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    Protegendo Érika...

    A operação, conforme vemos a cada nova revelação de diálogos tirados no grupo dos procuradores, foi leviana e criminosamente direcionada, quando deveria ter sido impessoal

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    Feito o desenho da Pixar, onde o peixe palhaço se perde do pai no vastíssimo oceano, abrindo a porteira para a aventura então contada, as conversas tiradas no grupo de aplicativo celular (Telegram) dos procuradores que conduziam o espetáculo medonho da operação lava jato, notadamente ao pontuarem a necessidade de protegerem a delegada Érika Marena (pelo falso ideológico confessado) seguem um roteiro muito similar, ainda que às avessas...

    Ao sair à procura de Nemo o peixe palhaço se expõe a todos os perigos e corre todos os riscos que a sua opção política (viver à sombra e na proteção do recife de corais) até então evitava; ao cometer falso ideológico na investigação mais politizada da história, a delegada Érika pensou não estar exposta a qualquer perigo, já que levava consigo um recife de corais próprio, consistente no alinhamento ideológico com os paladinos da moral impressa – e isso seria seguro, não fosse a voracidade comunicativa do grupo condutor da operação lava jato... 

    No oceano os perigos estão à espreita, na vida por aqui eles só apareceram quando o juiz político postulou na fantasia, sendo engolido pelo Messias (para quem me cobra nunca ter visto qualquer qualidade no miliciano eis aqui o cala boca: ele defenestrou moro, expondo seu então ministro da justiça à sanha das próprias injustiças) que, em um só movimento, retirou o ‘recife de coral’ do entorno do consórcio ilícito estabelecido pelos procuradores que atuaram na operação lava jato e assegurou o apoio do centrão – definitivamente Brasília não é para amadores.... 

    Assim, exposta à própria ilicitude, a operação judiciário/política (lava jato) ruiu – não sem antes quebrar o país na senda do que passou, por exemplo, com a Odebrecht, conforme se vê na fala risonha do jovem procurador neopentecostal... Restou ao pai de Nemo encontrar o filho, cumprindo o roteiro previamente anunciado, mas que sustentou nossa atenção na história que se desenvolvia na busca de um pai pelo filho. O que restará a Érika? Quem há de protegê-la do falso ideológico confessado nas conversas por aplicativo celular? Não conheço a delegada Marena senão dos roteiros já anuviados no caso do reitor Cancelier e de sua estúpida consequência, bem assim de sua proximidade com o grupo investigativo da operação – do juiz político em especial; tanto que este, quando protagonizou sua ligeira aventura política em Brasília, levou para seu novo velho grupo a sua delegada favorita... Mas creio que o oceano não lhe será leve.

    A operação, conforme vemos a cada nova revelação de diálogos tirados no grupo dos procuradores, foi leviana e criminosamente direcionada, quando deveria ter sido impessoal. Foi seletiva quando deveria ter sido aleatória; foi politizada quando deveria ter sido isenta; foi distópica quando não lhe cabia alterar realidades, moldando fatos e circunstâncias aos próprios interesses – o episódio do fundo bilionário que a juíza do copia e cola lhes patrocinou ilustra nossa fala... Isso tudo um dia iria cobrar um preço e o custo seria muito alto.

    Ao eleger o Partido dos Trabalhadores e Lula seus alvos prioritários (para não dizer exclusivos), os paladinos da moral impressa, que atendem aos interesses corporativos em geral e estadunidenses em particular, estabeleceram metas e desafiaram os limites do estado de direito, poluindo a operação até se perderem no oceano que navegavam, e já não havia qualquer recife a lhes proteger. Desnudado o bastidor da operação seus meandros ilícitos reverberaram e o ‘modus operandi’ então estabelecido se desligou do que seria uma prumada ética mínima, criando a maior ficção (i)legal de nossa era, em tudo e por tudo estampada nas primeiras páginas dos jornalões, narrada nos jornais televisados, comentada nos programas chapa branca (e global) das ondas do dial...  Isso tudo deixa rastros oceânicos e os perdigueiros do centrão são especialistas em identificar as fissuras institucionais.  

    ‘Distraídos venceremos’, disse Leminski (para quem diz que não vejo beleza em Curitiba eis aqui a resposta: Leminski é maior que a morte...); confiantes nos perdemos, pensam os procuradores hoje. Entrementes e meandrando nossa tragédia institucional, a delegada deixou um rastro fácil de seguir: Basta espelhar o alinhamento que constituiu o desenho do lawfare e, na outra ponta, constatar que ela, delegada Federal, estacionou sua valia, trilhando um utilitarismo funcional que, ultrapassada a própria miséria, tipifica a figura criminal da corrupção em combinação com o falso ideológico apontado, sem qualquer esforço dogmático. É por isso (também) que os trópicos seguem tristes e a noite continua dando mostras de que vencerá o dia...

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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