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    Luís Carlos Romoli de Oliveira

    Publicitário, jornalista e roteirista

    9 artigos

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    O "imbróglio brasileiro"

    Não será agora que iremos nos tornar colônia da potência militar imperial desta nossa era, exatamente no momento em que ela se desintegra no emaranhado de seus terríveis erros nos quatro cantos do mundo

    Ontem, a direita com seus 33% de controle sobre as massas, cheia de testosterona e de milicianos com seus AR-15 se juntou em um golpe de estado sem canhões com outros 33% de indecisos sem causa, apeando de forma suja e ilegal os 33% da esquerda de seus quase 20 anos de poder.

    Hoje este grupo vitorioso de 66% se fragmenta e suas várias facções, algumas armadas, como as de Bolsonaro, se enfrentam em luta de vida ou morte pela hegemonia do poder recém conquistado.

    A esquerda fiel e coesa de 33%, alvo preferido da truculência da direita, e sem armas mas com muito mais inteligência, apesar de dispersa é ainda muito articulada e barulhenta (exceto Ciro Gomes que volta às suas reais origens oligárquicas) e de camarote assiste a luta fratricida da direita de 66% que chega neste exato momento ao ponto de enfrentamento armado, numa espécie de guerra civil apenas entre entre as facções da direita.

    No tabuleiro do xadrez político vemos nitidamente ao menos dois grupos da direita prontos a se enfrentarem: de um lado as milícias fora da lei de Bolsonaro, entranhadas no topo dos ministérios, nas polícias e até mesmo nas forças armadas, e do outro lado, a direita dita legal e teórica, mas sem armas porém com muita brilhantina, muito dinheiro, charme, contas milionárias no exterior, os principais meios de comunicação, os postos-chave da administração pública, os nichos do sistema jurídico, e teóricamente quase todos os canais diplomáticos com a comunidade internacional.

    Divididos entre estes dois extremos da direita e entre a própria esquerda, ou os 100% dos brasileiros, vemos as "gloriosas" forças armadas brasileiras (não confundir com o bando armado de Bolsonaro), combalidas e cansadas de tanto vai-e-vem no sistema político brasileiro, que neste momento se vê entre a cruz da fidelidade à carta-magna da nação e a espada da ilegal fortuidade do encanto pelo poder, representado pelo assédio de Bolsonaro para se juntarem à causa espúria do capitão rebelde, fora da lei, suspeito de tantos crimes inclusive de sangue, e ora perseguido como "bandido número 1" pelo também combalido e surreal sistema jurídico brasileiro.

    De olhos grudados nas TVs, nos jornais, nas mídias sociais está o incógnito povo brasileiro, que com todas as vira-voltas destes últimos anos acabou por se desvencilhar, ou simplesmente se sentir livre das amarras políticas e ideológicas confusas e em choque entre si, que hoje representa para estes nada mais do que um grande ponto de interrogação: não se pode mais dizer a quem a grande maioria do povo brasileiro está incontinentemente apoiando neste imbróglio político que se tornou o Brasil.

    Some-se a este imbróglio indigesto o mais novo dos ingredientes,  a pandemia do Corona vírus --que já ceifou a vida de mais de vinte mil brasileiros tornando-se em apenas poucas semanas o maior pesadelo do povo brasileiro, muitíssimo maior do que aquele político-- e temos um caldo de sabor totalmente desconhecido dessa população brava, paciente e esperançosa que há várias gerações, desde a proclamação da república em 1892 se vê involta em intrigas, revoltas, rebeliões das mais diversas formas e origens, que de forma geral tem apenas atrasado de forma significante o desenvolvimento econômico, intelectual, político, espiritual destes 220 milhões de cidadãos, que um dia, lá atrás nos anos 1800 disputava com os Estados Unidos a condição de país mais rico e promissor de todas as Américas, ao ponto de suas moedas se equipararem então no patamar de mais ou menos 1 X 1, e hoje, depois de tantos erros chegamos ao patamar de 6,5 X 1, ou seja, nossa riqueza e nosso poder de compra desmoronou mais de 6 vezes em apenas 150 anos.

    Com muito trabalho e persistência deixamos de ser colônia de Portugal, da Espanha, da França, da Holanda, e da Inglaterra, cada uma em seu tempo na história.

    Não será agora que iremos  nos tornar colônia da potência militar imperial desta nossa era, exatamente no momento em que ela se desintegra no emaranhado de seus terríveis erros nos quatro cantos do mundo.

    Tomara que o fio condutor de nossa histórica luta vitoriosa contra o colonialismo opressor continue firme e forte neste momento, e nos conduza através de mais está tempestade em busca de um novo e mais promissor amanhã.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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