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    Paulo Moreira Leite

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    Para Bolsonaro, Moraes pode ter sido aperitivo para ataque a Barroso

    "Além de garantir maior presença nas manchetes, próxima denúncia contra um ministro do STF coloca Bolsonaro diante de seu inimigo predileto no Judiciário", escreve o jornalista Paulo Moreira Leite

    (Foto: ABR)

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    Por Paulo Moreira Leite

    Na sexta-feira, ao apresentar um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre Moraes, do STF, Bolsonaro permitiu que o país saboreasse uma cena próxima do ridículo  de um presidente cada vez mais impopular e pouco confiável. 

    "O instituto do impeachment não pode ser banalizado, não pode ser mal usado, até porque representa algo muito grave", declarou didaticamente o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado e legalmente encarregado de arquivar ou dar sequência ao pedido de Bolsonaro. 

    Apesar da linguagem suave, e do conhecido espírito conciliador, Pacheco nem se deu ao trabalho de disfarçar o constrangimento antes de consumar a recusa.

    "Mais do que um movimento político, há um critério jurídico, há uma lei de 1950 que disciplina o impeachment no Brasil, que tem um rol muito taxativo de situações em que pode haver impeachment de ministro do Supremo", deixando claro que não havia outra decisão a tomar. 

    Já foi anunciada, para os próximos dias, a segunda investida de Bolsonaro contra o STF - desta vez, contra Luís Barroso. Embora tenha sido informado, inicialmente, que Bolsonaro iria apresentar as duas denúncias num único dia, na última hora o Planalto avisou que  decidiu promover ataques em separado. 

    É fácil entender a vantagem da nova situação. Primeiro, permite a Bolsonaro manter-se por mais tempo nos jornais - em posição de confronto diante do Judiciário, instituição que se mostra unida contra os abusos de seu governo.

    Além disso, de uns tempos para cá, Bolsonaro transformou Luís Roberto Barroso numa espécie de inimigo predileto, contra quem poderá fazer disparos de maior calibre, em seu reconhecido esforço para enfraquecer instrumentos próprios do Estado Democrático de Direito. 

    Ele já admitiu que possui uma "briga pessoal" com o ministro.

    Também disse que Barroso "presta um desserviço à nação brasileira". 

    Para completar, fez insinuações pesadas, que remetem ao favorito nas eleições presidenciais do ano que vem: "sabemos o quanto ele deve ao senhor Luiz Inácio Lula da Silva". 

    Para quem faz questão de cultivar um ambiente de disputa e ruptura, Barroso pode ser um adversário ideal de Bolsonaro, hoje uma unanimidade negativa aos olhos dos brasileiros e brasileiras, como mostra a última pesquisa XP/Ipespe:

    • 54% têm uma avaliação negativa de seu governo 
    • 61% disseram que de jeito nenhum votariam em Jair Bolsonaro em 2022. 

    Alguma dúvida?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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