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Camilo Irineu Quartarollo

Autor de nove livros, químico, professor de química, com formação parcial em teologia e filosofia.

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Quebra de tabus

Educação sexual para crianças não ensina práticas lascivas, animal!

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Havia um silêncio tumular quando nasceu o bebê no convento da irmã Agnes. Ela achou que era obra do anjo – filme de 1985, Agnes de Deus. 

Antigamente no Brasil, muitas das nossas avós casavam-se antes da menstruação e sem saber porque vieram a sangrar. 

A educação sexual começou pela preocupação com as doenças venéreas, em 1901, com a criação da Sociedade para a Profilaxia Moral e Sanitária. Aterrorizavam-se os meninos com fotos, imagens horrendas das feridas, bolhas, vermelhidões causadas pelas pestilências da DST e retinham a libido deles, num mundo de culpa e medo, inibindo-os pelas coceiras, febres, corrimentos e feridas impalpáveis e doloridas com a pecha de sifilítico. 

Os primeiros manuais começaram a surgir no século passado, em separado para meninos e meninas, nesse viés de evitar doenças, principalmente o surto de sífilis. Nas cartilhas das meninas, omitiam-se as figuras da genitália masculina. Elas deviam aprender sobre a maternidade, educação de filhos trazidos pela “cegonha branca” ou caducarem num mosteiro de Agnes. A educação sexual para crianças fora deixada aos contos da carochinha, da Bela Adormecida, da Gata Borralheira, da Chapeuzinho Vermelho e de outros. Contos sobre meninas virgens, puríssimas e alvas ao homem certo, ao herói principesco esperado.

Atualmente temos livros como Pipo e Fifi, de Caroline Arcari. O segredo de Tartalina, das psicólogas Alessandra Rocha Santos Silva, de Sheila Maria Prado Soma e de Cristina Fukumori Watarai. Não me Toca seu Boboca, de Andrea Taubman. Contudo, muitos caíram na fake news da “mamadeira de piroca”. Educação sexual para crianças não ensina práticas lascivas, animal!

É preciso compreender o próprio corpo! Conhecer-se, não somente para evitar doenças, mas para ser pessoa. 

Com abordagens realistas, Marta Suplicy foi pioneira em abordar a sexualidade num tempo em que persistia o tabu dos quatrocentões. Fez parte de programas na Globo e Manchete com o tema “inconveniente”, foi atacada por setores moralistas e até difamada por suas melhores qualidades de guia num mundo obscuro. Contudo, lançou os livros Papai, Mamãe e eu: desenvolvimento da criança de zero a dez anos, De Mariazinha a Maria, Conversando sobre sexo, Sexo para adolescentes, Sexo Se aprende Na Escola, Condição da Mulher Amor, Paixão e Sexualidade. Manga com leite é saudável, casais hétero adotam e, inclusive, casais homoafetivos podem adotar, ou mesmo ter seus próprios filhos pelos avanços da genética. Entretanto, Importunação sexual é crime, seja de quem for. 

O Ministério da Saúde lançou neste ano a cartilha produzida em parceria com a UnB, abordando a autonomia da pessoa humana, Caminhos para a construção de uma educação sexual transformadora. Por certo, não somos somente corpos físicos, somos  pessoas.

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