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Camilo Irineu Quartarollo

Autor de nove livros, químico, professor de química, com formação parcial em teologia e filosofia.

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Quanto vale uma árvore?

"Cortam e queimam hoje, e o custo ambiental e – o que mais lhes interessa – o econômico, já impactam", escreve Camilo Irineu Quartarollo

Incêndio no Pantanal (Foto: Joédson Alves / Agência Brasil)

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A ministra do meio ambiente Marina Silva declarou o luto: os estudos que apontam a perda do Pantanal, irreversivelmente. A Caixa d’água do Brasil! O Pantanal mato-grossense se estende pela Bolívia e Paraguai.

“Não temos o plano B” – ficou evidente nas lágrimas da senadora Leila, ex-atleta do basquete, e muito focada no seu mister. A bela senadora mostrou uma elegância pouco vista no Congresso tão desacreditado. Queimam santuários ecológicos, derrubam os polinizadores em pleno voo. Secaram os nossos rios outrora caudalosos pelas más políticas, venenos, descasos, deboches, negacionismos e agora por incêndios criminosos. Não chove mais, o ar adensa, o nariz resseca, temos enxaquecas. 

Árvores são bombas d’água. Suas raízes trazem a umidade dos veios subterrâneos para cima, fazem alagar a terra e umidificam o ar produzindo chuvas. Nós, cidadãos de Piracicaba e sudeste, somos abençoados pelas chuvas da Amazônia, pela umidade que chamam poeticamente de “rios voadores”. A ciência comprova a origem de nossas chuvas, pois a mata atlântica fica num relevo abaixo de nossa região, a Amazônia nos é imprescindível. A fumaça nos chega, quando de lá adviriam chuvas. 

Árvores são curativas, benéficas inclusive espiritualmente. Não importa a religião, qualquer pessoa pode cultuar essa dádiva esplêndida. A palmeira, a sequoia, o sobreiro, a araucária são resistentes ao fogo, mas num país em que se desmatam extensas florestas e se fazem plantio de cultura única – de soja ou cana, é caminho aberto ao fogo espalhado na secura do clima e ventos. É sabido que a região do Pantanal está cercada de plantios de soja. Nas regiões de São Paulo a palha seca da cana alimentou as labaredas dos incendiários. Todavia, na agricultura familiar, não houve incidentes dessa monta, pois diversificada, multiculturas.

Em Piracicaba-SP, a administração trocou dezenas de árvores por um estacionamento no centro da cidade, na praça Antônio de Pádua Dutra. Arrancaram as árvores nativas como o Aldrago, Sabão de Soldado, Canelinha e no lugar delas, de nossas bombas d’água, botaram cimento, muito cimento, para pneus de carros quentes e, pasmem, umas covinhas para mudinhas crescerem daqui a... quem sabe 2050. Contudo, antes disso fomos lá, protestamos com os transeuntes solidários, mas fomos vencidos como vencem na Amazônia e sufocam a vida no planeta. 

Teme-se que as árvores originárias da principal praça da cidade, a  José Bonifácio, podem ser as próximas vítimas! E chamam isso de “revitalização”. A desculpa é de que se cortar, planta-se outra! Piracicaba tem somente 9% de vegetação nativa, seriam necessários 20% desta vegetação. Cortam e queimam hoje, o custo ambiental e – o que mais lhes interessa – o econômico, já impacta. Não se plantam árvores como colunatas de prédios, não basta uma grama verde ou coqueirinhos de replantio.

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