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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Palestina revigora luta política ideológica global do trabalho contra capital na exploração colonial

Somente a resistência pelas armas pode enfrentar o capitalismo colonial e impor-lhe limites na exploração do trabalho pelo capital

Ataque israelense em Rafah (Foto: Reuters/Ibraheem Abu Mustafa)

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Os trabalhadores de todo o mundo estão assistindo, escandalizados, de forma pedagógica, que somente a resistência pelas armas pode enfrentar o capitalismo colonial e impor-lhe limites na exploração do trabalho pelo capital.

A história está comprovando ao vivo e a cores que o massacre colonial não passa de luta do poder encarnado na propriedade contra os que não dispõem dela, mas por ela lutam sem jamais renunciar aos seus direitos.

Israel, com apoio do imperialismo americano, está fazendo contra os palestinos na faixa de Gaza o que os colonizadores europeus fizeram durante conquistas expansionistas na América durante colonização: tomaram terras dos índios, das populações originárias em geral, matando-as e escravizando-as, para promover a acumulação capitalista primitiva que produziu a industrialização europeia.

É o que descrevem os historiadores em geral, diante dos fatos acumulados pela história, que continua sangrenta, agora, no Oriente Médio, em que Israel, armado com poderoso exército, financiado pelos Estados Unidos, avança sobre as terras dos palestinos, para construir o Estado israelense, sem obedecer a fronteiras nem aceitar resoluções fixadas pelos povos por intermédio da ONU.

A barbárie sionista judaica avança sobre os muçulmanos tal como aconteceu na antiguidade e como se realizou na expansão dos impérios europeus depois da Idade Média, para construir a Idade Moderna, com instalação do modo de produção capitalista mediante exploração do trabalho assalariado.

Luta de classe em ação - O que se vê, agora, é variação pura e simples da luta de classe dos trabalhadores contra o capital explorador pelo modelo liberal mais agressivo em forma de neoliberalismo, em que os explorados são obrigados a se submeterem aos ajustes fiscais e monetários impostos pelas potências centrais por meio dos seus bancos centrais.

É desse modo, sem tirar nem pôr, como está se vendo, por exemplo, na Argentina, em que o governo de Javier Milei destaca, cinicamente, que, diante de um Congresso, regido por legislação que tenta inutilmente equilibrar poderes entre capital e trabalho, ser necessário governar por decreto, tal a impossibilidade de conciliação ideológica no ambiente neoliberal para permitir a acumulação sem freios de capital.

A burguesia financeira, ontem, sexta-feira, reuniu-se com sua base política no Congresso argentino, para aplaudir o presidente neofascista na sua cruzada contra os direitos trabalhistas.

Milei, na abertura dos trabalhos legislativos, iniciou temporada de caça contra os assalariados, os pensionistas e todos os trabalhadores socialmente excluídos do processo de sobre acumulação de capital, sem leis, para tentar consertar a Argentina que, segundo ele, não tem jeito sob o Peronismo, hoje, encarnado em Cristina Kirchner.

Em grau infinitamente maior e mais brutal, o mesmo está fazendo o carniceiro primeiro-ministro israelense Benjamim Netanyahu ao mobilizar o poderoso exército de Israel para tomar propriedade dos palestinos e aniquilar etnicamente a população paupérrima da Palestina, descolando-a, à força das armas, de suas terras.

Repete o mesmo que os colonizadores europeus fizeram a partir do século 14 na América do Sul, do Centro e do Norte.

Construíram a base material da riqueza europeia por meio da pirataria, do roubo e da colonização escravocrata, trazendo da África a mão de obra africana para se juntar à mão de obra indígena, a fim de impor a ordem colonial e todas as suas formas de exploração, ancoradas em leis ditadas pelos impérios etc.

Antídoto à barbárie - O modo de conquista bárbara seguida por Netanyahu e seu poderoso exército, bancado por Washington, na escalada imperial armamentista de Tio Sam, em nome dos valores ocidentais, produz o seu antídoto, nesse momento, em escala universal: unificação das vozes contrárias ao genocídio e ao novo holocausto na Palestina.

