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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”. https://noticiariocomentado.com/

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O futuro depende de leis fortes contra o poder das big techs

Elon Musk que se defenda judicialmente de suas más condutas, e que sejam tomadas providências contra suas ingerências políticas contra democracias

Rede social X (Foto: Dado Ruvic / Reuters)

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O escândalo envolvendo a Cambridge Analytica, o Facebook e a eleição de Donald Trump, em 2016, era na verdade um grão de areia no universo de possibilidades e potencialidades hoje detidas pelas big techs. Microsoft, Meta, Google, Apple e Amazon têm poder demais? Vivemos subordinados aos algoritmos? Parece que sim. O tema exige discussões aprofundadas, pois o futuro se atrela a ele. Conclusões sumárias não são bem-vindas, mesmo porque inúteis.

O caso Cambridge exerceu função pedagógica e jogou luz sobre cenários vindouros. Em 2017, com Trump eleito, não se tinha nem sequer uma visão de curto prazo a respeito. As legislações não detêm, sozinhas, o condão de ordenamento do futuro.

O que sabemos, por ora, é que as tecnologias desenvolvidas pelas big techs farão parte do mundo por muito tempo, o que significa que as gigantes do Vale do Silício americano - várias com sede administrativa na Irlanda do Norte – não merecem tanto poder. Recordemos: há 100 anos, as big oil, gigantes do setor petrolífero, ditavam o ritmo socioeconômico global e sua influência levou à criação de leis antitruste, mas ainda hoje a posse do petróleo gera conflitos entre nações e a oscilação do preço do barril descontrola economias mundo afora.

Cada vez que grandes corporações tomam conta de um segmento de mercado – monopólio é a palavra -, abre-se uma grande discussão sobre o futuro da vida na Terra diante de tanto poder concentrado. Quando esse monopólio envolve um campo novo do conhecimento que evolui exponencialmente a cada dia, o debate adquire contornos ainda mais graves. Quem pensa no futuro com honestidade intelectual sabe que não há inocentes no império dos algoritmos. É por isso que normas claras, precisas e saudáveis precisam ser criadas, disseminadas e cumpridas.

Em outubro de 2021, o Facebook, sem dúvida com esqueletos no armário, percorria sua Via Crucis. Uma reportagem do Wall Street Journal demonstrava que personalidades com milhões de seguidores, como Donald Trump e Neymar, dispunham da regalia de burlar certas normas da rede social sem serem incomodadas. Exatamente o que não pode ser franqueado a Elon Musk, dono X, hoje.

Musk que se defenda judicialmente de suas más condutas, e que sejam tomadas providências contra suas ingerências políticas contra democracias, como a brasileira.

Fato é que condutas a priori condenáveis serão a regra enquanto o setor como um todo não for objeto de discussão aprofundada, da qual devem participar profissionais de comunicação, de tecnologia, governantes, economistas e juristas em âmbito global. As big techs e as redes sociais exigem um amplo debate, pois o futuro depende do seu papel no mundo e da sua capacidade de determinar comportamentos.

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