmo que nunca mostrem a cara.

    Mas o financiador do esquema de Bolsonaro, desde antes da eleição de 2018, não é esse patriota da hierarquia intermediária.

    O financiador é o grande manezão que desafia o Supremo e o TSE há anos. O manezão milionário que sustentou o poder paralelo de Bolsonaro e ainda sustenta o manezinho tem expertise.

    Já foi cercado, já escapou, voltou a agir, recuou e hoje se apresenta até entre os arrependidos.

    Não usa PIX, porque está acima dessa chinelagem, e deve contar com dezenas de operadores sem ligação direta com ele para fazer o trabalho sujo.

    O manezão apaga rastros e vai escapando, enquanto Moraes manda prender o coronel Fabio Augusto Vieira, ex-comandante da PM do Distrito Federal. O ministro vai encarcerar o primeiro militar de alta patente.

    Logo depois determinou a prisão do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres. Vai pegar um delegado da Polícia Federal.

    Mas ainda falta mandar encarcerar o primeiro civil histórico e graduado do bolsonarismo.

    Manés e patriotas amadores e profissionais presos pelos atos terroristas em Brasília foram empurrados para a delinquência pelo ambiente criado por Bolsonaro com o suporte dos militares.

    Ambiente que não existiria, com gabinete do ódio, fábrica de fake news e milícias digitais sem a ajuda de gente com dinheiro de fora do governo.

    Gente que fez militância golpista contra Dilma, que ajudou a puxar o jogral da prisão de Lula, tumultuou a eleição de 2018 e tentou sabotar a eleição do ano passado. Alexandre de Moraes conhece todos eles e conhece mais ainda o fascistão.

    Ninguém pede pressa ao ministro. Mas o Brasil sabe que em algum momento, na hora certa, ele irá pegar o fascistão que o desafia há anos.

    Conter o fascistão impune, que escapa sempre do Ministério Público e da Justiça, é mais importante hoje, como ação exemplar, do que pegar qualquer outro extremista.

    A prisão do fascistão seria decisiva para tirar a cadela do fascismo do cio. O fascistão é o cachorrão, o cão de guarda de Bolsonaro.

    Esqueçam Bolsonaro, que cairá mais adiante, e concentrem-se no manezão.

    Mas não esperem muito para tirar o mané fascistão da colônia de férias da impunidade, ou ele escapa de novo.

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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