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Jorge Folena

Advogado, jurista e doutor em ciência política.

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O povo precisa ouvir a voz do Presidente Lula

"Lula e seu governo precisam entender que não dá mais para continuarem a fazer a mesma velha política", escreve Jorge Folena

Presidente Lula (Foto: Ricardo Stuckert)

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Começo o artigo de hoje pelo ensinamento do filósofo e professor italiano Domenico Losurdo, que, em seu livro Contra-História do Liberalismo desnuda o regime liberal que, com toda a sua pretensão de comandar o mundo, é constituído por graves contradições; pois não é democrático nem respeita as liberdades fundamentais e, desde a sua fundação, revelou-se belicista, exploratório, violento e autoritário. 

Digo isto porque o governo dos Estados Unidos da América, país que vende para os demais a imagem de “maior democracia do globo”, sem autorização judicial ou acusação formal, impediu recentemente que Scott Ritter (cidadão norte-americano e ex-integrante das forças armadas daquele país) pudesse viajar para participar do Fórum Econômico de São Petersburgo, na Rússia. Os agentes do governo norte-americano retiraram Scott Ritter de dentro do avião comercial e apreenderam o seu passaporte. Ou seja, os Estados Unidos não é um país democrático; ao contrário, é autoritário e formado por uma classe dominante cínica, que impõe destruição e morte aos que ousam tentar escapar da sua esfera de influência.

Nesse ponto, considero importante registrar que o Presidente da China manifestou recentemente que seu país está pronto “para defender a justiça no mundo com a Rússia”, numa clara alusão ao processo em curso, internacionalmente, que busca construir o equilíbrio das forças políticas e sociais, no qual o Brasil e sua principal liderança, o Presidente Luís Inácio Lula da Silva, terão um papel preponderante.

Outro exemplo desse processo de estabelecimento de um novo equilíbrio de forças mundiais foi a manifestação do presidente Xi Jinping, em 07 de junho em Pequim, ao vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, quando disse que: “como países em desenvolvimento  e importantes economias emergentes, os laços entre China e Brasil vão muito além das relações bilaterais e são um modelo para promover a solidariedade e a cooperação entre nações em desenvolvimento, e também para a paz e a estabilidade mundial”.

Este cenário de acentuada reestruturação geopolítica deve ser acompanhado com muita atenção pela classe dominante brasileira, para evitar ficar ainda mais distante do curso da história universal, uma vez que o Brasil, sob a liderança de Lula, está apresentando excelentes resultados econômicos, com significativos superávits comerciais, como reconheceu o analista de mercado financeiro Robin Brooks. 

É preciso entender que hoje, o principal parceiro comercial do Brasil (e, lógico, da sua classe dominante, que controla o Estado) é a China, que tem entre seus objetivos garantir um mundo mais justo para as demais nações e povos; assim, diversos países estão se unindo num pacto de mútua cooperação para o desenvolvimento conjunto e para se contraporem à exploração abusiva e espoliadora decorrente do modelo econômico liderado pelos Estados Unidos da América do Norte, que ao longo de seu predomínio promoveu uma concentração absurda de capital e levou destruição e desespero por todos os lugares que despertaram sua cobiça. 

Dito isto, ingresso no tema central, em continuação ao que apresentei no último texto, sobre a necessidade de que os integrantes da ala progressista do governo entendam, de uma vez por todas, que precisam exercitar o espírito de enfrentamento à classe dominante e ao fascismo, para lograr transformar as estruturas do país e fazer com que as riquezas nacionais beneficiem a todos os brasileiros; caso contrário, elas continuarão a ser entregues a preços de banana por projetos lesivos ao desenvolvimento nacional, aprovados pelos integrantes das bancadas do cinismo, que não representam os reais interesses da população brasileira, mas os de seus financiadores.

Veja-se a estratégia do presidente mexicano Andrés Manuel Lopez Obrador (AMLO), que diariamente reúne seu governo nas “Conversas Matutinas”, usadas para comunicar-se diretamente com a população mexicana, quando explica o que governo está fazendo e demonstra com clareza as dificuldades encontradas.

Esta ação contribuiu, com certeza, para a vitória, na eleição presidencial, da Dra. Claudia Sheinbaum, uma mulher de esquerda, que obteve mais de 59% da votação e conseguiu eleger uma expressiva maioria parlamentar, necessária para continuar e levar adiante um programa de governo democrático, popular e progressista para o México.

A lição que vem do México, país muito parecido com o Brasil, dá o sinal de que o presidente Lula e seu governo têm que se aproximar do povo brasileiro e começar a expor com clareza e didática os seus objetivos, além de explicar os entraves e dificuldades impostos por uma classe dominante que trabalha noite e dia contra a soberania do país. 

Lula e seu governo precisam entender que não dá mais para continuarem a fazer a mesma velha política pela via institucional (parlamento, governo e judiciário) e que, para implementar as transformações necessárias no país, é preciso que se coloquem junto da população, para ouvi-la, conhecer suas carências e estabelecer projetos visando suas necessidades específicas. 

Um governo democrático e progressista não pode ter medo do povo, seu único aliado; muito menos da cara feia dos fascistas, que só querem promover caos e destruição; nem dos comentários da imprensa empresarial, que nada mais faz do que defender seus interesses de classe.

Com efeito, se o governo ainda não tem no Parlamento a maioria para fazer as mudanças que precisa e aprovar as medidas necessárias para a governabilidade, o presidente Lula deve se abraçar ao povo que o elegeu em 2022, para levar adiante seus objetivos, aprovados democraticamente, que vêm sendo sabotados pela classe dominante do país, cujo projeto neoliberal foi derrotado eleitoralmente, mas continua a empregar sua tropa de choque fascista para mentir e criar embaraços ao governo eleito.

O presidente Lula tem liderança, carisma e sabe se expressar como ninguém neste país. Gostaria de ouvi-lo diariamente nos canais do Governo, em todas as redes dos partidos de esquerda, nas mídias alternativas que o apoiam e mais vezes em cadeia nacional de rádio e televisão, para fazer com que seus sonhos, propostas e dificuldades cheguem a milhões de brasileiros, a exemplo do que faz Lopez Obrador no México; volto a dizer, país muito parecido com o Brasil e com uma classe dominante igualmente colonial e atrasada.

Presidente, vamos aumentar o tom político, com menos burocracia e mais próximo do povo! É possível de ser feito e o senhor tem plena disposição para isto, pois é um estadista e grande líder popular. Além do mais, hoje o Brasil conta com o importante apoio internacional dos seus parceiros comerciais do Brics e do mundo multipolar em expansão. Sem medo de ser feliz, que a hora é esta!

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