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José Reinaldo Carvalho

Jornalista, editor internacional do Brasil 247 e da página Resistência: http://www.resistencia.cc

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O Ocidente caça gatos, enquanto provoca e persegue o urso

"Fustigaram o urso, agora caçam gatos. Oxalá não impeçam com o delírio punitivista que se busque o caminho da paz", escreve o editor José Reinaldo Carvalho

Vladimir Putin (Foto: Sputnik/Nikolai Khizhniak)

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Por José Reinaldo Carvalho - A notícia mais cretina e incrível, em meio à crise humanitária na Ucrânia, no oitavo dia da guerra no Leste Europeu, foi gerada na Federação Internacional de Felinos (FIFe). A organização proibiu gatos de propriedade russa de competir em seus shows, em represália à operação militar especial desencadeada no dia 24 de fevereiro. Felinos pertencentes a residentes russos serão proibidos de entrar nos shows da FIFe. Além disso, nenhum gato criado na Rússia pode ser importado e registrado em um livro de pedigree da FIFe, disse a federação. 

O despacho afirma ainda que as sanções permanecerão em vigor até pelo menos maio e podem ser estendidas, dependendo do que acontecer na Ucrânia. A FIFe disse que usará parte de seu orçamento para apoiar criadores e criadores de gatos na Ucrânia. “Nossos colegas criadores de felinos ucranianos estão tentando desesperadamente cuidar de seus gatos e outros animais nessas circunstâncias difíceis”, disse a federação.

Como se vê, a perseguição internacional à Rússia vai muito além do cerco militar, do fornecimento de armas à Ucrânia e das severas sanções econômicas. Outras organizações fora do âmbito político, diplomático, militar e midiático também foram mobilizadas para promover o isolamento total da Rússia. Atletas russos foram impedidos de participar em competições internacionais e músicos estão sob  o impacto do rompimento de seus contratos profissionais no exterior.  

Depois de décadas promovendo o cerco à Rússia, expandindo as forças da Otan na direção do seu território, implantando armas nucleares nas regiões central e oriental da Europa, além da ocidental, ocupada desde há mais tempo, parece que as potências imperialistas ainda não compreenderam o caráter do povo russo, o horizonte de sua estratégia, o pragmatismo de sua diplomacia e a capacidade dos outros fatores do poder nacional russo. 

Há muito tempo, no mínimo um quarto de século, o país eurasiano enviou mensagens aos poderes ocidentais, pedindo apenas garantias de que sua segurança não seria ameaçada. Para não me perder em detalhes, relembro apenas o discurso do presidente Vladimir Putin na Conferência de Segurança de Munique, em 2007, sua entrevista coletiva à imprensa nacional e internacional de 23 de dezembro do ano passado e os memorandos enviados pela Chancelaria russa à Secretaria de Estado dos Estados Unidos e à Otan. 

Os EUA e seus parceiros na Otan atiçaram um clima belicista na Europa Oriental contra a Rússia, acenderam as chamas da guerra e fixaram o ponto de não retorno. Impactados com a reação russa, empenham-se agora na operação de isolamento total. Ideologizam o embate, caracterizando o confronto como uma luta entre os regimes “democráticos” e os “autocráticos”, em clara sinalização de que não visam apenas à Rússia. 

A estratégia atual das potências imperialistas é o corolário de uma situação caótica que se instalou no velho continente e afeta todo o planeta. Situação que urge ordenar, a partir de um novo pacto baseado em nova concepção de arquitetura de um sistema e segurança, em que um dos lados não seja impunemente ameaçado. EUA, União Europeia e Otan fingem que não veem, até que as populações européias sintam que é a própria segurança que se encontra ameaçada, com a presença de bases militares e armas nucleares estadunidenses em seu território. 

No momento em que o país das noites brancas concertou com a China uma amizade perene, dando um passo fundamental para a fundação de um novo sistema internacional multipolar, os Estados Unidos, vivendo um prolongado processo de declínio e atônito com a perda do seu poder unipolar, pretende instaurar uma nova guerra fria, cujo marco não será mais Berlim, mas a Ucrânia, país que escolheram, em cumplicidade com seus parceiros europeus, como bucha de canhão para uma guerra tão inútil como perdida, ao preço de impagável crise humanitária. 

Fustigaram o urso, agora caçam gatos. Oxalá, não impeçam com o delírio punitivista e isolacionista, que se busquem, por meio da negociação, os caminhos que conduzam ao restabelecimento da paz.

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* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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