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    Jailton Andrade

    Jailton Andrade é advogado, músico, dirigente sindical e do movimento negro e criador do Debate Petroleiro

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    PETROS e o petroleiro aposentado de direitos

    A Petrobras que reconciliou com acionistas americanos precisa enxergar os velhinhos

    Petrobras (Foto: Reprodução)

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    Pela terceira vez aposentados e pensionistas de todo o país foram ao Rio de Janeiro bater na porta da Petrobrás. Querem que a companhia resolva um problema que para eles é crucial: a sobrevivência, ameaçada pelo déficit nas contas do segundo maior fundo de pensão do país, a PETROS, que os obriga a devolver boa parte do que recebem de aposentadoria. 

    É o chamado equacionamento.Os mais de 130 mil participantes, dos quais 80 mil são assistidos, foram conformados com a promessa de que, após contribuírem com o desenvolvimento do país trabalhando para a Petrobras, teriam paz em suas aposentadorias. Pouco se sabia o que a gestão da PETROS faria com a arrecadação, pela própria hipossuficiência típica de trabalhador, mas entenderam o que seria “benefício definido” no ato de adesão ao plano. Hoje não existe qualquer definição do quanto irão receber efetivamente porque grande parte do que lhes foi prometido como “benefício definido” é devolvido no mesmo ato como “equacionamento”. 

    Na prática o dinheiro só entra no contracheque pra participar de uma conta de subtrair.Os argumentos da PETROS para o rombo é de que, dentre outras coisas: 1) os investimentos não trouxeram retorno satisfatório para o fundo. 2) A crise econômica a partir de 2014 impactaram negativamente nas contas.Agora vamos lá. Primeiro que os participantes da PETROS nunca decidiram quais investimentos deveriam ser feitos com as contribuições e, por isso, não deveriam ser penalizados pelas escolhas fracassadas de investimentos. 

    Se houve inabilidade nas escolhas que se busque os responsáveis. Ainda que se possa responsabilizar o contribuinte, que seja a Petrobras, a única parte capaz de antever o prejuízo e cujo capital é imune a equacionamentos.Por outro lado, se houve recessão econômica a partir de 2014 por causa da lava-jato, não foi da órbita de responsabilidade dos participantes da PETROS. Aliás, foi por causa da lava-jato que a Petrobras foi ao EUA oferecer 3 acordos bilionários pra reconciliar com “acionistas prejudicados”. 

    Mas com a PETROS não teve reconciliação.Na relação triangular entre PETROS, trabalhador e Petrobrás, era esta última, pela estrutura e capacidade, que deveria reorientar os investimentos ou indicar ações do fundo evitando que seus empregados fossem tragados ao esparro.

     Seria, no mínimo, um gesto humanitário, mas não. Como não é destinatário do benefício, ignorou o descaminho do patrimônio dos trabalhadores.Enquanto se vê a gestão da companhia e os acionistas gozarem do segundo maior lucro líquido da história, R$ 124,6 bilhões em 2023, nenhum centavo, nem honraria àqueles que também contribuíram com esse sucesso. 

    Nem se ligam que bilhões se escreve com “b” de benefício e com “i” de idoso.Ironicamente se discute com grande intensidade na imprensa o direito dos acionistas de receber um extra de R$ 43,9 bilhões em dividendos, valor maior do que o necessário para resolver o problema dos velhinhos.

     Mas o assunto dos aposentados só interessa à imprensa se for para minar a gestão do governo e da Petrobras.Se não for, esses manifestantes idosos, que fizeram e ainda fazer o L com as mãos enrugadas, continuarão ignorados pela imprensa e pela Petrobras, como foram neste último dia 13, e seguirão aposentados do seu direito de ter paz na última parte da sua vida.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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