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    Alex Solnik

    Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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    Pelo telefone

    "Os governos de São Paulo, municipal e estadual estão medindo o nível de adesão ao confinamento social por meio do telefone celular. É óbvio que esse critério leva a inúmeras distorções", alerta Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

    (Foto: Reuters)

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    Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

    Os governos de São Paulo, municipal e estadual estão medindo o nível de adesão ao confinamento social por meio do telefone celular.

    As operadoras fornecem às autoridades estatísticas diárias de quantos aparelhos se deslocam a mais de 200 metros de suas residências para definir se os cidadãos obedecem ao mantra “fique em casa”.

    É óbvio que esse critério leva a inúmeras distorções.

    Por exemplo: se eu resolvo dar uma volta de carro pela cidade, sozinho, sem sair dele em nenhum momento, e depois volto para casa, eu me afasto de casa, mas não vejo de que modo posso estar contribuindo para o aumento do número de infectados ou mortos se não tenho contato com ninguém nem ando na calçada.

    De qualquer modo, entro na estatística dos telefones e posso ser acusado de infringir as determinações das autoridades se estiver portando meu celular.

    Por outro lado, se faço a mesma viagem, mas deixo meu celular em casa, a minha operadora vai informar que sou um cidadão obediente.

    O que a OMS proíbe é a aglomeração, preconiza o distanciamento social e o telefone não é capaz de captar essa situação, diz apenas que eu me desloquei.

    O celular também não informa se eu me desloco protegido por máscara ou não.

    Outra distorção: se eu, de novo de carro, me desloco um quilômetro para ir ao supermercado vou constar como desobediente, mas não estou fazendo nada mais que cumprir a lei, vou me abastecer de comida.

    Apesar dessas distorções, o dr. Davi Uip, que faz parte do gabinete de crise do governo do estado afirmou, ontem, que o número de mortos aumentou de 188 para 540, entre os dias 2 e 9 de abril porque a obediência à quarentena caiu de 55% para 47%. E que com 70% de adesão a epidemia será controlada.

    Se os paulistas fizerem seus deslocamentos deixando o celular em casa, a meta será alcançada.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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