Oposição ontem e hoje

Vivemos no Brasil hoje o que chamarei de embate violento entre oposição e situação.

Por isso, é necessário definirmos os papeis e pano de fundo das oposições.

Mesmo fora da área partidária todos temos o dever de consciência de sermos políticos no sentido de nosso interesse pelo Brasil no que tange ao seu desenvolvimento com distribuição de renda, justiça social, afirmação dos direitos sociais e na desconstrução das concentrações de renda e de riquezas.

A conjuntura exige que entendamos o papel da oposição que ai se move.

Durante a ditadura, os governos de Collor e de Fernando Henrique Cardoso o Brasil conheceu outro tipo de oposição. Sua natureza era essencialmente diferente da que está aí.

Da ditadura até FHC a oposição denunciava os grupos que ocupavam o poder, mas buscava chegar a ele com projetos de soberania nacional eloquente, por isso denunciava o entreguismo e submissão dos governos daqueles regimes aos interesses hegemonizados pelos Estados Unidos.

A linha central daquela oposição era a democracia com a proposta de forte participação popular e dos movimentos sociais, notadamente dos sindicatos dos trabalhadores dos campos e das cidades.

Buscava-se desenvolver o Brasil com todos e para todos. Durante a ditadura milhares entregaram as vidas por esse projeto. Durante os desgovernos de FHC muitos perderam empregos e se perderam porque o Brasil quebrou nas mãos do mercado, dos bancos e das multinacionais como o seu FMI, com agruras desesperadoras para o povo. O desemprego, o analfabetismo, a miséria, a pobreza, as doenças, a corrupção etc passaram a ser os fantasmas a aterrorizar o povo brasileiro.

Quando o povo elegeu Lula mudaram a oposição e seus agentes. Os que lutavam antes chegaram ao poder para implementar as propostas pelas quais lutaram. Muitos avanços o Brasil experimentou e gostou.

A situação de antes virou oposição. Mas é preciso delimitar as diferenças de raízes gigantescas.

Enquanto os grupos que chegaram ao poder procediam das comunidades religiosas de base, tanto católicas romanas quanto evangélicas e umbandistas, estudantes universitários, classe trabalhadora, socialistas e comunistas formavam o núcleo da antiga oposição que chegou ao poder, a atual oposição se enraíza na ditadura golpista, nos neoliberais que quebraram o País, das máfias do mercado e até do trafego de drogas.

A atual oposição forma no Congresso Nacional as bancadas rurais, da bala, da bola, da mídia, da homofobia, evangélica e católica, todas desembocando no mesmo estuário: no neoliberalismo de direita, conservador e golpista de tez acentuadamente corrupto, concentrador de renda e de riquezas. A recente campanha eleitoral de 2014 ainda ressoa com clareza quando a linha programática do golpismo e safadezas da oposição era explícita, aparecendo, inclusive, na biografia pessoal e no machismo de seu principal candidato a Presidente.

A atual oposição é historicamente antidemocrática, antipatriótica e anti soberania nacional.

O discurso desta oposição aí é inteiramente moralista, por isso falso e oportunista. Quando prega apuração da corrupção na Petrobras e em estatais não é porque ame a coisa pública e os bens do povo, mas porque quer privatizar tudo e, voltando ao poder, tirar vantagens e massacrar os direitos trabalhistas e conquistas até aqui construídas. De preferência, entregar tudo a multinacionais estadunidenses e europeias, tirando vantagens com propinas e comissões gordas nas vendas de estatais.

A oposição que aí faz barulho não tem base social, nacional nem popular. Nem defende os interesses do povo e do Brasil.