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    Carlos Henrique Abrão

    Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo

    161 artigos

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    O colapso político

    Sem uma definição em curto prazo e a entrega provisória do poder a pessoa responsável, confiável e que ostente credibilidade, brincaremos de democracia jogo esse perigoso para o retrocesso institucional sem igual na quadra do século XXI

    17/03/2015- Brasília- DF, Brasil- Michel Temer, Padilha, Moreira franco (Foto: Carlos Henrique Abrão)

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    Enfrentamos a mais séria crise que abala todas as estruturas da República provocada pelo colapso político. A ruindade chega a tal ponto de já cogitarmos mais um impedimento presidencial. A economia estagnada o crescimento bastante distante e o desenvolvimento descompassado com a realidade, mas a nata da classe política não se importa investimentos paralisados e um movimento de muitos brasileiros rumo ao exterior em definitivo.

    A fantasia de um País misturado pelo futebol e carnaval atinge seu ápice com a desolação e total desanimo, tamanho o desemprego, cujas ambicionadas reformas já foram para as calendas. Enquanto isso na vizinha Argentina o Presidente Mauricio Macri assume a liderança do G20 é visitado pelos grandes líderes mundiais, ao passo que todos somem do Brasil que virou terra de ninguém um deboche e total desunião. A esquerda fracassou a direita naufragou e mantém o status quo de voto obrigatório de propaganda obrigatória e fundos partidários bilionários para favorecimento dessa casta que leva o Brasil ao caos numa velocidade de fórmula 1.

    Perdemos a sintonia e o ritmo de uma sociedade pacificada e completamente antenada com o moderno. As brigas e disputas pessoais são a ilusão de uma verdadeira terra sem lei, de vários estados destruídos pela malversação do dinheiro público e prefeituras contaminadas pela redução do repasse dos fundos de participação. A quem interessa o caos total? Quais são os legítimos defensores desse colapso político? Aonde poderemos chegar?

    Os tucanos movidos pelo fisiologismo já desembarcaram do governo e a base está ruída, mas é um movimento nitidamente irmanado
    pelas forças cariocas descontentes com a recuperação da dívida e a falência do Estado do Rio de Janeiro. Não está imune a mídia e seus interlocutores mais por medo de entrar na operação lava jato do que participar a vontade popular. A chapa deveria ter sido cassada para se evitar trucidar a República e desarticular o principio federativo. No exterior poucos entendem o que se passa assim o traumático procedimento de impedimento anterior causou profundos sulcos, agora tudo se renova se repete e desgasta muito as instituições.

    Correremos o risco da desinstitucionalização mediante o massacre de vozes sem reverberação que preferem a anarquia e a bagunça generalizada, ou sustentaremos a governabilidadade? Muito importante seria que elaborássemos uma legislação a qual permitisse candidaturas sem filiação partidária ou esquemas que são sempre descobertos depois das eleições e facilitássemos a vinda de políticos do exterior para que trouxessem a experiência e praticassem governos não corruptos.

    O tempo é de grandes transformações em vários setores mas há sempre uma dúvida, sairemos melhores tantas sangrias ou a hemorragia contaminará todos os setores indistintamente? Há um estado de cansaço de estresse além da apatia que se abate sobre a sociedade civil, não sendo antecipadas as eleições, o ano de 2018 contemplará alta taxa de
    votos nulos, em branco e uma enorme abstenção daqueles que não enxergam solução pela via política.

    A situação pede um discurso político mas que passe ao largo do atual colapso que tem sido impiedoso. A mudança de tabulação dos juros pelo BNDES poderia trazer alivio para empréstimos de micro e médios empresários, na TJLP, mas ainda é pequeno o esforço para descortinar um amanhã do crédito e das garantias que propiciem uma volta ao estado de crescimento.

    Nada antes se viu como agora e temos dificuldade de avaliação, já que os preços no Brasil, por inúmeros fatores, são abusivos. Ficamos caros antes de participarmos riqueza, já que somente distribuímos pobreza, miséria e violência espalhada para os quatro cantos do País. O colapso político segmenta a sociedade e transforma a cidadania em refém do que decidem nos bastidores e deliberam para a Nação.

    Nada nos impulsiona para a resolução de todos os problemas, ao contrário as reformas perdem terreno e fôlego, fomos novamente enganados, ludibriados e encapsulados pela névoa de trevas que sucedem de modo frequente e interminável. Do tempo sereno da democracia para uma tempestade perfeita que impede a governabilidade e fulmina a economia como uma subcategoria do domínio das forças que tentam sobreviver junto ao poder corroído por escândalos de toda sorte e índole.

    Não avançamos em tratados internacionais, o famigerado Mercosul é uma estagnação total e correremos o sério risco de pontuar um produto interno bruto desprezível em 2018 no cenário em preparação para as eleições com a copa do mundo a ser realizada na Rússia. A desmoralização da República é nítida, evidente e inequívoca, com um regime federativo minado e desarticulado pelo déficit publico acima de três trilhões de reais.

    O consumidor se assusta e para de realizar negócios, os planos de saúde praticam reajustes abusivos e continuamos a ser uma terra sem lei, sem princípios, sem moral, sem ética, sem classe política que luta pelo interesse comum e bem estar. Sorvidos pelos escândalos do poder a evidencia do colapso político abre mais um caminho na história visando novo processo de impedimento, resta saber se a nossa democracia aguentará tamanha imbecilidade institucional e fragmentação das forças vivas que emblematicamente caminham na direção de uma estagnação econômica e calotes do poder público em curso.

    Sem uma definição em curto prazo e a entrega provisória do poder a pessoa responsável, confiável e que ostente credibilidade, brincaremos de democracia jogo esse perigoso para o retrocesso institucional sem igual na quadra do século XXI.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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