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    Onã Rudá

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    Passados 45 anos de Stonewall, o grito por liberdade e diretos civis para comunidade LGBT ainda ecoa

    A comunidade LGBT precisa de posicionamentos firmes e concretos, que os façam olhar para um futuro sem preconceitos

    A comunidade LGBT precisa de posicionamentos firmes e concretos, que os façam olhar para um futuro sem preconceitos (Foto: Onã Rudá)

    Em junho de 1969, um grupo de gays, lésbicas, travestis, transexuais e bissexuais entrou em confronto com a polícia de Nova York durante seis dias seguidos. O evento aconteceu em um bar chamado Stonewall.

    Cansados de sucessivas batidas, agressões físicas e humilhações por parte de populares que assistiam as reiteradas ações policiais, os frequentadores do bar, em sua grande maioria LGBT, saíram em defesa dos seus direitos e esse foi um contundente grito de liberdade que ficou conhecido como a "Revolta de Stonewall". A partir daí surgiram diversos movimentos organizados em todo o mundo.

    No Brasil, esse grito veio a ser dado mais tarde com a passeata contra o delegado Wilson Richetti que fazia arrastões em bares de público LGBT e sempre prendia travestis e prostitutas. A campanha nacional foi coordenada pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) entre 1981 e 1985, e lutava pela despatologização da comunidade entre outras bandeiras em prol da igualdade.

    No Brasil de 2014 que conquistou muitas vitórias sociais, esse grito dado há 45 anos ainda ecoa cada vez mais agonizante, uma vez que direitos básicos ainda são negados a essa comunidade. O combate ao preconceito e aos crimes motivados por homofobia é tímido e às vezes inexistente diante da tão agressiva crescente desses crimes. Além da violência urbana que atinge toda a sociedade os LGBTs podem ser vítimas do crime do ódio investidos contra essa comunidade, a homofobia, que tem como principal alvo a juventude.

    No parlamento, vários deputados e senadores por meio de bancadas, se organizam com intuito de caçar, tolher, barrar e impedir todo e qualquer projeto que traga avanço para a comunidade LGBT. Essas ações são capitaneadas por grupos religiosos fundamentalistas, e até mesmo por setores reacionários, defensores ferrenhos da ditadura militar.

    O atual momento das eleições precisa ser assistido e observado como perspectiva de futuro para as minorias estigmatizadas e que têm os direitos individuais restringidos ou relativizados. Estes direitos não podem servir como cartas nas mangas para política de trocas e ideias sazonais que mudam ao desagrado de um ou outro indivíduo, ao contrário precisam ser garantidos a todos e qualquer cidadão.

    Com a permanente omissão do parlamento, o poder judiciário tem até certo ponto garantido justiça concedendo por analogia alguns direitos à comunidade LGBT. No entanto, é cada vez mais comum algum juiz questionar a interpretação feita pelo STF acerca da Constituição, no que concerne aos direitos da comunidade LGBT. Além disso, são recorrentes as vezes que muitos magistrados e cartórios se recusam a receber, não só pedidos de conversão de união civil estável em casamento, como por vezes, se negam a reconhecer a própria união estável.

    Essas ações provam que somente com respaldo na lei, os direitos serão plenamente garantidos, e é obrigação do poder legislativo garantir essa proteção.

    A comunidade LGBT precisa de posicionamentos firmes e concretos, que os façam olhar para um futuro sem preconceitos. Isto, com base numa gestão de visibilidade sobre diversidade de gênero e sexualidade, respeitando a liberdade religiosa, mas impedindo que o uso da religião seja um contraponto aos direitos do grupo de LGBT's.

    Do contrário, notícias sobre mortes horrendas, assassinatos acompanhados por bilhetes se referindo a essa comunidade como uma "praga", se tornarão cada vez mais comuns. Enquanto isso, cada vez que direitos forem tolhidos e vidas ceifadas pelo preconceito, repetiremos o grito dado em Stonewall, assim como tantos outros.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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