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Mario Vitor Santos

Mario Vitor Santos é jornalista. É colunista do 247 e apresentador da TV 247. Foi ombudsman da Folha e do portal iG, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasilia da Folha.

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Onda de ameaças digitais de ataques a escolas está a serviço de guerra híbrida

O país testemunha a caminhada da extrema-direita, fora do poder, em direção a ações mais radicais e que só lhe renderão ainda mais isolamento político

(Foto: Fernando Frazão/Ag. Brasil)

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 Desde a intentona de 8 de janeiro, incentivada pelo ex-presidente da República e pelo Alto Comando das Forças Armadas, o núcleo da base militante bolsonarista entrou em depressão.

 Para o estado do ex-presidente, a melhor definição é pânico.

 Quanto à base, são tantas as alternâncias de reações e os estados de fraqueza num grupo populacional volumoso, que o observador tem dificuldade de encontrar uma só palavra para defini-lo.

 Seja como for, a onda de ameaças (a maioria falsas, mas como saber?) contra escolas assumiu a marca de escalões celerados do  bolsonarismo, parte do qual metamorfoseou-se numa mutação anarquista.

 O combustível é o sentimento, generalizado nos grupos de bolsonaristas, de profunda frustração com a sociedade pela derrota de seu líder, que julgam injustiçado em sua "bondade e amor pelo país".

 Dentre esses grupos, descentralizados e alheios a hierarquias, despontam neonazistas concentrados especialmente, mas não só, na região sul do país.

 Só em Santa Catarina, investigações dão conta da existência de mais de 500 grupo de neonazistas.

 Por cima desse caldo de frustração, estruturas mais sofisticadas, interessadas e conscientes, inclusive militares e de inteligência, põem em marcha expedientes de guerra híbrida, para semear o medo e o pânico.

 Não é por acaso que esse recrudescimento das ameaças contra escolas coincide com o anúncio da investigação,  por tribunais civis, do envolvimento de millitares, inclusive generais, no 8 de janeiro.

 O fato é que está  em marcha uma espécie de "Salve" de índole bolsonarista, à maneira da tática das facções.

 Não há a menor chance de esses procedimentos prosperarem. A imagem de Bolsonaro, porém, está associada a um tal estímulo violento.

 Essa fama nao será alegada, mas certamente não vai ajudá-lo no julgamento iminente de sua inelegibilidade no Tribunal Superior Eleitoral.

 Bolsonaro já foi rifado pelas elites econômicas, que não perdoaram sua  incompetência,  principalmente quando ela acabou permitindo a volta de Lula e do PT.

 O país testemunha a caminhada da extrema-direita, fora do poder, em direção a ações mais radicais e que só lhe renderão ainda mais isolamento político.

  Como no 8 de janeiro, vai depender do governo providenciar a resposta adequada nas instâncias necessárias para atender as expectativas da sociedade. Neste caso, o destino do bolsonarismo será perda de respaldo e penas ainda mais duras em direção a um ostracismo, que pode ser até mais rápido.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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