Qual a dimensão do estado de direito?
Teria lugar aqui um power point onde a figura central seria a vossa, ladeada por aquele sujeito que aparece na vaza jato em polo de conflito com a prometida proteção criptográfica de ponta a ponta, lhe aconselhando como e de que forma fazer vosso serviço (para o próprio ‘grilo falante’ julgar depois – percebes a ignomínia?)
Leio, n’algum sítio da rede mundial, que o procurador chefe dos lavajatistas (delta, para os íntimos) teria dito em ‘live’ tirada ainda agorinha, ‘não ter tido a correta dimensão das ações pugnadas em desfavor de Lula’...
E daí procurador? Dimensionar Lula corretamente significaria fazer as coisas diferentes hoje? E a prosa de que a lei é para todos? Cede a dimensão das pessoas? Conversa fiada!
O mea culpa é evidente na medida em que o procurador não falava da dimensão dos processos de Lula em face do sujeito do processo (Lula) e sim de si próprio – afinal, fosse séria, dogmática, impessoal e, principalmente, honesta a investida contra Lula, não haveria qualquer reparo de conduta. Tampouco teria a defesa de Lula, por exemplo, esgrimido o law fare mais evidente da história, ou a imensa e esmagadora maioria dos juristas de responsa por aqui convergiriam (concordes) na quebra de isenção/interesse político de moro para julgar Lula...
O procurador colhe o que plantou no solo estéril de sua criação desastrosa, tramada e urdida na lavajato enquanto fruto esquálido de suas opções e pretensões políticas…
Daí o peso da história cobrando a substituição de provas por convicções; a custódia dos fatos concretos sucateados em hipóteses de probabilidades; a substituição da esgrima de conhecimento por power point; a negação do dever de distância e de impessoalidade pela combinação espúria e ilícita maquiada por criptografia de ponta a ponta em aplicativo celular, com a participação do próprio juiz da causa…
Onde é que isso tudo poderia desaguar? Em qual república isso prosperaria?
Ontem assistindo Pantera Negra pela terceira vez (pandemia, teu encanto é meu desencanto), imaginamos que nem no Congo – que tanto amamos, mas é sempre tão desvalorizado pelo natimorto modelo neoliberal enquanto país africano, terceiro mundista e factível apenas de se explorar, não de se desenvolver, conquanto tanto gosta o modelo neopentecostal do procurador…
Tudo isso ainda é de ser levado à enésima potência se o réu for Lula…
Sim, Lula tem um tamanho (político/cidadão/carismático) que, com o passamento de Fidel, ninguém mais possui em latino américa hoje em dia. Nem o Maestro Pepe Mujica…
Parece que apenas três pessoas no mundo desconhecem essa realidade – Ciro, o breve; fhc, o omisso e o próprio delta, o criptográfico…
Tornando à fala de delta e a seu mea culpa, sobreleva-se o imbricamento que o tear da história cerziu: após servir de catapulta para a ascensão deste governo odioso e fascista que nos incomoda a todos e afasta qualquer hipótese racional de convívio, dada sua absoluta ignomínia em desfavor das minorias, hoje a lava jato perde a esgrima com o governo…
Ainda assim lembramos: Procurador, não lhe veste bem a roupa de vítima do messias e de seus seguidores...
Seriam outras vossas vestes – talvez a de quem não teve decência suficiente (sequer um ceitil) no trato com Lula, ainda que se vendesse como se a própria Thémis fosse, com tom professoral que vendeu muito jornal para os marinho e nenhum dogma jurídico para a operação que preside até então.
Noves fora, não teve cuidado com o trato público que sua função pública reclama, notadamente porque sempre se imaginou acima da linha da lei (aha, uhu, o fachin é nosso)...
Os pecados, procurador, não abandonam o ninho quando a mãe voa. Não será vossa queda, então, a sobrelevar vossa atuação política, uma vez que agistes por interesse e em absoluto descompasso com o direito, com a democracia, à testa da operação…
Estás prestes a cair justamente porque o estado de direito não baila com a política, senão quando ambos têm interesse comum – o que parece ter deixado de ser o caso...
Teria lugar aqui um power point onde a figura central seria a vossa, ladeada por aquele sujeito que aparece na vaza jato em polo de conflito com a prometida proteção criptográfica de ponta a ponta, lhe aconselhando como e de que forma fazer vosso serviço (para o próprio ‘grilo falante’ julgar depois – percebes a ignomínia?). Sobre ambos, a cifra bilionária que o Supremo em bom tempo impediu aportar para a lava jato. Precisa desenhar?
Procurador, só uma lembrança: os pedalinhos, a reforma na cozinha, o tal apartamento do Guarujá, bem assim qualquer maledicência maior que vossa prodigiosa imaginação neopentecostal possa parir, somados, corrigidos e exacerbados, não alcançam a fração inteira mínima do valor bilionário que vossa atuação temerária (para lhe ser cortês) conseguiu para a lavajato, à custa da fama de ser um dos verdugos de Lula – bem observada a atuação pontual do Supremo no ponto em destaque, pelo Ministro Alexandre de Moraes.
Para constar e encerrar, destacamos o fato de que vosso lugar na história está muito bem definido. A estrada já percorrida ruma pari passu a observação de vosso ministro favorito (ambos muito bem vestidos), desanuviando no limbo dos que fizeram por merecer a colheita…
Ela lhe será amarga, procurador.
Tristes e politizados (em malam partem) trópicos. Seguem fazendo muita falta Cícero, Elis Regina, Tim Maia, Morais Moreira, Aldir Blanc, Linda Lovelace, Charles Chaplin, Luther King, meu amado Pai e cada um que caiu pela espada, lutando pela democracia...
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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