Contribui para o avanço dessa consciência política universal os próprios estragos sociais produzidos pela barbárie, que tem, modernamente, como sustentáculo o modelo neoliberal de continuidade da exploração dos mais pobres pelos mais ricos.

A voz internacional pró-Palestina se espraia como fogo no mato seco tocado pelos ventos da indignação política universal, como se verificou essa semana, na América Latina, durante reuniões do Caricon e da Celac, incendiadas pelos discursos dos presidentes dos países latino-americanos.

A unificação do discurso universal tem por motivo a exploração colonial sem freio do império americano na tarefa de financiar Israel para continuidade da expansão imperialista que se desmoraliza cada vez como proposta desacreditada do unilateralismo americano barrado, agora, pelo avanço do multilateralismo.

Este tende a unificar e favorecer os explorados pelo capital, a partir do despertar da consciência universal, exalada, com força irresistível, na luta dos palestinos contra o sionismo nazista israelense.

O unilateralismo, que colocou o primeiro mundo – o norte global – em sinuca de bico, dado o fracasso das sanções econômicas baixadas contra a Rússia pelos Estados Unidos, apoiados pelos seus aliados europeus, enfrenta retumbante derrota geopolítica.

Não lograram os imperialistas do Ocidente, puxados por Washington, na guerra por procuração que implementou na Ucrania para tentar mudar regime nacionalista na Rússia.

O resultado desse fracasso, que retumba, em escala global, foi tiro no pé do império americano.

No conflito entre potências, a Rússia, poder militar e nuclear imbatível, aliou-se à China, poder comercial, igualmente, invencível, nas atuais circunstâncias históricas, para derrubar a base fundamental da força imperial: o dólar.

União latino-americana à vista - No ritmo do massacre palestino, os países latino-americanos, vítimas eternas do padrasto norte-americano, submetidos à legislação imperialista fixada pela Doutrina Monroe, desde 1823, somam-se entre si à nova estratégia geopolítica, encarnada nos BRICS, para resistir à colonização financeira do dólar, quanto mais o capital imperialista avança na expansão armamentista guerreira.

Lula pontificou, na Guiana, mais uma vez, contra o que considera absurdo dos gastos militares dos Estados Unidos, na casa dos 2 trilhões de dólares/ano, enquanto cresce a fome no mundo por falta de trabalho, de um lado, e pela sobre acumulação de capital, por outro.

O genocídio israelense, contra o qual os povos ricos não reagem, buscando esconder dele por meio de mídia conservadora, como a Globo, virou ponto de aglutinação das consciências políticas avançadas na America Latina, ao longo da semana, durante reunião do Caricon e da Celac, nas quais o presidente brasileiro despontou por ter se transformado em alvo central do sionismo nazista.

ONU se socorre na América Latina - É dessa forma, portanto, que se vê a nova ação política global da diplomacia brasileira, que atraiu à América do Sul o presidente da ONU, Antônio Guterrez, como alternativa para se fortalecer, visto que não está obtendo apoio dos povos ricos, unidos – não se sabe até quando – para sustentar o genocídio sionista colonialista.

Essa unidade trincada do primeiro mundo, abalado economicamente depois da guerra na Ucrânia -e mais agora frente ao genocídio palestino –, motiva, por sua vez, novo pólo político global, na América do Sul, para onde o titular da ONU se desloca.

Afinal, a ONU perde força como aglutinadora das nações unidas, boicotada pela força do império americano, predisposto a vetar resoluções consensuais fim de continuar favorecendo o nazifascismo sionista colonizador na Palestina.

Nesse cenário, no qual Lula, na Guiana, apelou, junto com os presidentes latino-americanos, pelo cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, cria-se novo fato político internacional para fortalecer a luta dos trabalhadores contra o capitalismo financeiro-militar, que não consegue romper suas contradições que se aprofundam quanto mais se alia à barbárie sionista.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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