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    Raimundo Rodrigues Pereira

    Nascido em Exu, Pernambuco, a 19 de setembro de 1940, é formado em Física pela USP e Jornalista profissional desde 1965; foi editor nas revistas Veja e Realidade, da Editora Abril, foi editor-chefe dos semanários Opinião e Movimento de resistência ao regime militar e, mais recentemente, diretor da Editora Manifesto.

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    Provável fracasso de Bolsonaro nas eleições mostra que o povo não é bobo

    "Lula é menos bobo ainda. Ele ampliou a frente de combate ao bolsonarismo e incluiu, no campo partidário, até mesmo Geraldo Alckmim", escreve Raimundo Rodrigues

    (Foto: Isac Nóbrega/PR | Oruê Brasileiro/Mídia NINJA)

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    Por Raimundo Rodrigues Pereira

    É sexta feira, 30 de setembro, e estamos a dois dias do primeiro turno de eleições gerais no Brasil. No domingo, cada eleitor dará cinco votos. Três para cargos no nível legislativo: um para deputado na Câmara Federal de Brasília; outro, para deputado na assembleia legislativa do seu estado; e um terceiro para o Senado, a chamada Câmara Alta de Brasília. As duas outras votações serão a nível do executivo: uma para escolher o governador do Estado a que pertença; e a outra, para escolher o presidente da República. É nesta última que se concentram os maiores problemas com a opção de manter o atual, Jair Bolsonaro, ou definir um substituto, de uma lista na qual se destacam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo PT, que as últimas pesquisas de opinião publica indicam que sairá à frente de Bolsonaro no primeiro turno, ou da lista restante de mais de uma dezena de nomes, onde se destacam Ciro Gomes, pelo PDT e Simone Tebet, pelo MDB.

    O problema, portanto, não é a falta de opções: é a falta de confiança na apuração dos votos. Dois dias atrás, o Partido Liberal (PL), o partido do presidente, divulgou uma nota através de seu presidente, Capitão Augusto, entitulada “Resultado da Auditoria de Conformidade do PL no TSE”, na qual afirma que há um “quadro de atraso” no Tribunal Superior Eleitoral em relação a “medidas de segurança na informação”, o que geraria “vulnerabilidades relevantes”. O TSE rebateu essas acusações de forma agressiva: “o resultado da auditoria de conformidade do PL no TSE são falsas e mentirosas, sem nenhum amparo na realidade, reunindo informações fraudulentas e atentatórias ao Estado Democrático de Direito e ao Poder Judiciário, em especial, à Justiça Eleitoral, em clara tentativa de embaraçar e tumultuar o curso natural do processo eleitoral”. O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, determinou a remessa do documento do PL ao Supremo Tribunal Federal, onde tramita o chamado inquérito das fake news. Moraes também recebeu o presidente do PL, Valdemar Costa Neto e o conduziu pelas instalações do tribunal para visitar inclusive a sala onde é feita a totalização dos votos, chamada de “sala secreta por Bolsonaro. Costa Neto admitiu ao sair que não há nada secreto no local.  

    A ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal,  também esteve com Moraes e declarou: “A Justiça Eleitoral é um dos patrimônios do povo brasileiro “e a urna eletrônica é o melhor exemplo da obra coletiva dos que sucessivamente, há décadas, se dedicam no TSE ao fortalecimento da democracia, proporcionando um sistema eleitoral confiável, seguro e auditável, a servir de modelo para todos”. 

    O problema, deve-se repetir, não está na base, mas na cúpula. Nesta sexta 30 de setembro a Folha de S. Paulo informou que a idéia de contratar uma empresa de auditoria para investigar o TSE foi do presidente Bolsonaro. Na sua “cruzada” contra o sistema público, o partido do presidente, o PL, contratou a empresa IVL, Instituto Voto Legal, por 225 mil reais e o governo abriu portas para reuniões desses investigadores privados com os órgãos federais responsáveis pelo trabalho técnico do próprio TSE que eles pretendiam desqualificar.

    Mas o provável fracasso de Bolsonaro nas eleições tem duas outras grandes causas. Uma, o povo não é bobo: o auxílio Brasil de 600 reais mensais foi visto por parte dos pobres como uma tentativa inconfessável de comprar o voto deles como pode testemunhar este reporterr em filas diante da Caixa Econômica Federal no Rio de Janeiro à espera do atendimento para confirmar o benefício. A segunda, Lula é menos bobo ainda. Ele ampliou a frente de combate ao bolsonarismo, à classe operária da qual ainda é um grande líder, aos movimentos de classe média e dos trabalhadores rurais, incluiu, no campo partidário, até mesmo Geraldo Alckmim do PSDB. E, deve-se destacar, para incluir na luta política e atacar alguns dos piores abusos do bolsonarismo, a campanha  de Lula abriu espaço para os movimentos antiracistas, das feministas e dos transgêneros.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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