Os alertas de José Dirceu e as eleições de 2026
Nas entrelinhas, Dirceu chama a atenção do PT para que finalmente trate como prioridade política as eleições para a Câmara dos Deputados e o Senado da República
Faço votos de que gere debate e sensibilize militantes e dirigentes do PT a fala do ex-ministro José Dirceu que circula nas redes, na qual ele diz ser quase um milagre que Lula esteja conseguindo governar com um Congresso tão hostil, em uma conjuntura contrarrevolucionária, marcada pela força do conservadorismo e da extrema -direita no Brasil, na América Latina e no mundo.
Para Dirceu, um dos melhores quadro da esquerda brasileira, é preciso projetar um governo de 12 anos, para completar as reformas populares e democráticas necessárias para que o país mude efetivamente de patamar. Mas antes é preciso sobreviver neste governo Lula, hoje fortemente pressionado para aceitar uma saída liberal.
Ele aponta como decisiva e estratégica a eleição de um "Congresso menos pior" do que o atual em 2026. Nas entrelinhas, Dirceu chama a atenção do PT para que finalmente trate como prioridade política as eleições para a Câmara dos Deputados e o Senado da República.
É preciso reconhecer que algum esforço o PT tem feito para aumentar o tamanho de suas bancadas, tais como pautar a questão no Grupo de Trabalho Eleitoral (instância criada pelo partido para implementar suas táticas e estratégias eleitorais), a exposição de lideranças partidárias durante as campanhas enfatizando a importância do voto para o parlamento e o uso de um percentual crescente do fundo eleitoral para financiar as candidaturas proporcionais, embora em montante ainda insuficiente para arcar com os gastos de campanha da grande maioria dos candidatos.
Contudo, a realidade impõe a necessidade de se fazer mais, afinal são inúmeras as adversidades, que vão do modelo eleitoral, que privilegia candidatos, e não partidos, ao antipetismo que ainda grassa em consideráveis segmentos da sociedade, passando pela atuação conservadora e enraizada das igrejas neopentecostais nos bairros populares e pelo terror imposto pelo crime organizado em vastas áreas do país.
O cenário é, portanto, desafiador para o PT e demais forças progressistas.
Não se trata de desdenhar da importância das eleições municipais que se aproximam, mas sem mudar a composição da Câmara, principalmente, e do Senado as obras dos governos com compromissos populares no Brasil serão sempre inacabadas e limitadas, como acontece hoje.
Assim que os vereadores e prefeitos forem eleitos, seria muito bem-vinda a aceleração da preparação para 2026. A busca por palanques fortes para Lula já começou. Urge cuidar das chapas para o Legislativo.
Entre tantos pontos que envolvem uma discussão de tamanha complexidade, pensei em algumas sugestões:
1) Por que não tentar convencer figuras públicas do partido que obtiveram sucesso eleitoral em pleitos anteriores a concorrerem a deputado federal? Nomes como Tarso Genro, Olívio Dutra, Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante, só par citar alguns, agregariam uma quantidade expressiva de votos à legenda. Ao que tudo indica, Dirceu será candidato à Câmara dos Deputados, o que é uma ótima notícia.
2) O PT podia investir politicamente na atração de artistas com apelo popular, prestígio e que simpatizam com partido, para que se candidatem.
3) Lideranças da sociedade ligadas aos movimentos sociais, de mulheres, negros, LGBTQIA+, bem como intelectuais e profissionais liberais de perfil progressista poderiam fortalecer a nominata não só do PT, mas também dos demais partidos de esquerda.
Não há tempo a perder: 2026 é logo ali.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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